Comidas do Fim do Mundo: Visando 3° Guerra mundial, alimentos tem tecnologia para durar até 30 anos

No contexto de um mundo cada vez mais conectado e globalizado, existe uma preocupação sobre a segurança alimentar, haja visto que em tempos de crise, temos que assegurar a alimentação da população. É nesta realidade que surgem as chamadas comidas do fim do mundo, que possuem validade de até 30 anos.

Tendo, por enquanto, maior aderência da população estadunidense, o desenvolvimento destes produtos foi possível devido à evolução da tecnologia na produção de alimentos. Sendo assim, a preocupação com as condições alimentícias da população mundial, caso ocorra um conflito mundial pela terceira vez, fez com que os estudiosos buscassem meios de utilizar esses avanços para produzir alimentos seguros e nutritivos em possíveis condições extremas.

As comidas do fim do mundo buscam garantir segurança alimentar em condições extremas. | Foto: Freepik.

Quais são as comidas do fim do mundo?

Há uma grande variedade de produtos que podemos encontrar dentro dos kits de comidas para o fim do mundo. Existem alguns que são destinados ao café da manhã, outros para o almoço e também para o jantar. Alguns deles, inclusive, incluem sobremesas e drinks dentro destes conjuntos.

Outras opções são as versões unitárias, que oferecem pratos como, por exemplo: estrogonofe, lasanha, macarrão, arroz com frango e ovos mexidos. Além disso, existem também alguns produtos que atendem pessoas com restrições alimentares e, por isso, possuem menos açúcar e sódio, ou até mesmo não contém glúten ou são vegetarianos.

Como funcionam essas comidas?

Uma das tentativas promissoras no desenvolvimento de comidas para o fim do mundo é a tecnologia dos alimentos com duradoura vida útil, que busca preservar esses produtos por períodos extremamente longos, sem comprometer a segurança de ingerí-los ou a qualidade dos mesmos. 

Essas comidas são projetadas para resistir a condições ambientais extremas, como variações de temperatura, umidade e exposição à luz solar, as quais são comuns em caso de conflitos prolongados ou catástrofes naturais.

Os métodos de preservação são diversos, variando desde os mais tradicionais, como desidratação e enlatamento, até os mais modernos e avançados, como liofilização e embalagens à vácuo. Adicionado a isso, há a utilização de tecnologias emergentes, como a nanotecnologia e as atmosferas modificadas, que fazem ser possível prolongar de forma significativa a vida útil dos produtos sem comprometer seu sabor, textura ou até mesmo o valor nutricional.

Um exemplo precursor das comidas para o fim do mundo, comercializadas com a população civil, são as rações militares, criadas para combates e que utilizam essas tecnologias de última geração. Elas garantem que soldados consigam obter nutrição completa e sustentação energética em condições extremas. Estes produtos são embalados em materiais resistentes e herméticos, que os protegem contra agentes externos e garantem validade por décadas.

Comidas do fim do mundo: comercialização e preparo

Estes alimentos são comercializados, geralmente, em hipermercados e são armazenados em baldes, nos quais estas comidas são desidratadas ou estão em pó. Por estarem armazenadas dessa forma e com a utilização de tecnologias de última geração, duram até 30 anos sem alteração de qualidade, sabor, texturas ou valores nutricionais.

Seu preparo normalmente é simples, com a maioria deles necessitando apenas de pouco de água no recipiente em que estão armazenadas, fazendo com que, assim, estejam prontas para consumo.

A ascensão do mercado de comidas do fim do mundo

Estes produtos são muito populares entre a população dos Estados Unidos, comumente comercializados nos setores de camping dos hipermercados, mas também sendo possível adquiri-los através de e-commerces. Seus valores dependem da quantidade de porções que cada recipiente contém, podendo chegar até os US$100, o equivalente a mais ou menos R$500. 

Algumas das principais empresas e os pacotes que oferecem são: 

  • Mountain House: balde com 24 porções de bife, frango, arroz e até leite com granola e frutas custa o valor de US$120 (aproximadamente R$600);
  • Augason Farms: kit com alimentos como panquecas, massas, sopas e vegetais, que promete alimentar uma pessoa por um mês oferecendo 1.236 calorias diárias custa o valor de US$105 (mais ou menos R$525);

No país, inclusive, temos a maior concentração do mercado global (31%) e, segundo a empresa de análise de mercados Technavio, este setor deve ter um aumento de 7% ao ano e chegar a US$2,9 bilhões (R$15,026 bilhões) até 2026. 

Além dos Estados Unidos, alguns países que possuem grande ocupação nessa área são:  Índia, China, Reino Unido e Alemanha.

Por que as pessoas compram as comidas do fim do mundo?

De acordo com a empresa Finder, que realizou uma pesquisa sobre o setor, a pandemia do Covid-19 fez com que o número de pessoas que passaram a se preparar para possíveis emergências e condições extremas e a se preocupar com um possível fim do mundo aumentasse de forma significativa. 

Segundo os dados, 25% das pessoas entrevistadas estocaram comida devido a pandemia, 9,4% por eventos políticos (como um futuro terceiro conflito mundial) e 5,4% afirmaram que o fizeram devido a desastres naturais.

Há também um nicho que se preocupa com uma possível perda de seus empregos de forma inesperada. Quando estão em situações complicadas, como insegurança alimentar ou aumento da inflação, recorrem a esses alimentos, que foram comprados anteriormente.

E no Brasil?

A população brasileira, diferentemente da estadunidense, não têm o costume de comprar alimentos com longa vida útil, pensando em se precaver para situações extremas. Sendo assim, esses kits de comida do fim do mundo ainda não são comercializados em supermercados, sendo sua compra possível apenas em escassas opções de sites e lojas especializadas.

O mais próximo dessas comidas em solo brasileiro são os enlatados, que possuem considerável vida útil, mas longe dos 30 anos que os kits tecnológicos prometem. Também é possível encontrar algumas opções de comidas desidratadas, destinadas a quem gosta de aventura e precisa de otimização de peso em suas bagagens.

Desafios e obstáculos na popularização de comidas do fim do mundo

Apesar dos avanços tecnológicos na área da produção alimentícia e do ganho de mercado que as comidas do fim do mundo vem conseguindo, algumas questões devem ser consideradas. 

A primeira delas é a acessibilidade em casos realmente extremos, nos quais esses alimentos podem ser realmente a única forma de alimentação de muitas pessoas. Nestas situações, poderemos ver os custos destes produtos aumentarem de maneira acentuada, o que pode fazer com que populações menos abastadas não consigam comprá-los.

Além disso, há preocupações ambientais associadas ao uso excessivo de embalagens plásticas e outros materiais sintéticos utilizados na produção desses kits. O descarte inadequado desses recipientes pode contribuir para a poluição ambiental e ser nocivo à saúde pública a longo prazo. Portanto, buscar soluções sustentáveis e ecologicamente responsáveis pode ser fundamental para a viabilidade desses produtos.

Entretanto, apesar desses pontos a serem observados, devemos ver esses produtos ganharem cada vez mais espaço no mercado brasileiro e mundial conforme o tempo passa. Isto pelo fato de que as comidas do fim do mundo representam um grande avanço tecnológico na área alimentícia, com a impressionante durabilidade de 30 anos que seus kits oferecem, podendo ser valiosos em casos como de uma terceira guerra mundial.

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