Novo Papa: Vaticano adota sistema “anti-tecnologia” para conclave

A escolha do novo Papa é um dos eventos que a comunidade católica mundial e os observadores atentos aos movimentos da Santa Sé mais aguardam. Dessa maneira, à medida que o conclave se aproxima, o Vaticano reforça sua tradicional postura de sigilo absoluto.

Para isso, ele está adotando um rigoroso sistema “anti-tecnologia” com o intuito de garantir que nenhuma informação vaze durante o processo. Nesse sentido, o objetivo é proteger a confidencialidade da escolha do sucessor de Francisco, mantendo intacto o mistério e a solenidade que envolvem o anúncio do escolhido para o posto.

Logo, neste artigo, entenderemos o sistema “anti-tecnologia” para o conclave do novo Papa, bem como exploraremos outras medidas do Vaticano para a votação. Juntamente com isso, iremos explicar como funciona o processo do conclave e também refletir sobre o que a nova proteção representa. Ademais, pensaremos porque a escolha de um novo comandante da Igreja Católica é tão importante.

Entenda o sistema “anti-tecnologia” para o conclave do novo Papa

Começa nesta semana o conclave, a votação que irá definir a escolha do próximo pontífice que ocupará o lugar de Francisco como chefe de Estado do Vaticano e líder espiritual de mais de 1,3 bilhão de católicos ao redor do mundo. 

A votação se iniciará nesta quarta-feira, 7 de maio, à tarde, no horário da Itália. Muitas pessoas consideram esse um dos conclaves mais midiáticos da história (especialmente pela relevância global do Papa Francisco), e o evento está cercado de protocolos de segurança rigorosos.

Mesmo sem haver uma confirmação oficial do Vaticano, a imprensa italiana relata que o Vaticano reativará e ampliará o sistema tecnológico do conclave de 2013. Nesse sentido, um dos principais dispositivos é a instalação de um piso falso na Capela Sistina. Sob ele, colocam-se bloqueadores de sinal que impedem a transmissão de dados por meios eletrônicos, garantindo que nenhuma comunicação externa ocorra durante a votação.

Outro recurso fundamental é a construção de uma “gaiola de Faraday” ao redor da Capela Sistina. Trata-se de um compartimento feito com materiais condutores que bloqueiam qualquer tipo de radiação ou onda eletromagnética. Essa técnica impede que sinais de rádio, celulares ou equipamentos de escuta consigam penetrar ou sair do local.

Além disso, há inspeções diárias com detectores de metais feitas por funcionários do Vaticano, tanto na Capela Sistina quanto na Domus Sanctae Marthae, local onde se hospedam os cardeais durante o conclave. O objetivo é evitar a entrada de dispositivos espiões, como por exemplo microfones ocultos ou equipamentos de gravação.

A proteção da Capela Sistina

O uso da Capela Sistina como cenário do conclave não é apenas simbólico, mas também estratégico. Sua estrutura favorece o isolamento físico, sendo um dos locais mais seguros e discretos do Vaticano. Dessa maneira, os bloqueadores de sinal e a “gaiola de Faraday” se somam ao controle rígido da entrada, que limita o acesso somente aos cardeais eleitores e alguns poucos funcionários essenciais.

Em conjunto a isso, câmeras de segurança monitoram os arredores do local, embora sem invadir a privacidade das reuniões secretas. O objetivo é detectar movimentos suspeitos, tentativas de invasão ou qualquer violação das regras que o cerimonial vaticano estabelece.

Outras medidas do Vaticano para a votação do novo Papa

A desconexão completa dos cardeais com o mundo externo é uma das principais garantias de imparcialidade e sigilo do processo. Durante o conclave, os eleitores não têm acesso a celulares, computadores, internet, televisão ou qualquer forma de comunicação. Em adição, não podem ler jornais, revistas ou até mesmo receber correspondências.

Essa regra rígida visa eliminar qualquer tipo de influência externa sobre o voto de cada um dos cardeais. Vale ressaltar que essa medida inclui até materiais religiosos ou cartas com orientações espirituais e eles não podem enviar ou receber nem mesmo documentos impressos durante os dias do conclave.

O juramento de silêncio

Antes do início do conclave, os cardeais fazem um juramento solene no qual prometem não utilizar ou portar qualquer tipo de dispositivo transmissor, receptor ou fotográfico. Do mesmo modo, a promessa se estende inclusive após a eleição do novo Papa, a menos que uma permissão especial e explícita seja concedida.

Na primeira reunião de votação, todos os participantes reafirmam esse compromisso com a confidencialidade, declarando manter “sigilo escrupuloso” sobre tudo o que for tratado dentro e fora da Capela Sistina, tanto antes quanto durante o conclave.

Este ano, 133 cardeais com direito a voto participarão do processo. Esse é o maior número da história. Todos eles estarão sujeitos às mesmas regras, o que irá garantir uma votação equânime e secreta.

