Nos últimos meses, um novo tipo de golpe digital tem alarmado especialistas em segurança e consumidores do mundo inteiro: os celulares falsos. Em outras palavras, esses aparelhos estão disfarçados como réplicas de modelos populares de marcas renomadas.
Sendo assim, tais dispositivos estão sendo vendidos a preços atrativos. No entanto, eles escondem armadilhas tecnológicas perigosas. Desse modo, mais do que uma simples fraude comercial, esses dispositivos vêm com softwares maliciosos de fábrica.
Com isso, eles são capazes de roubar dados pessoais, informações bancárias e até criptoativos das vítimas. A ameaça é real e crescente, e compreender como esses golpes funcionam é o primeiro passo para se proteger.
Então, neste texto, entenderemos o que são os celulares falsos e também explicaremos como eles roubam dinheiro dos usuários. Além disso, iremos explicar como proteger-se deles, bem como elencar lições a aprender com o contexto dos mesmos. Finalmente, discutiremos se as autoridades podem fazer algo em relação a esses aparelhos enganosos.
Entenda o que são os celulares falsos
Os chamados celulares falsos são dispositivos de aparência semelhante a modelos famosos, como por exemplo o Samsung Galaxy S24 Ultra, o Redmi Note 13 Pro e o Huawei Pura70 Ultra.
Apesar disso, por trás da carcaça que imita perfeitamente os aparelhos originais, há uma série de modificações criminosas. Em sua maioria, esses smartphones são vendidos sob a marca SHOWJI, desconhecida do grande público, e circulam em sites de compras online ou em marketplaces paralelos a um preço muito inferior ao dos modelos que tentam replicar.
Aplicativos falsos e modificações no sistema operacional
Uma das principais armadilhas desses celulares falsos é que eles já saem da fábrica com aplicativos maliciosos pré-instalados. Muitos deles se passam por mensageiros amplamente utilizados, como o WhatsApp e o Telegram. Porém, ao contrário dos aplicativos originais, esses apps foram modificados para conter códigos maliciosos que têm como finalidade principal o roubo de dados e dinheiro.
Em conjunto a isso, esses aparelhos enganam até mesmo o próprio sistema Android. A área “Sobre o Dispositivo”, por exemplo, informa que o smartphone roda o Android 14, quando, na verdade, o sistema é uma versão muito mais antiga, como o Android 12. Tal modificação deliberada tem como objetivo mascarar as reais limitações técnicas do dispositivo, oferecendo uma falsa sensação de modernidade e segurança ao usuário.
Marcas pouco conhecidas, mas perigosas
O maior problema é que esses celulares falsos vêm de marcas obscuras que não seguem nenhum tipo de regulamentação ou padrão de qualidade. Sem controle de qualidade ou certificações de segurança, esses aparelhos representam um risco não apenas digital, mas também físico, já que a bateria e os componentes eletrônicos podem ser de baixa qualidade, o que aumenta o risco de superaquecimento ou explosão.
Como os celulares falsos roubam dinheiro dos usuários?
O roubo de dinheiro por meio desses celulares falsos ocorre de uma maneira que é sofisticada e silenciosa. Segundo a empresa de segurança russa DrWeb, cerca de 40 aplicativos foram identificados com códigos maliciosos que têm como alvo principal o roubo de informações financeiras, especialmente relacionadas a criptomoedas.
Manipulação de mensagens e QR codes
Entre os apps modificados estão versões falsas de mensageiros como por exemplo WhatsApp e Telegram, juntamente com aplicativos aparentemente inofensivos, como leitores de QR Code. Tais aplicativos maliciosos funcionam como um cavalo de Troia: operam normalmente em um primeiro momento, mas ficam em segundo plano monitorando as ações do usuário.
Um exemplo prático é quando um usuário tenta compartilhar o endereço de sua carteira de criptomoedas com outra pessoa. Nesse sentido, ele copia e cola o endereço dentro do WhatsApp modificado e acredita que a mensagem foi enviada corretamente.
Entretanto, o destinatário recebe uma mensagem diferente, com o endereço de uma carteira que é controlada pelos criminosos. Quando o envio é realizado, os fundos vão parar na conta dos fraudadores, sem que a vítima perceba o golpe imediatamente.
Lucro em dobro para os criminosos
A fraude é dupla: os cibercriminosos lucram tanto com a venda dos celulares falsos quanto com o roubo de dados e criptoativos. Dessa maneira, ainda de acordo com a DrWeb, os fraudadores já arrecadaram mais de 1,6 milhão de dólares nos últimos anos apenas com esse tipo de golpe. Isso mostra o quão rentável e perigosa essa prática se tornou, e por que está ganhando proporções alarmantes.

Como proteger-se desses celulares falsos?
