Fake News: como as IAs estão influenciando as eleições 2024?

As eleições têm sido tradicionalmente um momento crucial para o exercício da democracia, onde os cidadãos escolhem seus representantes com base em informações disponíveis. Contudo, a disseminação de fake news, ou notícias falsas, tornou-se uma ameaça crescente.

Nesse sentido, isso acontece especialmente com o advento das tecnologias de Inteligência Artificial (IA). Desse modo, as eleições de 2024 estão sendo um campo de batalha digital sem precedentes, onde as IAs desempenham um papel central na propagação e no combate às notícias falsas.

Então, explicaremos o que são as fake news e também revisitamos exemplos notáveis delas em eleições passadas. Adicionalmente, iremos discutir como as Inteligências Artificiais estão influenciando as eleições de 2024, bem como refletir sobre maneiras de garantir que elas não sejam usadas para propagar notícias falsas.

O que são as fake news?

Fake news, ou notícias falsas, são informações enganosas ou totalmente fabricadas, projetadas para parecerem verdadeiras. Sendo assim, diversos objetivos podem motivar a criação delas, desde o lucro financeiro até a manipulação política. Com a proliferação das redes sociais, as fake news encontraram um terreno fértil para se espalhar rapidamente, confundindo o público e polarizando opiniões.

Essas notícias muitas vezes são elaboradas para apelar às emoções, utilizando manchetes sensacionalistas, imagens manipuladas ou até mesmo falsos testemunhos. A intenção é capturar a atenção do público, incitando reações viscerais que promovem o compartilhamento dessas informações sem verificação prévia.

Portanto, é essa virilidade que torna as notícias falsas particularmente perigosas, pois uma vez que ocorre a disseminação ampla de uma informação falsa, torna-se difícil contê-la ou desmenti-la.

Nos últimos anos, aconteceu a amplificação da capacidade de disseminar fake news com o uso de tecnologias avançadas, como por exemplo a IA. Essas tecnologias permitiram a criação de conteúdos falsos cada vez mais sofisticados, como deepfakes, que são vídeos ou áudios falsificados de forma realista.

As fake news estão cada vez mais presentes na sociedade e representam uma ameaça para diversos setores e processos, como as eleições.
As fake news estão cada vez mais presentes na sociedade e representam uma ameaça para diversos setores e processos, como as eleições. | Foto: DALL-E 3

Exemplos notáveis de notícias falsas em eleições passadas

Campanhas de desinformação frequentemente assolam as eleições ao redor do mundo. Um dos exemplos mais marcantes foi a eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016.

Durante essa eleição, houve a disseminação de uma vasta quantidade de fake news nas redes sociais, influenciando a percepção do público sobre os candidatos. Nesse sentido, notícias falsas sobre os candidatos Hillary Clinton e Donald Trump circularam amplamente, com algumas alegações infundadas chegando a ser compartilhadas milhões de vezes.

Outro exemplo é o referendo do Brexit no Reino Unido, também no ano de 2016. Notícias falsas sobre os supostos benefícios de sair da União Europeia, bem como desinformação sobre o impacto da imigração, influenciaram significativamente o resultado. Logo, bots e contas automatizadas, que usaram IA para disseminar a mensagem de forma coordenada, impulsionaram consideravelmente essas campanhas.

Por fim, em 2018, uma grande quantidade de fake news marcaram as eleições no Brasil. Utilizaram-se imagens manipuladas, textos enganosos e até mesmo vídeos deepfake para atacar candidatos, desviar a atenção dos eleitores e criar uma atmosfera de confusão e desconfiança. A velocidade e o alcance das redes sociais tornaram essa eleição um campo fértil para a disseminação de desinformação, com impacto direto no resultado final.

Como as IAs estão influenciando as eleições 2024?

As eleições de 2024 estão ocorrendo em um ambiente onde a Inteligência Artificial é mais avançada e acessível do que nunca. Uma das maneiras pelas quais as IAs estão influenciando as eleições é através da criação de fake news altamente sofisticadas.

Em outras palavras, algoritmos de Inteligência Artificial geram textos, imagens e até mesmo vídeos que são quase indistinguíveis dos conteúdos autênticos. Isso torna ainda mais difícil para o público discernir a verdade da ficção.

Além disso, estão utilizando as Inteligências Artificiais para segmentar eleitores com uma precisão sem precedentes. Algoritmos analisam vastas quantidades de dados pessoais, incluindo preferências políticas, padrões de consumo de mídia e comportamento nas redes sociais para identificar os eleitores mais suscetíveis a acreditar em notícias falsas.

Com base nisso, as IAs personalizam as fake news de forma a maximizar seu impacto, adaptando a mensagem ao perfil específico de cada usuário. Paralelamente, outro aspecto preocupante é o uso de bots e redes de contas automatizadas para amplificar a disseminação de notícias falsas.

Nesse sentido, programam-se essas redes para agir de forma coordenada, compartilhando e promovendo conteúdos falsos em um curto espaço de tempo. Isso é algo que cria uma falsa percepção de consenso ou urgência. Como resultado, informações falsas dominam as discussões online, moldando a narrativa eleitoral e influenciando o comportamento de voto.

Como garantir que o uso de IAs para propagar fake news não ocorra?

Diante do crescente uso de Inteligência Artificial na propagação de notícias falsas, é crucial desenvolver estratégias para reduzir esse risco. Uma das abordagens mais eficazes é a implementação de regulamentações específicas que responsabilizem as plataformas digitais pela disseminação de informações.

Dessa forma, essas regulamentações poderiam exigir maior transparência no uso de algoritmos, além de penalidades para empresas que permitam a disseminação de fake news sem monitoramento adequado.

Em adição, investir em tecnologias que detectem e combatam notícias falsas em tempo real é igualmente essencial. É possível desenvolver ferramentas com base em IA para identificar conteúdos falsos, analisar sua autenticidade e desmantelar redes automatizadas que promovem desinformação.

Do mesmo modo, a integração de ferramentas de verificação de fatos nas plataformas sociais pode alertar os usuários sobre a veracidade das informações que consomem. Juntamente com isso, a educação digital também é vital.

Logo, capacitar os cidadãos a reconhecer e resistir à manipulação digital através de programas de alfabetização midiática pode diminuir a propagação de fake news. Tais programas ensinam a verificar fontes, questionar conteúdos suspeitos e entender como as IAs podem distorcer a realidade.

Por último, a colaboração internacional é importante, visto que campanhas de desinformação muitas vezes cruzam fronteiras. Governos, ONGs e empresas de tecnologia devem trabalhar juntos para estabelecer normas globais que combatam a propagação de desinformação e protejam a integridade das eleições.

Em suma, as fake news representam uma ameaça significativa à integridade das eleições de 2024, com as tecnologias de IA exacerbando isso. Assim, entender o que são as notícias falsas, como se usaram elas em eleições passadas e o papel que as mesmas desempenham atualmente, é necessário desenvolver estratégias para o melhor uso possível.

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