Obsolescência programada: o conceito presente nos iPhones.

A obsolescência programada é um conceito cada vez mais presente no debate sobre consumo sustentável e tecnologia. Nesse sentido, refere-se à prática de projetar produtos que têm data de validade, forçando os consumidores a substituí-los de maneira periódica.

Esse fenômeno é amplamente observado em diversos setores, especialmente na indústria de eletrônicos. Dessa forma, entre os exemplos mais emblemáticos está o iPhone, produto carro-chefe da Apple. Com lançamento em 2007, o iPhone rapidamente se tornou um dos dispositivos mais populares do mundo.

No entanto, ao longo dos anos, muitos usuários começaram a notar que seus aparelhos apresentavam quedas de desempenho e outros problemas após certos períodos de uso. Sendo assim, se levantaram questionamentos sobre a durabilidade intencionalmente limitada desses dispositivos.

Logo, vamos explorar em detalhes os conceitos de obsolescência programada, os objetivos das empresas ao adotarem essa prática e como os iPhones exemplificam essa estratégia. Além disso, discutiremos outros produtos que seguem esse mesmo padrão, oferecendo uma visão abrangente sobre o tema.

O que é a obsolescência programada?

O conceito da obsolescência programada refere-se à prática de projetar produtos com uma vida útil limitada, incentivando os consumidores a substituí-los regularmente. Esse conceito pode se manifestar de diversas formas: desde a redução deliberada da durabilidade dos componentes até a introdução dos novos modelos que tornam os anteriores obsoletos. Então, existem diferentes tipos de obsolescência programada: 

  • Obsolescência de função: essa classe ocorre quando um produto se torna inadequado para seu propósito devido a inovações tecnológicas ou mudanças nos padrões de uso;
  • Obsolescência de qualidade: o modelo refere-se à fabricação de produtos com materiais ou componentes de menor qualidade. Desse modo, esses dispositivos irão se desgastar com maior rapidez;
  • Obsolescência de desejo: impulsionada pelo marketing, onde se convence os consumidores de que precisam do modelo com lançamento mais recente, mesmo que o atual ainda funcione muito bem;

Qual o objetivo das empresas com esse conceito?

As empresas adotam a obsolescência programada por diversos motivos. Nesse sentido, a maior parte deles estão principalmente relacionados à maximização dos lucros que serão obtidos nas vendas.

Primeiramente, há a busca por aumento das vendas. Sendo assim, ao limitar a vida útil dos produtos, as companhias garantem que os consumidores precisem substituí-los mais frequentemente. Logo, acontece a impulsão das vendas de novos modelos.

Juntamente com isso, elas procuram fidelizar os clientes. Em outras palavras, a introdução constante de novos produtos cria uma lealdade à marca. Assim, as firmas contam com consumidores ansiosos para adquirir as últimas novidades.

Além disso, os negócios pensam em reduzir custos. Projetar produtos com vida útil mais curta pode reduzir os custos de produção, já que componentes mais baratos podem ser utilizados.

Por último, as empresas consideram a inovação contínua. Então, pode-se justificar a obsolescência programada como um incentivo à inovação. Isso supostamente força as instituições a melhorar de modo constante os seus produtos.

Por que os iPhones são um exemplo de obsolescência programada?

Os iPhones, smartphones da gigante tecnológica Apple, são frequentemente citados como um exemplo claro de obsolescência programada por várias razões. Entre elas podem ser citadas: 

  1. Atualizações de software: a Apple lança regularmente novas versões de iOS, seu sistema operacional. Embora essas atualizações tragam melhorias e novos recursos, elas também podem tornar os modelos antigos mais lentos e menos eficientes. Portanto, muitos usuários relatam que seus iPhones começam a ter desempenho reduzido após algumas atualizações, incentivando a compra de um novo;
  1. Baterias não removíveis: a introdução de baterias não removíveis em iPhones dificulta a substituição das mesmas quando começam a perder capacidade. Sendo assim, embora a Apple ofereça serviços de substituição de bateria, o custo e a conveniência levam os consumidores a optar por um novo modelo na maioria das vezes;
  1. Design e marketing: a Apple é conhecida por seu design elegante e minimalista. Dessa forma, cada novo modelo de iPhone vem com pequenas melhorias e novas funcionalidades, que são amplamente promovidas como revolucionárias. Isso cria um desejo contínuo de atualização entre os consumidores, mesmo que os modelos anteriores ainda estejam em boas condições de uso;
  1. Desempenho deliberadamente reduzido: em 2017, a Apple admitiu que reduzia de maneira deliberada o desempenho dos modelos mais antigos de iPhone. Esse fato ocorreria através de atualizações de software, e a empresa justificou a prática como uma forma de prolongar a vida útil das baterias e evitar desligamentos inesperados. No entanto, muitos viram isso como uma forma de pressionar os usuários a adquirir novos dispositivos;
Quando se fala no conceito de obsolescência programada, os iPhones são exemplos clássicos.
Quando se fala no conceito de obsolescência programada, os iPhones são exemplos clássicos. | Foto: DALL-E 3

Veja outros exemplos

Além dos iPhones, muitos outros produtos são citados frequentemente quando se fala em exemplos de obsolescência programada. Logo, percebe-se que não é uma prática exclusiva da Apple, mas comum em todo o setor da tecnologia.

Em primeiro lugar, temos as impressoras. Muitas delas possuem chips que limitam a quantidade de páginas que podem ser impressas antes de indicarem que o toner ou o cartucho de tinta precisa ser substituído. Esse processo ocorre mesmo que ainda haja tinta disponível nesses objetos.

Do mesmo modo, possuímos as lâmpadas incandescentes. Os modelos originais possuíam uma vida útil significativamente maior se comparada com a das versões modernas. Entretanto, na década de 1920, um cartel de fabricantes decidiu limitar a vida útil das lâmpadas a 1.000 horas com o intuito de aumentar as vendas.

Além disso, podemos falar dos eletrodomésticos. Nesse sentido, frequentemente projeta-se produtos como por exemplo geladeiras, máquinas de lavar e televisores com componentes que desgastam de maneira mais rápida. Dessa forma, existe a necessidade de reparos caros ou até mesmo substituições completas após apenas alguns anos de uso.

Por fim, são citáveis os carros. Há a acusação de que algumas marcas de automóveis projetam veículos com peças que precisam ser substituídas regularmente, bem como o lançamento de modelos a cada ano, o que incentiva a troca frequente dos carros.

Em resumo, a obsolescência programada é uma prática amplamente debatida e criticada por seu impacto no consumo e na sustentabilidade. O exemplo clássico são os iPhones, mas também se produzem outros produtos tecnológicos a partir desse conceito. Para diminuir esses malefícios, é essencial promover a durabilidade dos produtos e o direito ao reparo. Isso pode incentivar um consumo mais sustentável e consciente.

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