O Butão é conhecido por sua abordagem voltada para a felicidade nacional bruta, sendo um país com uma população pequena e isolado nas montanhas do Himalaia. Nesse sentido, o mundo foi surpreendido com a revelação de uma prática inesperada no país: a mineração de Bitcoin (BTC). Sendo assim, a descoberta levanta questões sobre os motivos e o impacto dessa atividade em uma das nações mais enigmáticas do mundo.
Portanto, neste texto, exploraremos como e porquê o Butão iniciou a mineração de BTC e também a grande quantia da cripto que o país vendeu recentemente. Juntamente com isso, iremos discutir porque essa nação é interessante para essa prática, bem como refletir sobre como a descoberta da mineração secreta pode impactar o mercado.
O contexto da mineração secreta de Bitcoin do Butão
O Butão entrou no mundo das criptomoedas de forma discreta, sendo que a revelação veio apenas nos últimos tempos. Desse modo, as primeiras evidências surgiram após a Forbes expor a ligação entre o Druk Holdings and Investiments (DHI), braço estatal do país, e as falidas BlockFi e Celsius. Logo, o jornal local The Bhutanese aprofundou a investigação, desvendando o envolvimento da nação na mineração de BTC.
Embora o DHI seja estatal, ele opera como uma empresa privada, com um CEO, Ujjwal Deep Dahal, e estratégia de investimento autônoma. Ou seja, estima-se que o Butão tenha começado a minerar em torno de 2020, quando se cotava o Bitcoin a cerca de US$5.000. Esse valor mais baixo permitiu ao país acumular uma quantidade significativa da moeda, que hoje vale aproximadamente R$5,1 bilhões.
Além do BTC, o Butão possui uma pequena reserva em Ethereum e outras criptomoedas. A nação vende parte dos Bitcoins que minera regularmente para cobrir os custos operacionais, enquanto mantém o restante como um ativo de longo prazo, com a expectativa de valorização futura. Assim, essa acumulação de criptos representa tanto uma fonte de lucro como uma forma de diversificação econômica.
A grande quantia de Bitcoin que o país vendeu
Em 29 de outubro, o Butão realizou uma venda considerável de BTC. Segundo dados da Arkham Intelligence, o país transferiu cerca de 935 Bitcoins para a Binance, o que representa milhões de reais em transação. Essa venda mostra que a nação não apenas minera a criptomoeda. Adicionalmente, ela também negocia ativamente o ativo.
Mesmo após essa movimentação, a carteira de BTC do país ainda conta com aproximadamente 12.456 moedas, avaliadas em cerca de R$5,1 bilhões. Há uma especulação de que a venda pode ter sido motivada pela necessidade de cobrir custos operacionais.
Por outro lado, ela também pode sinalizar uma possível expansão nas operações de mineração. Em comparação, o Butão possui mais Bitcoins do que El Salvador, o primeiro país a adotar a criptomoeda como moeda oficial, que possui cerca de 5.906 BTC.
Sendo assim, enquanto El Salvador usa o Bitcoin com o intuito de atrair a atenção de outros países, o Butão adota uma abordagem silenciosa. Em outras palavras, o país asiático acumula a cripto como um ativo econômico em um pensamento a longo prazo. Logo, essa postura conservadora reflete uma estratégia mais orientada à acumulação do que ao marketing.
Por quais motivos o Butão é um local interessante para a mineração de Bitcoin?
O Butão é particularmente adequado para a mineração de BTC por várias razões. Em primeiro lugar, a energia hidrelétrica, uma fonte renovável e de baixo custo, é a principal responsável por abastecer o país. Isso é algo essencial para a mineração de moedas digitais, conhecida por seu consumo elevado de energia elétrica.
Em conjunto a isso, o clima montanhoso da nação oferece condições naturais para a refrigeração dos equipamentos de mineração. Nesse sentido, os sistemas de mineração geram calor significativo durante a operação, e a temperatura ambiente mais baixa permite reduzir custos de refrigeração, aumentando a rentabilidade da operação.
Da mesma forma, o DHI afirmou que o projeto é lucrativo, com parte dos valores sendo reinvestida na operação. Parte dos Bitcoins é vendida para cobrir os custos energéticos. Enquanto isso, o restante é mantido como reserva para valorização futura. Dessa maneira, essa estratégia demonstra que o Butão vê o BTC como um ativo de longo prazo com potencial de ganho.
Basicamente, com uma infraestrutura energética sustentável e custos operacionais baixos, o Butão se posiciona estrategicamente na mineração de Bitcoin. Então, essa conjuntura coloca o país em uma posição vantajosa para explorar o potencial das criptomoedas sem os desafios ambientais e financeiros que afetam outras regiões.
Como a descoberta da mineração secreta pode impactar o mercado?
A descoberta de que o Butão está minerando BTC secretamente há vários anos pode ter um impacto significativo no mercado de criptomoedas. Primeiramente, isso insere um novo governo entre os participantes do mercado, o que contribui para o fortalecimento da legitimidade do Bitcoin enquanto uma reserva de valor.
Além disso, a movimentação de grande quantias por governos, como por exemplo a recente venda de BTC do Butão, pode influenciar o preço da moeda. Isso se deve à sensibilidade do mercado a transações institucionais de grande escala.
Logo, apesar de o Butão ter feito apenas uma grande venda parcial, a percepção de que um país pode alterar o mercado ao negociar uma fatia considerável de suas reservas pode ser responsável por gerar certa volatilidade.
Em paralelo, a entrada pública do Butão no setor da mineração também pode incentivar outras nações a considerarem essa possibilidade. Ou seja, governos que possuem acesso à energia renovável e barata podem enxergar na mineração de Bitcoin uma nova fonte de receita e também de diversificação da economia.
Concluindo, o Butão apresenta um modelo de mineração sustentável, usando energia hidrelétrica renovável. Portanto, isso é algo que fortalece o país como um exemplo de mineração ecológica. Sendo assim, a nação pode impactar de forma positiva o setor cripto global e até mesmo inspirar outros países a adotarem diretrizes de sustentabilidade para seus processos de mineração.