Fake News: 10 mais viralizadas da corrida pela prefeitura de SP

As eleições municipais de São Paulo são um momento crucial na política nacional. A corrida pela prefeitura da maior cidade do país é marcada não apenas por debates acalorados e propostas de governo, mas também pela disseminação de notícias falsas, conhecidas como fake news. Essas informações enganosas têm o poder de influenciar a opinião pública e podem distorcer a percepção dos eleitores sobre os candidatos.

Logo, vamos abordar as 10 fake news mais viralizadas da eleição para prefeito de São Paulo e também discutir como a tecnologia ajuda a desmentir essas notícias falsas. Além disso, falaremos sobre como as notícias falsas podem adulterar o processo eleitoral, bem como refletiremos sobre o futuro dos processos eleitorais.

As 10 fake news mais viralizadas da eleição para a prefeitura de São Paulo

1 – Pablo Marçal lidera a corrida eleitoral com 28,9% das intenções de voto

Uma das fake news mais amplamente compartilhadas envolveu uma suposta liderança de Pablo Marçal (PRTB) nas pesquisas eleitorais, com 28,9% das intenções de voto. A informação foi desmentida, com especialistas apontando que a imagem divulgada havia sido manipulada. A pesquisa real, que o Instituto Veritá realizou no mês de julho, mostrava Guilherme Boulos (PSOL) na liderança com 28,9%, enquanto Marçal aparecia em terceiro lugar, com 14%. A falsa informação causou confusão entre os eleitores, levando muitos a acreditarem em uma ascensão repentina do candidato, o que não refletia a realidade.

2 – Bloqueio hormonal de crianças a partir dos 8 ou 9 anos na gestão de Ricardo Nunes

Durante um debate, Marina Helena (Novo) fez uma afirmação imprecisa sobre um suposto “bloqueio hormonal da puberdade para meninos e meninas trans a partir dos 8 ou 9 anos de idade”, alegando que a prefeitura, sob gestão de Ricardo Nunes (MDB), tinha um documento sobre o assunto. Embora exista um documento que se chama “Protocolo para Cuidado Integral à Saúde de Pessoas Trans”, ele menciona que o bloqueio puberal só é permitido no Brasil em caráter experimental, mediante aprovação de responsáveis e em serviços específicos de pesquisa. A prefeitura desmentiu a afirmação, declarando que a Secretaria Municipal da Saúde não promove essa prática.

3 – Boulos é acusado de ser usuário de cocaína

Uma acusação grave e sem provas também se destacou durante a campanha. Pablo Marçal insinuou, em mais de uma ocasião, que Boulos era usuário de cocaína, referindo-se ao deputado como “Davi aspirador de pó” durante debates. A Justiça Eleitoral de São Paulo ordenou a retirada de vídeos em que o influenciador fazia essa ligação falsa. Juntamente com isso, Boulos moveu uma ação contra Marçal, alegando crime contra a honra e disseminação de fake news com o objetivo de influenciar a eleição. A desinformação visava descredibilizar Boulos diante do eleitorado, mas foi rapidamente desmentida.

4 – Marçal não foi condenado por crimes no passado

Outra fake news envolveu Pablo Marçal, que afirmou não ter sido condenado por crimes. No entanto, documentos mostram que o candidato foi condenado por furto qualificado em 2010, devido à sua participação em um esquema de desvio de dinheiro de bancos em 2005. Ele colaborou com o grupo criminoso, apesar de alegar não ter conhecimento dos atos ilícitos. Apesar da prescrição da pena, Marçal manipulou essa informação para criar uma imagem mais favorável para si.

5 – Redução exagerada da gravidez na adolescência por Ricardo Nunes

Ricardo Nunes afirmou durante um debate que a sua gestão havia reduzido a gravidez na adolescência em 57% nos últimos seis anos. Contudo, os dados da Secretaria Municipal da Saúde indicam uma redução de 41% nesse período. Apontou-se a diferença entre os números reais e os que o prefeito apresentou como uma tentativa de inflar os resultados de sua administração na área da saúde.