Inspeções e vigilância constante

A vigilância vai além da Capela Sistina. Como dissemos, as dependências onde os cardeais ficam hospedados também são alvos de inspeções regulares. Por fim, há uma seleção cuidadosa até mesmo o papel que se utiliza nos votos para não conter elementos rastreáveis.

Como funciona o conclave do novo Papa?

O conclave segue regras que são que o direito canônico define e também por normas específicas estabelecidas por papas anteriores. Para que um cardeal seja eleito, é necessário obter ao menos dois terços dos votos. Esse é um critério que visa alcançar consenso e legitimidade.

As votações ocorrem em ciclos diários, com até quatro escrutínios por dia: dois pela manhã e dois à tarde. Se após três dias não houver consenso, é decretada uma pausa de 24 horas dedicada à oração e reflexão. Esse intervalo pode ser renovado após cada conjunto de sete votações sem sucesso.

A eleição e o anúncio

Quando um cardeal alcança os votos necessários, é feita uma pergunta formal: “Aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice?” Caso o mesmo aceite, ele deve escolher um novo nome papal, que será usado a partir daquele momento.

O novo Papa então é levado à chamada “Sala das Lágrimas”, onde ele se prepara com os paramentos papais. Após os ritos simbólicos e preparação litúrgica, ele é conduzido à sacada da Basílica de São Pedro, onde o cardeal protodiácono faz o anúncio solene: “Habemus Papam”. Neste instante, o nome do novo Papa é revelado ao mundo, encerrando um dos rituais mais secretos e sagrados da Igreja Católica.

Depois da conclusão do processo do conclave, o novo Papa é apresentado ao mundo.
Depois da conclusão do processo do conclave, o novo Papa é apresentado ao mundo. | Foto: DALL-E 3

O que esse sistema “anti-tecnologia” na votação do novo Papa representa?

Mais do que uma questão de segurança, o sistema “anti-tecnologia” que o Vaticano adota é algo que simboliza o respeito pela tradição e pela espiritualidade que permeia o processo de escolha do pontífice. A ausência de dispositivos eletrônicos e a desconexão total do mundo moderno durante o conclave reforçam a natureza transcendente da missão papal.

Nesse sentido, a Igreja entende que a escolha do Papa não é apenas uma decisão administrativa, mas um ato de discernimento espiritual. Ou seja, eliminar interferências externas ajuda a preservar a pureza dessa escolha, permitindo que cada cardeal se concentre apenas na oração, reflexão e no bem da Igreja.

Juntamente com isso, em uma era onde a hiperconectividade e a velocidade da informação são marcantes, o conclave se apresenta como um contraponto radical: um espaço de silêncio, sigilo e solenidade.

Um modelo para o mundo?

Há quem veja nas práticas do conclave um exemplo de como seria possível tomar decisões importantes com mais introspecção e menos ruído externo. Sendo assim, em um mundo onde vazamentos, pressões midiáticas e influência digital estão em toda parte, o Vaticano propõe um modelo oposto, e, paradoxalmente, mais impactante por sua sobriedade.

Por que o conclave de um novo Papa é tão importante?

A eleição de um novo Papa é um momento de transição profunda para a Igreja Católica. O pontífice não apenas lidera espiritualmente os fiéis, mas também desempenha papel central na política internacional, no diálogo inter-religioso, nas questões sociais e morais do nosso tempo.

Cada Papa traz consigo uma visão particular sobre temas cruciais, como reforma da Cúria, combate a abusos, ecumenismo, pobreza e até mesmo meio ambiente. Por isso, o conclave não representa apenas uma sucessão, mas a definição de rumos para os próximos anos, ou até mesmo décadas, da Igreja.

Continuidade e renovação

O novo Papa será chamado a equilibrar continuidade com inovação, tradição com atualidade. E isso é algo que exige uma escolha cuidadosa, feita com total liberdade de consciência pelos cardeais. 

Portanto, ao blindar o conclave com medidas anti-tecnologia, o Vaticano assegura que essa escolha seja genuína, inspirada e fiel aos valores da Igreja. O impacto do novo pontífice transcende as fronteiras do Vaticano. Sua figura influenciará debates políticos, decisões diplomáticas e até comportamentos sociais em escala global.

Em resumo, a escolha do novo Papa, feita sob rígido sistema “anti-tecnologia”, representa não apenas a preservação de um ritual centenário, mas também a resistência ativa a uma era de hiperexposição e vigilância constante. O conclave reafirma a espiritualidade como guia de uma das instituições mais antigas do mundo, unindo tradição, fé e discrição em uma cerimônia singular. 

Se você quer acompanhar tudo sobre o conclave e a escolha do novo Papa e entender todos os impactos desse evento histórico, continue a acompanhar o tema e fique por dentro das próximas atualizações sobre isso.

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