O termo pais “tipo C” vem ganhando destaque nas redes sociais e entre especialistas em comportamento familiar. Nesse sentido, em um mundo que ainda cultiva modelos de parentalidade baseados em desempenho e perfeição, surge uma nova categoria que une empatia, flexibilidade e humanidade no cuidado com os filhos.
Dessa maneira, a criação de conteúdo da estadunidense Ashleigh Surratt viralizou no TikTok ao mostrar, de forma bem-humorada, esse novo tipo de pai e mãe que tenta equilibrar as exigências da rotina moderna com o afeto e a intenção de estar presente.
Vale ressaltar que eles fazem isso mesmo sem conseguir dar conta de tudo. Mas, afinal, o que significa ser uma pessoa dentro desse conceito de parentalidade? Como identificar se você faz parte desse grupo? E quais lições podemos aprender com esse movimento?
Assim, neste artigo, explicaremos o que é o conceito de pais “tipo C” e também listaremos alguns sinais para entender um possível encaixe nele. Juntamente com isso, iremos pensar como as pessoas que estão dentro dessa ideia se encaixam na sociedade atual, bem como explorar o que pode ser feito por quem se identificou com ela. Por último, elencaremos algumas lições que podem ser aprendidas com esse contexto.
O que é o conceito de pais “tipo C”?
Se você já lavou apenas um copo porque não deu tempo de limpar a louça inteira, vestiu seu filho com a camiseta do uniforme ainda molhada ou esqueceu de encaminhar aquele item essencial da escola no dia certo, então, bem-vindo: você pode ser um pai ou mãe do tipo C.
Esse estilo de parentalidade surgiu e ganhou visibilidade após um vídeo viral da criadora de conteúdo Ashleigh Surratt no TikTok. Contando com mais de 4,5 milhões de visualizações, seus vídeos mostram, com humor e leveza, situações do cotidiano que pais e mães vivem, mas que raramente são nomeadas e menos ainda, aceitas.
Ashleigh descreve o pai “tipo C” como alguém que está tentando ser responsável e carinhoso ao mesmo tempo, mesmo que nem sempre consiga cumprir todos os padrões estabelecidos pela sociedade ou pela própria autocrítica. Ou seja, ele não é o pai hiperorganizado do “tipo A”, nem o completamente despreocupado do “tipo B”. É o meio termo caótico e amoroso do “tipo C”.
Exemplos que geram identificação imediata
A repercussão foi tão intensa que diversos pais começaram a compartilhar seus próprios relatos. Como a mãe que planeja com antecedência a festa de 1 ano do bebê de 3 meses, mas esquece de colocar o arroz no prato do almoço. Ou aquele pai que tem um kit de primeiros socorros impecável, mas já mandou o filho para a escola sem escovar os dentes.
Essa parentalidade realista, que reconhece falhas e valoriza a tentativa, se conecta com milhares de famílias que vivem a exaustiva missão de cuidar e educar em meio ao caos do dia a dia.
Sinais para entender se você também faz parte dos pais “tipo C”
Vivemos em uma sociedade que constantemente cobra dos pais a excelência: na alimentação, no desenvolvimento emocional dos filhos, no envolvimento escolar, nas redes sociais. Logo, não é surpresa que muitos se sintam sobrecarregados e insuficientes.
Por isso, o conceito dos pais “tipo C” surge como uma ruptura necessária. Vale ressaltar que ele não é uma desculpa para negligência, mas sim uma redefinição daquilo que realmente importa: estar presente com intenção, mesmo que a casa esteja bagunçada ou o jantar tenha saído do micro-ondas.
A parentalidade tipo C é intencional
Segundo a terapeuta familiar Cheryl Groskopf, que foi entrevistada pelo portal Good Morning America, essa nova abordagem é intencional. Em outras palavras, não se trata de desorganização aleatória ou falta de empenho. Pelo contrário: é o reconhecimento de que a conexão com os filhos não precisa, e muitas vezes não pode, depender de perfeição.
A criadora de conteúdo Tara Clark, do podcast Modern Mom Probs, revela que já viveu os dois extremos: o perfeccionismo paralisante e o abandono exausto. Hoje, ela se identifica com o “tipo C”, pois entende que essa forma de cuidar permite improvisar, ajustar expectativas e ainda assim manter uma relação saudável com os filhos.
Tipo C não é burnout
É importante distinguir: no burnout parental, há esgotamento extremo, distanciamento emocional e sensação de fracasso contínuo. Já nos pais “tipo C”, existe presença, mesmo quando há cansaço. Há carinho, mesmo quando há bagunça. Temos a presença de esforço, mesmo quando a energia é pouca. Dessa forma, tal diferença é crucial para entender o valor do conceito.

