Big techs não querem saber de diversidade. Entenda!

A diversidade tem sido um tema amplamente discutido no mundo corporativo, em especial no setor de tecnologia. Sendo assim, as chamadas big techs, que anteriormente promoviam políticas ambiciosas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), agora estão reavaliando tais posturas. Isso é algo que vem reduzindo metas específicas que têm objetivo de aumentar a representatividade.

Portanto, neste texto, entenderemos o contexto das big techs não querendo mais saber de diversidade, bem como listaremos alguns possíveis motivos para essa mudança de postura dessas empresas. Em conjunto a isso, iremos refletir sobre consequências factíveis de tal contexto e também se os grandes negócios podem repensar esse comportamento no futuro.

Entenda o cenário das big techs não querendo saber de diversidade

Nos últimos anos, a diversidade tornou-se uma pauta central nas grandes empresas de tecnologia. Em tal sentido, organizações como Google, Meta e Amazon estabeleceram iniciativas com o intuito de promover um ambiente de trabalho mais inclusivo.

Tais estratégias incluíam metas para aumentar a representatividade de grupos que são historicamente marginalizados. Isso seria feito através da criação de programas de recrutamento, treinamentos específicos e ações afirmativas com foco em mulheres, pessoas pretas e outras minorias sub-representadas no setor de tecnologia.

Entretanto, recentemente, algumas dessas empresas começaram a reavaliar suas políticas de diversidade. Dessa maneira, o Google, por exemplo, anunciou que não estabelecerá mais metas específicas para aumentar a representatividade em sua força de trabalho.

A gigante da tecnologia declarou que continuará investindo na área, mas sem definir objetivos claros. Esse anúncio reflete uma mudança na estratégia, influenciada por decisões judiciais e ordens executivas nos Estados Unidos, que têm impactado diretamente as políticas de diversidade e inclusão.

Por fim, tal movimento das big techs levanta questões sobre o futuro da diversidade no setor da tecnologia. Enquanto algumas empresas defendem uma abordagem mais flexível, outras criticam a decisão, argumentando que a ausência de metas pode enfraquecer os esforços para tornar o ambiente de trabalho mais inclusivo e equitativo.

As big techs estão mudando a postura em relação às políticas de diversidade, com muitas delas deixando de estabelecer metas específicas para as mesmas.
As big techs estão mudando a postura em relação às políticas de diversidade, com muitas delas deixando de estabelecer metas específicas para as mesmas. | Foto: DALL-E 3

Possíveis motivos para essa mudança de postura

A decisão das big techs de revisar suas políticas de diversidade pode estar relacionada a vários fatores. Em primeiro lugar, um dos principais é o ambiente jurídico nos Estados Unidos, que passou por mudanças significativas recentemente. Nesse sentido, a Suprema Corte dos EUA tem tomado decisões que impactam diretamente as estratégias de diversidade das empresas.

Juntamente com isso, o termo DEI tem sido interpretado de modos distintos, o que pode gerar mal-entendidos sobre seus objetivos e práticas. Logo, algumas organizações preferem evitar polêmicas e optam por reformular suas estratégias com o intuito de evitar possíveis repercussões legais.

Da mesma forma, outro fator relevante é a pressão para equilibrar a diversidade com os objetivos financeiros. Empresas como a Amazon estão revisando seus programas de inclusão para garantir que estejam alinhados com suas metas de negócios.

Assim, tal movimento é algo que reflete uma abordagem mais pragmática, onde as empresas buscam maneiras de promover a diversidade sem, no entanto, comprometer seu desempenho financeiro.

Finalmente, a crescente polarização política também pode estar influenciando essa mudança. Nos últimos anos, o debate sobre diversidade tornou-se um tema controverso, com diferentes grupos expressando opiniões divergentes. Ou seja, algumas empresas podem estar ajustando suas políticas para evitar possíveis repercussões negativas junto a investidores, clientes e também funcionários.

Consequências factíveis devido a essa mudança de postura

A revisão das políticas de diversidade por parte das big techs pode ter impactos significativos. Primeiramente, essa mudança pode influenciar outras empresas do setor a avaliar suas próprias estratégias. Sendo assim, como as gigantes da tecnologia estão reduzindo suas metas de diversidade, empresas menores podem seguir o mesmo caminho.

Em segundo lugar, a falta de objetivos claros é algo que pode gerar um escrutínio público mais intenso sobre o real compromisso dessas empresas com a inclusão. Logo, algumas organizações que antes eram vistas como referência em diversidade podem enfrentar críticas por aparentarem retroceder nessa pauta.

Por outro lado, uma abordagem flexível pode permitir que as big techs adaptem suas iniciativas às suas necessidades específicas. Em vez de estabelecer metas numéricas, as empresas podem focar em iniciativas que promovam a inclusão de modo eficaz. Isso pode incluir programas internos de desenvolvimento, mentorias e incentivos para a contratação de talentos diversos. 

Se essas mudanças serão positivas ou negativas em um pensamento a longo prazo ainda é algo incerto. Entretanto, o que já se sabe sobre isso é que o setor de tecnologia continuará sendo observado atentamente por defensores da diversidade e especialistas em inclusão.

As big techs podem repensar essa postura no futuro?

Apesar da atual postura de rever as políticas de diversidade, as big techs podem repensar a mesma em um momento futuro. Nesse sentido, para equilibrar inclusão e objetivos financeiros, essas empresas podem adotar diferentes estratégias.

Dessa forma, uma delas é integrar a diversidade aos processos de recrutamento e desenvolvimento de talentos, o que garantiria que todos os candidatos, independentemente de cor, orientação sexual, renda ou gênero, tenham oportunidades iguais.

Em paralelo, outro caminho possível é fortalecer a cultura organizacional com o intuito de valorizar a diversidade. Isso pode ser feito por meio de treinamentos, incentivos para colaboração e também reconhecimento de boas práticas de inclusão dentro das empresas.

Além disso, mensurar o impacto de políticas de diversidade no desempenho do negócio pode ser uma alternativa viável. Do mesmo modo, análises sobre o impacto da representatividade na inovação e na produtividade podem ajudar as empresas a justificar suas iniciativas.

Todas essas medidas podem ser responsáveis por fazer a diversidade ser vista não apenas como uma questão ética. Adicionalmente, pode passar a ser vista como um fator estratégico para o crescimento sustentável.

Em resumo, o futuro da diversidade nas big techs dependerá de como essas organizações se adaptam às mudanças no ambiente jurídico e corporativo. Mesmo com a revisão de metas, a necessidade de criar ambientes de trabalho mais equitativos permanece. Ou seja, as empresas que conseguirem integrar diversidade e eficiência operacional terão mais chances de se destacar no mercado.

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