A tecnologia do deep fake tem gerado grande interesse e preocupações na era digital. Ou seja, com a capacidade de criar vídeos, áudios e imagens falsas mas altamente realistas, ela oferece vantagens e riscos ao mesmo tempo. Sendo assim, entender os benefícios e os cuidados necessários com essa tecnologia é essencial para aproveitar o que ela tem de positivo sem comprometer a segurança e a verdade das informações.
Então, vamos explorar tanto os benefícios quanto os cuidados necessários no uso de deep fake. Juntamente com isso, listaremos alguns exemplos de utilização dessa tecnologia, bem como a mesma surgiu.
Benefícios do deep fake
Apesar das controvérsias, o deep fake possui diversas aplicações úteis em setores variados. Desse modo, quando utilizado de maneira ética e responsável, ele pode oferecer benefícios em campos como:
- Entretenimento e cinema: no setor de entretenimento, o deep fake permite a criação de cenas impossíveis com atores que já faleceram, recriando suas performances. Isso já foi visto em filmes de grandes franquias, onde atores antigos “retornam” às telas. Além disso, o deep fake pode ajudar na produção de efeitos visuais mais realistas, reduzindo custos e tempo de pós-produção;
- Educação e história: na educação, é possível recriar personagens históricos, oferecendo uma experiência mais interativa e imersiva para os estudantes através de vídeos. Imaginar uma aula de história com a “presença” de personalidades famosas como Albert Einstein ou Cleópatra torna o aprendizado mais envolvente;
- Marketing e publicidade: no campo do marketing, o deep fake permite personalizar campanhas publicitárias e criar experiências mais próximas para o consumidor. Empresas podem adaptar conteúdos para diferentes públicos, simulando a interação com celebridades de forma personalizada;
- Assistência e saúde mental: em alguns casos, a tecnologia deep fake é utilizada em terapias, especialmente para ajudar pessoas a superarem traumas. A recriação digital de entes queridos, por exemplo, tem sido explorada como uma maneira de terapia para lidar com perdas e saudades;
Cuidados necessários com o deep fake
Mesmo com benefícios, o uso dessa tecnologia requer cautela. Em outras palavras, o uso de forma irresponsável da manipulação de imagens e vídeos pode resultar em problemas graves. Alguns cuidados importantes são:
- Privacidade e consentimento: é fundamental que as pessoas envolvidas em vídeos deep fake autorizem o uso de sua imagem. Criar esse tipo de conteúdo sem o consentimento da pessoa é invasivo e, em alguns casos, ilegal. Essa prática pode violar direitos de imagem e trazer sérias consequências;
- Propagação de desinformação: um dos maiores problemas associados a essa tecnologia é a criação de fake news. Vídeos manipulados podem ser utilizados para criar declarações falsas de figuras públicas, influenciando negativamente o público. Esse tipo de conteúdo pode ser extremamente prejudicial, principalmente em épocas de eleições;
- Uso malicioso e crime: o deep fake também pode ser explorado em crimes cibernéticos. Fraudadores podem criar vídeos falsos de executivos, por exemplo, solicitando transferências bancárias. Em outros casos, a tecnologia é usada para a criação de conteúdo inapropriado e difamatório, como deep fakes pornográficos sem consentimento;
- Segurança digital: a popularização dessa tecnologia coloca novos desafios para a segurança digital. Ferramentas de Inteligência Artificial capazes de detectar vídeos falsos estão em constante aprimoramento, mas nem sempre conseguem impedir a disseminação desses conteúdos. É essencial que usuários e empresas invistam em ferramentas de detecção e fiquem atentos a possíveis fraudes;
Exemplos de uso dessa tecnologia
O uso do deep fake já é amplamente documentado. Em primeiro lugar, grandes produções usaram essa tecnologia para homenagear atores falecidos. Nesse sentido, em filmes da franquia “Star Wars”, por exemplo, usou-se a mesma para trazer de volta personagens com a aparência original dos atores que já haviam falecido.
Segundamente, no YouTube, há inúmeros vídeos de deep fake em que figuras públicas como políticos e celebridades aparecem em situações engraçadas. Dessa forma, geralmente utilizam-se esses vídeos para entretenimento e paródia, sendo uma forma leve de explorar a tecnologia.
Em paralelo, instituições educacionais utilizam deep fake para recriar figuras históricas. Em campanhas educativas, personagens famosos são reconstituídos para ensinar sobre história ou ciência, criando uma experiência visual que é mais rica e também mais interativa.
Por fim, algumas empresas exploram essa tecnologia com o intuito de criar vídeos personalizados para funcionários e clientes. Em outras palavras, é possível simular mensagens corporativas com figuras públicas ou executivos da empresa. Isso é algo que promove a identidade da marca de maneira inovadora.
Como surgiu essa tecnologia?
A tecnologia do deep fake surgiu a partir de avanços na Inteligência Artificial e redes neurais. Utilizando principalmente redes neurais de aprendizado profundo (deep learning), ela cria imagens e vídeos de modo cada vez mais realista. Dessa forma, o termo é derivado da combinação de “deep learning” (aprendizado profundo) e “fake” (falso), e ganhou popularidade em 2017, com a divulgação de vídeos manipulados.
Sendo assim, pesquisadores que buscavam desenvolver IA capaz de reconhecer e reproduzir rostos foram os responsáveis por realizar os primeiros experimentos com a tecnologia.
A partir dessas pesquisas, surgiram redes neurais como as GANs (Generative Adversarial Networks), que foram a base para a criação dos primeiros vídeos deep fake. As GANs trabalham em um sistema de competição entre duas redes: uma que tem a função de criar imagens e outra que tem a função de verificar a autenticidade, levando à criação de conteúdo altamente realista.
Com o desenvolvimento de algoritmos mais sofisticados, a tecnologia se expandiu rapidamente. Hoje, é possível encontrar diversos aplicativos e plataformas que permitem a criação de vídeos deep fake sem necessidade de conhecimentos avançados de programação. No entanto, essa popularização também gerou preocupações quanto ao uso ético e seguro da tecnologia.
Em conclusão, o deep fake representa uma das tecnologias mais intrigantes e, ao mesmo tempo, desafiadoras dos últimos anos. Portanto, suas aplicações em entretenimento, marketing e educação mostram o potencial criativo que ela possui. Apesar disso, os riscos associados, como a propagação de desinformação e violações de privacidade, exigem um uso consciente e regulamentado.