A melhor forma de se proteger contra os celulares falsos é adotar uma abordagem que seja preventiva e também estar atento a sinais de alerta antes de realizar a compra de qualquer aparelho.
Verifique a procedência da loja
Evite comprar smartphones de vendedores desconhecidos, especialmente em plataformas que não oferecem garantias ou políticas de devolução claras. Por outro lado, prefira sempre lojas oficiais, revendedores autorizados ou marketplaces com boa reputação. A tentação de pagar menos por um modelo de ponta pode sair muito caro se o produto for falsificado.
Desconfie de preços muito baixos
Um dos principais atrativos desses celulares falsos é o preço extremamente baixo. Sendo assim, desconfie sempre que encontrar um modelo top de linha por menos da metade do valor de mercado. O velho ditado “quando a esmola é demais, o santo desconfia” nunca foi tão verdadeiro no mundo da tecnologia.
Analise as especificações com aplicativos confiáveis
Depois de adquirir um smartphone, utilize aplicativos confiáveis como por exemplo o CPU-Z, AIDA64 ou o Device Info HW para verificar se as especificações informadas batem com a realidade. Caso as informações divergirem, isso pode indicar que o aparelho foi adulterado ou até mesmo falsificado.
Atualizações de sistema
A ausência de atualizações regulares do sistema operacional também é um forte indicativo de que o dispositivo pode ser falso. Em outras palavras, os fabricantes legítimos costumam fornecer updates de segurança e melhorias de desempenho com frequência. Já os aparelhos falsificados raramente recebem esse tipo de manutenção.
Lições a aprender com os celulares falsos
A crescente presença de celulares falsos no mercado é algo que traz uma série de lições importantes tanto para os consumidores quanto para o setor de tecnologia.
A importância da conscientização digital
Estamos vivendo uma era onde a tecnologia está cada vez mais acessível, mas também mais vulnerável. Golpes como esse mostram que o conhecimento digital básico é essencial para evitar armadilhas. Portanto, saber identificar um produto falsificado, compreender o funcionamento de aplicativos e se informar sobre ameaças cibernéticas são atitudes que podem salvar dinheiro e dados preciosos.
Não existe milagre em tecnologia
É importante que o consumidor entenda que tecnologia de ponta tem um custo. Dessa forma, a criação de um smartphone de última geração envolve pesquisa, desenvolvimento e certificações de segurança. Quando um aparelho oferece as mesmas funcionalidades a um preço irreal, o risco de fraude é alto. Assim, a busca pelo “barato que sai caro” deve ser evitada.
Falta de regulação no mercado paralelo
O comércio de eletrônicos falsificados ainda é uma zona cinzenta em muitos países. Sem uma fiscalização rigorosa, esses produtos continuam entrando no mercado, enganando consumidores e fomentando redes de cibercrime. Logo, a educação do consumidor precisa andar junto com políticas públicas que sejam mais rígidas.
As autoridades podem fazer algo em relação a esses celulares falsos?
A resposta para essa pergunta é: sim, mas os desafios são muitos. Ou seja, a atuação de autoridades e entidades de proteção ao consumidor é fundamental para combater a venda de celulares falsos, mas esbarra em questões de jurisdição, legislação e tecnologia.
Necessidade de legislação mais moderna
Em muitos países, a legislação contra crimes cibernéticos e produtos falsificados ainda está desatualizada. Isso faz com que seja necessário criar ou atualizar leis que tratem especificamente da venda de dispositivos eletrônicos adulterados, bem como da distribuição de softwares maliciosos de fábrica.
Cooperação internacional
Como a maioria desses celulares falsos é produzida e comercializada por empresas em outros países, a cooperação internacional é essencial. A troca de informações entre governos, empresas de segurança digital e plataformas de e-commerce pode ajudar a identificar e bloquear essas redes de fraude.
Reforço na fiscalização
As agências reguladoras e os órgãos de defesa do consumidor também precisam intensificar a fiscalização de aparelhos importados e vendidos no varejo. Em conjunto a isso, é fundamental promover campanhas educativas que alertem os consumidores sobre os riscos desses dispositivos.
Concluindo, os celulares falsos representam uma ameaça real e crescente à segurança digital dos usuários em todo o mundo. Disfarçados de modelos legítimos, eles trazem riscos financeiros, roubam dados e comprometem a privacidade de milhares de pessoas.
Sendo assim, compreender como esses aparelhos operam, saber identificá-los e tomar medidas preventivas são passos essenciais para se manter seguro em um ambiente digital cada vez mais complexo. Diante disso, é indispensável reforçar a importância da conscientização, da escolha cuidadosa ao adquirir um novo aparelho e da cobrança por ações mais eficazes por parte das autoridades.
Proteja-se agora mesmo contra os celulares falsos e fale sobre o tema com quem você se importa. A prevenção é o melhor caminho para não cair em golpes digitais.