O universo dos criadores de conteúdo tem crescido de forma exponencial nos últimos anos, impulsionado principalmente pelas redes sociais e pela digitalização do consumo de informação.
No entanto, apesar da percepção de glamour e da ideia de que todos os influenciadores vivem confortavelmente da internet, uma recente pesquisa da Wake Creators revelou uma realidade bem diferente. Ela mostrou que apenas 9% dos criadores de conteúdo brasileiros conseguem efetivamente monetizar suas produções a ponto de viver exclusivamente dessa atividade.
Logo, neste artigo, entenderemos os motivos de apenas 9% dos criadores de conteúdo monetizarem suas produções, bem como exploraremos outros aspectos revelados por esse Censo. Além disso, iremos listar algumas lições a aprender com ele e também discutir se é possível que os influenciadores passem a monetizar mais no futuro. Por último, refletirmos se vale a pena entrar nesse mercado.
Entenda os motivos de apenas 9% dos criadores de conteúdo monetizar
“Monetização é, sem dúvida, um dos pontos mais sensíveis da pesquisa”, destaca Julia, a diretora de negócios e operações da Wake Creators. Essa fala traduz um panorama preocupante, mesmo diante da expansão da chamada “creator economy”.
O relatório da pesquisa mostra que, embora o número de pessoas que se dedicam à criação de conteúdo tenha aumentado, a maioria ainda não consegue se sustentar financeiramente apenas com essa atividade. A estatística é clara: só 9% dos influenciadores brasileiros afirmam ter uma renda 100% oriunda da produção de conteúdo.
Paralelamente, a pesquisa também revela que mais da metade dos criadores de conteúdo, 51%, não têm o marketing de influência como principal fonte de renda. Um dado ainda mais impactante é que 40% ganham até R$1 mil por mês com suas criações digitais.
Enquanto isso, 26% simplesmente não ganham nada. Tal quadro é agravado por obstáculos recorrentes no setor, como a falta de contratos formais, dificuldade em precificar o trabalho e a instabilidade das oportunidades comerciais.
Jovens criadores de conteúdo monetizam mais
No entanto, o recorte geracional traz uma perspectiva mais animadora: a Geração Z tem se mostrado mais apta a monetizar suas produções. Jovens entre 18 e 26 anos demonstram maior domínio das ferramentas digitais, acompanham tendências com mais agilidade e apresentam maior capacidade de transformar influência em profissão.
“Esse dado aponta para uma transformação no perfil do influenciador brasileiro, com as gerações mais novas assumindo protagonismo”, diz Julia. Segundo ela, o futuro tende a apresentar um cenário mais estruturado, com criadores de conteúdo mais preparados e orientados.
Entretanto, até que essa transição se consolide, muitos desafios ainda precisam ser enfrentados. A falta de profissionalização é um dos maiores entraves, evidenciado pelo fato de que 36% dos criadores não sabem quanto faturaram no ano anterior, o que demonstra uma séria carência de controle financeiro e visão estratégica de carreira.
A realidade das permutas e a fragilidade da remuneração
Com tantos influenciadores lutando para monetizar suas criações, o Censo também procurou entender como esses profissionais estão ganhando dinheiro (ou tentando). A resposta dominante é a permuta.
Em torno de 67% dos entrevistados relataram já ter trocado conteúdo por produtos ou serviços em vez de receber um cachê em dinheiro. Ou seja, tal forma de remuneração informal é comum, principalmente entre os micro e nano influenciadores, e embora ofereça alguma compensação, ela não garante estabilidade nem autonomia financeira.
Ainda assim, o valor da permuta faz diferença. Em outras palavras, muitos criadores afirmam que só aceitam esse tipo de “pagamento” quando o produto ou serviço oferecido vale mais de R$1 mil. Logo, esse comportamento revela uma tentativa de atribuir mais valor ao próprio trabalho, mesmo diante da ausência de remuneração direta.

Outros aspectos revelados pela pesquisa sobre os criadores de conteúdo
Em conjunto aos dados de monetização, o Censo da Wake Creators revelou informações relevantes sobre o perfil dos criadores de conteúdo no Brasil. Um dado marcante é que 87% se identificam como mulheres.
Adicionalmente, a maioria (71%) pertence à geração Millennial (27 a 46 anos) e vive na região Sudeste (56%). Vale também ressaltar que a Geração Z representa 24% dos criadores de conteúdo, demonstrando crescimento nesse cenário.
Do mesmo modo, a pesquisa também mostra que 71% dos criadores têm até 50 mil seguidores, sendo classificados como micro ou nano influenciadores, e 33% têm menos de 10 mil. Apesar do alcance menor, eles se destacam pelo engajamento e autenticidade.
