Quem tem Starlink ainda acessa X no Brasil. Musk não bloqueará!

Nos últimos meses, o Brasil tem assistido a uma escalada nas tensões entre o bilionário Elon Musk e as autoridades brasileiras, especialmente em relação à rede social X (antigo Twitter). Nesse sentido, o ponto culminante dessa disputa foi a imposição de um bloqueio ao acesso da plataforma em território nacional, que a Starlink não aderiu.

Sendo assim, os usuários desse serviço de internet via satélite, também propriedade de Musk, continuam a acessar o X. Logo, como o bloqueio foi uma medida que o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), essa postura desafia diretamente as ordens do STF e coloca em xeque a autoridade regulatória no Brasil.

Então, iremos explorar o que é a Starlink e também entender o contexto do bloqueio do X no Brasil. Além disso, explicaremos as razões pelas quais quem tem esse serviço de internet ainda acessa a rede social, bem como discutiremos as possíveis consequências dessa postura.

O que é o Starlink?

A Starlink é um projeto ambicioso da SpaceX, empresa fundada por Elon Musk. Ela visa fornecer internet de alta velocidade em qualquer lugar do mundo através de uma constelação de satélites em órbita baixa.

Com lançamento oficial no ano de 2018, o projeto tem como objetivo principal conectar regiões remotas e mal servidas por infraestruturas de telecomunicações tradicionais. Desse modo, através de pequenos satélites que formam uma rede interligada, a Starlink oferece cobertura global. Assim, garante que seus usuários possam acessar a internet em locais onde as redes convencionais não chegam.

No Brasil, a Starlink tem ganhado destaque, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde a infraestrutura de telecomunicações é limitada. Com um crescimento rápido e uma adesão significativa, a empresa se consolidou como a maior fornecedora de internet via satélite no país em 2024, atendendo a mais de 200 mil clientes. 

Entre seus usuários, destacam-se as Forças Armadas, que utilizam o serviço para operações em áreas remotas. Portanto, o diferencial da Starlink é a sua capacidade de oferecer uma conexão de alta velocidade, estável e acessível, mesmo em lugares onde a internet convencional não tem alcance. Isso a torna uma opção atraente para quem vive em áreas rurais ou isoladas.

O objetivo do projeto Starlink é proporcionar internet de qualidade para pessoas que estão em locais onde os provedores tradicionais não conseguem fazer isso.
O objetivo do projeto Starlink é proporcionar internet de qualidade para pessoas que estão em locais onde os provedores tradicionais não conseguem fazer isso. | Foto: DALL-E 3

Entenda o bloqueio do X no Brasil

O bloqueio do X no Brasil é o resultado de uma longa e conturbada disputa entre Elon Musk e Alexandre de Moraes, ministro do STF. Essa tensão começou em abril de 2024, quando Moraes ordenou que a rede social X removesse determinados conteúdos e bloqueasse perfis.

Segundo ele, esses usuários estavam disseminando informações falsas e prejudiciais. Por outro lado, Musk defendeu que tais ordens feriam a liberdade de expressão, princípio que ele considera fundamental para o funcionamento da sua plataforma.

A situação se agravou quando, em junho do mesmo ano, o X foi obrigado a remover postagens que acusavam o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, de crimes graves. Musk considerou essa imposição um ataque direto à liberdade de expressão e um abuso de poder por parte das autoridades brasileiras.

Sendo assim, como resposta, o bilionário decidiu fechar o escritório do X no Brasil, alegando que precisava proteger sua equipe de ameaças legais. Após o fechamento do escritório, o STF exigiu que o X nomeasse um representante legal no país, algo que Musk não fez dentro do prazo estipulado, que se esgotou às 20h07 do dia 29 de agosto.

Então, a falta de um representante legal levou Alexandre de Moraes a determinar o bloqueio do X no Brasil, delegando à Anatel a responsabilidade de notificar os provedores sobre essa ordem e fiscalizar seu cumprimento. Dessa forma, eles passaram a bloquear o acesso à rede social em território brasileiro.

Por que quem tem Starlink ainda acessa o X?

Apesar da ordem de bloqueio, a Starlink notificou informalmente a Anatel de que não cumprirá a mesma enquanto seus recursos financeiros permanecerem bloqueados pela justiça. De acordo com o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, a empresa declarou que considera a decisão de Moraes ilegal e sem fundamento, motivo pelo qual se recusa a implementar o bloqueio da rede social.

Essa postura desafiadora foi confirmada publicamente por Baigorri em entrevista à TV Globo. Ele explicou que a Starlink avisou que não bloquearia o acesso ao X enquanto os fundos da empresa estivessem congelados pela Justiça, e que a companhia já havia comunicado esse entendimento ao STF. 

Além disso, a Starlink enviou uma nota aos seus clientes brasileiros. Nela, garante que os serviços continuariam a ser prestados gratuitamente, se necessário, enquanto recorre da decisão judicial. Logo, a empresa se comprometeu a manter a conectividade de seus usuários, reforçando seu compromisso com a liberdade de expressão, uma bandeira que Musk levanta frequentemente.

Possíveis consequências dessa postura da empresa

A postura da Starlink de desafiar a ordem do STF pode ter implicações significativas para a sua operação no Brasil. Embora a empresa tenha conquistado uma base sólida de clientes e uma posição de destaque no mercado de internet via satélite, a recusa em cumprir decisões judiciais pode resultar em sanções severas.

Nesse sentido, a Anatel, como órgão regulador, tem a responsabilidade de garantir o cumprimento das leis e regulamentos de telecomunicações no país. Assim, a resistência da Starlink pode levar a um confronto direto com a agência.

Entre as possíveis consequências estão multas pesadas, restrições operacionais e, em um cenário extremo, a revogação da licença de operação da Starlink no Brasil. Juntamente com isso, o conflito pode afetar a reputação da empresa e sua relação com outros mercados internacionais, que observam atentamente como a Starlink lida com as regulamentações locais.

A atuação da Anatel será crucial nesse contexto, uma vez que a agência precisará equilibrar a necessidade de impor a lei com a realidade de que a Starlink é um fornecedor essencial de conectividade em áreas onde outras opções são escassas ou inexistentes. Por fim, a situação destaca as complexidades legais e políticas envolvidas na operação de empresas globais de tecnologia em diferentes jurisdições. 

Em suma, a decisão de Musk de manter o X acessível aos usuários da Starlink no Brasil é um claro exemplo de como as fronteiras digitais podem desafiar a soberania nacional e as leis locais. Portanto, resta saber como o STF, a Anatel e outras partes envolvidas responderão a esse desafio. Do mesmo modo, veremos quais serão as consequências a longo prazo para a empresa e seus usuários no Brasil.

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