Nos últimos anos, a moda tem passado por transformações significativas que refletem mudanças nos comportamentos sociais e nas prioridades dos consumidores. Dessa forma, uma dessas transformações é a ascensão do quiet luxury (ou luxo silencioso), um estilo que se distancia de logotipos chamativos, ostentação e tendências efêmeras.
Sendo assim, ao invés disso, ele privilegia qualidade, discrição e atemporalidade. Em outras palavras, tal fenômeno, já consolidado entre os super ricos, está reformulando a maneira como o luxo é percebido e consumido.
Assim, neste artigo, iremos explicar o que é o quiet luxury e também explorar os motivos pelos quais esse conceito é tendência entre os super ricos. Juntamente com isso, pensaremos se é possível que ele se expanda para mais grupos da sociedade, bem como refletiremos se é possível que vejamos um movimento contrário ao mesmo. Por fim, iremos elencar algumas lições que podem ser aprendidas com esse contexto.
O que é a tendência de quiet luxury?
Traduzido como luxo silencioso ou luxo discreto, o quiet luxury é uma ideia que representa uma mudança no modo de expressar a sofisticação. Ou seja, em vez de logomarcas evidentes, o destaque está na qualidade dos materiais, no corte preciso das roupas e na estética minimalista.
É válido ressaltar que a inspiração desse movimento vem do minimalismo dos anos 90, com uma reinterpretação moderna: um guarda-roupa atemporal, composto por peças que são tanto duráveis quanto refinadas.
Materiais e estética do quiet luxury
As roupas desse estilo são confeccionadas com tecidos nobres e naturais como por exemplo cashmere, linho, lã pura, seda e algodão egípcio. Essas matérias-primas conferem não só conforto e durabilidade, mas também uma aparência elegante, mesmo nas peças mais simples.
Dessa forma, as cores neutras dominam o guarda-roupa do quiet luxury: tons como branco, off-white, bege, caramelo, cinza e preto formam uma paleta que é versátil, sóbria e altamente refinada.
Detalhes que fazem toda a diferença
O cuidado com os acabamentos é fundamental. Em tal sentido, costuras invisíveis, botões quase imperceptíveis, zíperes funcionais e peças ajustadas ao corpo compõem o look do quiet luxury. Logo, a sofisticação está nos detalhes e no caimento impecável das roupas, e não em símbolos externos de riqueza.
A conexão com o slow fashion
Mais do que um estilo visual, o quiet luxury também está fortemente ligado ao movimento slow fashion. Essa é uma vertente que defende o consumo consciente, a valorização do trabalho artesanal e a produção em pequena escala.
Ou seja, ao invés de se submeter ao ciclo acelerado da moda, os adeptos do quiet luxury preferem adquirir poucas peças, de alta qualidade, que resistam ao tempo tanto estética quanto materialmente.
Essa escolha, embora acessível apenas a quem pode pagar valores elevados, sinaliza uma mudança na mentalidade de consumo das elites: menos é mais, e a sofisticação está na discrição.
Por que o quiet luxury é uma tendência entre os super ricos?
Nas últimas décadas, ostentar marcas e símbolos de riqueza foi uma maneira comum de demonstrar status. Entretanto, o verdadeiro luxo agora está em não precisar provar nada a ninguém.
O quiet luxury conquistou os super ricos justamente por seu caráter discreto. Isso se deve ao fato de que as pessoas que realmente possuem muito dinheiro e bom gosto preferem comunicar isso de maneira sutil.
Em outras palavras, isso é feito por meio de um suéter de cashmere perfeitamente costurado, e não por uma camiseta com o nome de uma marca estampado em letras garrafais.
Marcas que representam o quiet luxury
Ainda que muitas pessoas tentem reproduzir esse estilo com peças básicas, o verdadeiro quiet luxury exige um nível de refinamento e investimento inacessível para a maioria. Em tal sentido, as grifes que incorporam esse conceito incluem nomes como por exemplo:
- Loro Piana: famosa pelos tecidos de altíssima qualidade, como a lã vicunha;
- Hermès: reconhecida mundialmente por seus produtos de couro discretos e duráveis;
- MaxMara: conhecida por sua alfaiataria feminina e paleta neutra;
- Bottega Veneta: referência no “no logo” desde os anos 2000, com design sofisticado.
Portanto, todas essas marcas trabalham com materiais exclusivos, produção artesanal e uma atenção minuciosa aos detalhes. Seus produtos não precisam de logomarcas visíveis para transmitir valor, pois a excelência fala por si.
Um estilo para quem já conquistou tudo
O quiet luxury é, em essência, um símbolo de confiança e estabilidade financeira. Ao contrário de quem sente a necessidade de mostrar riqueza, os adeptos desse estilo são geralmente pessoas que não precisam provar nada. Para elas, a elegância está na discrição, e o verdadeiro luxo está no conforto, na qualidade e na exclusividade silenciosa.