O poder dos micro e nano influenciadores
Segundo Julia, esses influenciadores criam conexões mais reais com o público, o que gera até 22,2 vezes mais conversas sobre produtos do que consumidores comuns. Isso ocorre porque seus seguidores confiam em suas recomendações. Essa proximidade é um dos motivos pelos quais 52% dos entrevistados desejam atuar em nichos específicos, que são responsáveis por fortalecer comunidades e construir audiências fiéis.
Plataformas, formatos e gestão de carreira
O Instagram é a principal plataforma, usado por 97% dos criadores de conteúdo. Mas, o TikTok cresce rapidamente, com 79% de adesão. Em relação ao formato, 50% preferem vídeos curtos, de até três minutos, alinhados às demandas de plataformas como o próprio TikTok e o Reels.
Apesar da variedade de ferramentas disponíveis atualmente, 86% dos criadores atuam de forma independente. Somente 7% fazem parte de agências e 8% contam com algum tipo de assessoria. Porém , a ausência de suporte traz desafios emocionais: cerca de 30% relatam ansiedade, frustração, solidão e sobrecarga.
Finalmente, manter o engajamento do público é o maior desafio (50%), seguido da instabilidade financeira (44%) e da dificuldade em manter a regularidade nas postagens (44%). Tal realidade evidencia que, por trás da atratividade da profissão, há uma carga emocional significativa.
Lições a aprender com essa pesquisa de criadores de conteúdo
O estudo revela que a glamourização da carreira de influenciador digital não é algo que condiz com a realidade da maioria dos criadores de conteúdo. Nesse sentido, a monetização ainda é um desafio significativo, especialmente para aqueles que estão começando ou que ainda não têm uma estrutura que seja profissional.
Adicionalmente, a pesquisa também reforça a necessidade de se profissionalizar. Em outras palavras, os criadores que tratam sua produção como um negócio, com planejamento, metas, contratos, controle financeiro e apoio especializado, tendem a ter mais chances de sucesso. Sendo assim, o domínio técnico, a autenticidade e a consistência são pilares fundamentais para quem deseja viver da influência.
Juntamente com isso, atuar em nichos, conhecer profundamente sua audiência e entregar valor de modo constante são estratégias eficazes para construir uma base sólida. Os dados mostram que tamanho de audiência não é tudo: engajamento e confiança pesam mais.
É possível que os criadores de conteúdo passem a monetizar mais no futuro?
A tendência é de evolução. Com o amadurecimento do mercado, surgimento de novas plataformas, e maior profissionalização, a expectativa é de que mais criadores consigam transformar sua produção digital em fonte de renda principal.
Pensando nisso, a Gen Z já aponta esse caminho, demonstrando preparo, adaptabilidade e domínio tecnológico. Então, com o tempo e também com o fortalecimento de agências, regulamentações mais claras e maior valorização do trabalho do influenciador, espera-se que a fatia de criadores de conteúdo que vivem da internet aumente.
Outro ponto é que também é necessário que marcas e empresas reconheçam o valor dos influenciadores menores, não apenas por seu engajamento, mas pelo poder de formar comunidades leais. Esse reconhecimento pode vir através de contratos justos, remuneração adequada e parcerias de longo prazo.
Vale a pena entrar no mercado de criadores de conteúdo?
Sim, mas com os pés no chão. Em outras palavras, a criação de conteúdo é uma carreira com potencial, mas que exige planejamento, estudo e muito trabalho. Não é um caminho fácil, tampouco rápido.
Para quem deseja ingressar nessa área, é essencial entender que o sucesso não se mede apenas por seguidores ou curtidas, mas pela capacidade de gerar valor real para uma comunidade e estabelecer parcerias sustentáveis.
Esse é um campo fértil, dinâmico e em constante mudança. Ou seja, a chave está em tratar a produção de conteúdo como um negócio, investir em conhecimento e não negligenciar a saúde mental. Apesar de apenas 9% dos criadores de conteúdo monetizar integralmente hoje, esse número pode crescer conforme o mercado amadurece.
Paralelamente, ao considerar os dados e tendências apresentados, é evidente que há espaço para evolução e oportunidades para quem deseja atuar de forma estratégica. Os desafios são reais, mas as possibilidades também. Assim, para quem está começando ou deseja se aprofundar, estudar o cenário, buscar capacitação e investir na construção de uma comunidade fiel é o melhor caminho para se destacar.
Em suma, os criadores de conteúdo podem (e devem) enxergar esse momento como uma oportunidade de transformação e crescimento. Se você quer fazer parte desse grupo seleto que vive da criação digital, é preciso ter uma estratégia e também um propósito.
Quer transformar sua paixão por criar em uma fonte de renda real? Comece agora mesmo sua jornada como um dos criadores de conteúdo que farão parte dos próximos 9% que irão realmente monetizar seu trabalho!