6 – Guarda Civil Metropolitana de São Paulo menor que a do Rio de Janeiro

Guilherme Boulos também foi alvo de verificação de informações após declarar que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo era menor que a do Rio de Janeiro. Embora o efetivo da GCM seja de cerca de 7.500 integrantes, enquanto o do Rio de Janeiro tem 7.202 guardas, a comparação que Boulos fez não considerou o que daria precisão à mesma. Em São Paulo, há um GCM para cada 1.526 habitantes, enquanto no Rio a proporção é de 1 para 862, o que torna a afirmação do candidato tecnicamente imprecisa.

7 – Boulos é contra o programa de creches conveniadas

José Luiz Datena (PSDB) resgatou uma informação falsa de campanhas anteriores, alegando que Boulos era contra o programa de creches conveniadas da prefeitura. Essa informação já havia sido desmentida em pleitos anteriores, mas continuou a circular nas eleições de 2024. Na realidade, Boulos sempre defendeu a ampliação de vagas em creches, sem se opor ao modelo de conveniadas.

8 – Minimização do número de crianças em período integral

Tabata Amaral (PSB) afirmou que apenas 6% das crianças de São Paulo estavam estudando em período integral, o que os dados oficiais contestaram. Atualmente, 100% das crianças nas creches municipais recebem atendimento integral, com diárias de oito horas ou mais. Na pré-escola, 17% das crianças estão em período integral, enquanto 40% dos alunos de todas as idades estudam em regime de tempo integral no sistema municipal.

9 – Quatro milhões de pessoas em situação de miserabilidade em São Paulo

Pablo Marçal também causou controvérsia ao afirmar que havia “quatro milhões de pessoas em situação de miserabilidade” em São Paulo. Entretanto, segundo a Fundação Seade, o número real de pessoas em situação de pobreza na cidade é de 1,9 milhão, com outras 360 mil em extrema pobreza. Marçal não explicou o que considerava “miserabilidade”, e os dados oficiais indicam uma discrepância significativa em relação à sua afirmação.

10 – Ricardo Nunes envolvido em esquema de rachadinha em creches

Por fim, Guilherme Boulos acusou Ricardo Nunes de envolvimento em um esquema de rachadinha em creches conveniadas, citando uma investigação da Polícia Federal. Embora a PF tenha investigado irregularidades no setor, não indiciou Nunes. Encontrou-se um cheque de R$31,5 mil em uma das contas investigadas, mas não há evidências que liguem o atual prefeito diretamente ao esquema. A assessoria de Nunes afirmou que ele não é alvo da investigação.

Como a tecnologia ajuda a desmentir essas fake news?

Com o avanço da tecnologia, ferramentas como o fact-checking têm desempenhado um papel essencial na verificação de informações falsas. Sendo assim, plataformas como o Estadão Verifica, Aos Fatos e Lupa são exemplos de iniciativas que se dedicam a investigar e desmentir notícias enganosas. 

Em conjunto a isso, algoritmos de Inteligência Artificial ajudam a identificar padrões de disseminação de fake news nas redes sociais, permitindo que as plataformas tomem medidas para conter sua propagação.

A IA é uma das ferramentas que podem ser utilizadas no combate às fake news.
A IA é uma das ferramentas que podem ser utilizadas no combate às fake news. | Foto: DALL-E 3

As fake news podem adulterar o processo eleitoral?

As fake news têm o potencial de distorcer a percepção pública dos candidatos, influenciando decisões eleitorais baseadas em informações falsas. Em uma democracia, o acesso a informações verídicas é essencial para que os eleitores possam tomar decisões informadas. A manipulação de dados e a criação de notícias enganosas colocam em risco a integridade do processo eleitoral.

Futuro dos processos eleitorais

Com a proliferação de fake news, é provável que o combate à desinformação se torne cada vez mais importante nas próximas eleições. Medidas como a regulamentação das plataformas de mídia social, a educação midiática e o fortalecimento das ferramentas de verificação de fatos serão fundamentais para garantir que os eleitores possam confiar nas informações que recebem. 

Paralelamente, a tecnologia irá continuar sendo uma aliada crucial nessa luta. Em outras palavras, ela ajudará a proteger tanto a democracia quanto a integridade das informações e das eleições.

Em suma, as fake news têm influenciado o debate eleitoral em São Paulo, distorcendo informações e confundindo leitores. No entanto, o uso de tecnologias de verificação e o trabalho de plataformas de fact-checking são essenciais para combater a desinformação. Ou seja, garantem que o processo democrático se mantenha transparente e baseado em fatos reais.

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