É possível que o quiet luxury se expanda para mais grupos da sociedade?
O desejo de consumir de forma mais consciente
Mesmo que o quiet luxury permaneça, na prática, restrito a um nicho de consumidores de alto poder aquisitivo, ele tem influenciado o comportamento de compra de outros segmentos da sociedade. Sendo assim, a valorização da durabilidade, do bom corte e da neutralidade estética tem sido incorporada por marcas mais acessíveis, como por exemplo COS, Uniqlo e Everlane.
Essas marcas oferecem peças básicas, bem-feitas e com design atemporal, inspiradas nos princípios do quiet luxury. Ou seja, não têm o mesmo nível de exclusividade das grifes de alto luxo, mas permitem que um público mais amplo adote uma estética parecida e mais consciente.
Inspiração para uma nova forma de consumo
O mais importante é que o quiet luxury traz uma nova maneira de enxergar o consumo de moda. Isso se deve ao fato de que ele sugere que vale mais investir em uma peça de qualidade do que em várias peças descartáveis. Nesse sentido, tal lógica, mesmo quando aplicada em escalas diferentes, é algo que contribui para um comportamento de consumo que seja mais sustentável e ético.

Podemos ver um movimento contrário ao quiet luxury?
A ascensão do “mob wife aesthetic” e do “dopamine dressing”
Ao mesmo tempo em que o quiet luxury cresce, surgem movimentos contrários (e igualmente fortes) na moda. Estilos como o “mob wife aesthetic”, com seus casacos de pele, joias grandes, maquiagem marcada e visual exagerado, aparecem como resposta direta à estética contida do quiet luxury.
Da mesma forma, o dopamine dressing, que valoriza roupas coloridas, estampadas e divertidas, busca estimular emoções positivas através do visual. Tais estilos dialogam com diferentes personalidades e momentos sociais. Em tempos de crise, por exemplo, há quem prefira expressar identidade por meio de cores e ousadia, como uma forma de afirmação e resistência.
A moda como espelho da sociedade
A existência simultânea de estilos opostos revela que a moda continua sendo um espelho multifacetado da sociedade. Enquanto o quiet luxury representa uma elite discreta, os estilos exuberantes falam com públicos que desejam se destacar ou afirmar identidade através da aparência. Ou seja, ambos os movimentos coexistem e se retroalimentam, reafirmando que a moda é tão diversa quanto seus consumidores.
Lições a aprender com a tendência de quiet luxury
Menos quantidade, mais qualidade
Uma das principais lições do conceito de quiet luxury é a valorização da qualidade sobre a quantidade. Sendo assim, essa perspectiva pode ser aplicada mesmo por quem não tem acesso a grifes caríssimas. Buscar roupas que durem mais, que combinem entre si e que ofereçam conforto e estilo é uma prática que beneficia não só o guarda-roupa, mas também o planeta.
A estética do silêncio
Em um mundo repleto de estímulos visuais, redes sociais e tendências passageiras, o quiet luxury nos convida a apreciar o silêncio visual. Desse modo, estar bem-vestido sem chamar atenção pode ser libertador. Ou seja, é uma elegância que não depende de aprovação alheia, mas de autoconhecimento e gosto refinado.
O luxo como experiência e não exibição
Outro aprendizado importante é que o luxo não precisa ser barulhento. Por outro lado, pode estar em uma costura que seja perfeita, em um tecido que dura décadas, em um sapato que é feito à mão. Logo, o verdadeiro luxo está na experiência que uma peça proporciona, e não no status que ela aparenta oferecer.
Sustentabilidade e ética na moda
Finalmente, o quiet luxury ressalta a importância de refletirmos sobre nossos hábitos de consumo. Em vez de seguir cada nova tendência, vale mais considerar o impacto ambiental e social das nossas escolhas. Mesmo que a estética seja inacessível para a maioria, o espírito da tendência (consumir menos, melhor e com mais propósito) é valioso para todos.
Em conclusão, o quiet luxury é mais do que uma moda passageira entre os super ricos, pois também é uma nova filosofia de consumo e estilo que valoriza o silêncio, a qualidade e o tempo. Nesse sentido, em um mundo saturado de informações e produtos, ele surge como uma forma elegante de resistência e um convite para refletirmos sobre o que, de fato, queremos vestir e consumir.
Quer conhecer mais sobre o universo do quiet luxury e como ele pode transformar a maneira como você vê a moda? Continue acompanhando conteúdos sobre o tema e mergulhe nessa tendência que redefine o verdadeiro significado de luxo!