Como os pais “tipo C” se encaixam na sociedade atual?
Pais extremamente rígidos, muitas vezes do “tipo A”, criam ambientes previsíveis, mas emocionalmente tensos. Já pais extremamente permissivos, geralmente do “tipo B”, podem gerar insegurança nos filhos pela falta de estrutura.
Sendo assim, os pais “tipo C” encontram-se no meio-termo. Eles estabelecem rotinas, ainda que flexíveis, e oferecem acolhimento, mesmo quando tudo parece fora de controle. Isso cria uma sensação de segurança emocional valiosa para o desenvolvimento infantil.
A construção da confiança
A terapeuta Brené Brown costuma dizer que a verdadeira confiança se constrói na imperfeição. Esse é um dos pilares do modelo “tipo C”: ensinar às crianças que o mundo pode ser imprevisível e, ainda assim, seguro. Portanto, ao mostrar que não é preciso ser perfeito para ser digno de amor, os pais “tipo C” oferecem uma lição essencial de humanidade.
Tal abordagem não apenas reduz a ansiedade infantil como também fortalece vínculos familiares. Em vez de tentar controlar tudo, os pais aceitam os imprevistos e os acolhem como parte natural da vida.
Me identifiquei com o conceito de pais “tipo C”. E agora?
Se você cresceu acreditando que ser um bom pai ou mãe exigia controle absoluto, metas rígidas e sacrifícios constantes, abraçar o “tipo” C pode parecer algo libertador, mas também desafiador. Afinal, o modelo tradicional ainda exerce pressão, mesmo que seja silenciosa.
O primeiro passo é abrir mão da culpa. Em outras palavras, não ter tempo para brincar todos os dias não faz de você um pai ausente. Adicionalmente, esquecer uma tarefa da escola não define sua competência. Desse modo, a parentalidade real é feita de tentativas, não de perfeição.
Equilíbrio entre ação e compaixão
O “tipo C” também sabe ser “tipo A” quando necessário: ele organiza planilhas, marca consultas, resolve problemas. Mas faz isso sem perder o olhar afetuoso, a escuta ativa e o abraço no fim do dia. Sendo assim, esse equilíbrio é poderoso e, muitas vezes, mais eficaz do que a rigidez.
Então, é sobre estar presente mesmo quando não se tem todas as respostas. Sobre aceitar que a louça vai acumular, que o cansaço vai bater, mas que o vínculo com o filho está em primeiro lugar.
A verdade por trás do caos
No fim das contas, os pais “tipo C” são aqueles que aprenderam a viver entre o ideal e o possível. Que trocam o manual de regras por um roteiro mais honesto, construído com empatia, vulnerabilidade e presença. Se sua cama está desfeita, o jantar atrasado e o uniforme molhado, mas seu filho sabe que é amado, você está fazendo certo.
Lições a aprender com o conceito de pais “tipo C”
1. Humanizar a parentalidade
A principal lição desse movimento é lembrar que pais também são humanos. Têm limitações, inseguranças, cansaço, dúvidas. E tudo bem. O amor não mora na perfeição, mas no esforço diário de estar junto.
2. Cultivar a escuta ativa
Em vez de impor, os pais “tipo C” escutam. Tentam entender o que os filhos precisam emocionalmente, mesmo quando estão dizendo o oposto. Isso fortalece o vínculo e cria filhos mais seguros e comunicativos.
3. Ensinar resiliência
Ao mostrar que erros são parte da vida, os pais “tipo C” ensinam seus filhos a lidarem com frustrações. Não se trata de fracassar, mas de tentar de novo, com coragem, empatia e flexibilidade.
4. Priorizar conexão ao invés de perfeição
Os momentos mais marcantes da infância raramente têm a ver com rotinas impecáveis ou refeições gourmet. Eles acontecem nos detalhes: no colo depois de um dia difícil, no “tudo bem” quando algo deu errado, no “eu te amo” antes de dormir.
Reconhecer-se como parte do grupo dos pais “tipo C” não é sinal de fracasso, mas de evolução. É admitir que a parentalidade perfeita é uma ilusão e que o que realmente importa é o vínculo, o carinho e a tentativa sincera de estar presente.
Concluindo, em um mundo que exige produtividade a todo custo, escolher ser um pai ou mãe “tipo C” é, de certa forma, um ato de resistência. Isso se deve ao fato de que tal movimento é colocar o amor acima do desempenho, a conexão acima da estética, a presença acima da perfeição.
Quer entender mais sobre o universo dos pais “tipo C” e aprender a abraçar sua própria forma de cuidar? Continue explorando os conteúdos sobre o tema e descubra como transformar a parentalidade em um ato de afeto e verdade, mesmo no meio do caos da rotina.