Satélites da Starlink estão sendo derrubados. Entenda o caso!

Os satélites da Starlink estão enfrentando um desafio inesperado e preocupante: estão sendo derrubados por causa da crescente atividade solar. Isso mesmo, satélites que fazem parte da constelação de internet via satélite da SpaceX, liderada por Elon Musk, estão reentrando na atmosfera terrestre e deixando de funcionar. 

Mas qual a causa disso? Uma combinação crítica de fenômenos espaciais que está impactando de forma direta o comportamento orbital desses equipamentos. Ou seja, à medida que a quantidade de satélites em órbita baixa aumenta e o Sol atinge um pico de atividade sem precedentes, um novo e inquietante cenário se desenha para a operação segura desses artefatos que são essenciais para comunicações modernas.

Logo, neste conteúdo, iremos entender o caso dos satélites da Starlink estarem sendo derrubados e também explorar como esse contexto foi descoberto. Em conjunto a isso, listaremos algumas consequências dessa situação, bem como pensaremos se há soluções para ela. Por último, iremos elencar algumas lições que podem ser aprendidas com a mesma.

O caso dos satélites da Starlink sendo derrubados

Segundo um estudo que foi conduzido por especialistas do Goddard Space Flight Center da NASA, o aumento da atividade do atual ciclo solar está causando efeitos severos sobre os satélites da constelação Starlink. 

Em outras palavras, a pesquisa aponta que o Sol, em sua fase mais ativa do ciclo solar 25, está intensificando significativamente o arrasto atmosférico (a resistência do ar) nas camadas superiores da atmosfera terrestre. 

Desse modo, tal fenômeno é algo que faz com que os satélites percam altitude de maneira progressiva, desacelerem e, em muitos casos, reentrem na atmosfera de uma forma descontrolada. Isso é algo que compromete tanto sua funcionalidade quanto sua integridade.

Por que isso é tão grave?

Dois fatores críticos tornam essa situação especialmente preocupante: o número extremamente elevado de satélites em órbita baixa da Terra, principalmente os da Starlink, que atualmente forma a maior constelação de satélites em operação no mundo e a intensidade do pico de atividade solar, considerada uma das mais fortes das últimas décadas, o que aumenta substancialmente os riscos de perturbações orbitais.

O estudo considera esse cenário como um verdadeiro ponto de inflexão no modo como o arrasto orbital é compreendido em altitudes mais baixas. Sendo assim, a situação demanda atenção urgente da comunidade científica, das empresas envolvidas na exploração espacial e das agências reguladoras. Portanto, tal contexto se faz necessário no intuito de repensar estratégias de redução e garantir a sustentabilidade das operações em órbita terrestre.

Como esse contexto dos satélites da Starlink foi descoberto?

O estudo que evidenciou esse problema teve a liderança do físico espacial brasileiro Denny Oliveira, que é integrante do Goddard Space Flight Center da NASA. Nesse sentido, a pesquisa analisou o comportamento orbital de 523 satélites da constelação Starlink que reentraram na atmosfera terrestre durante os primeiros anos da fase ascendente do ciclo solar 25. 

Dessa maneira, os resultados do estudo revelaram uma correlação direta entre os períodos de maior atividade solar e o aumento significativo na taxa de reentradas não controladas dos satélites.

O que é o ciclo solar 25?

O ciclo solar é um fenômeno natural e periódico que ocorre a cada 11 anos, marcado pela inversão dos polos magnéticos do Sol e pelo aumento na ocorrência de manchas solares, erupções solares e ejeções de massa coronal. 

Sendo assim, o atual ciclo, o 25º desde o início das observações científicas, tem se mostrado mais intenso do que o previsto, com consequências expressivas para a Terra e para as atividades espaciais. Ou seja, entre os efeitos mais evidentes estão:

  • Auroras boreais e austrais mais frequentes e em latitudes incomuns;
  • Aquecimento intenso da alta atmosfera, que eleva a densidade do ar, aumentando o arrasto atmosférico e afetando diretamente a estabilidade orbital dos satélites.

Então, ainda que todos os satélites em órbita baixa sofram impactos, a constelação de satélites da Starlink é especialmente vulnerável, com 8.873 unidades lançadas até hoje e 7.669 ainda em operação.

Um brasileiro foi o responsável por liderar a pesquisa que revelou que os satélites da Starlink estão sendo derrubados.
Um brasileiro foi o responsável por liderar a pesquisa que revelou que os satélites da Starlink estão sendo derrubados. | Foto: DALL-E 3

Consequências dessa situação dos satélites da Starlink

A análise dos cientistas revelou dados que são perturbadores sobre o número de reentradas atmosféricas dos satélites da Starlink desde o início dos lançamentos no ano de 2019:

  • 2020: 2 reentradas;
  • 2021: 78 reentradas;
  • 2022: 99 reentradas;
  • 2023: 88 reentradas;
  • 2024: 316 reentradas (um salto impressionante e irregular).

Dessa forma, tal aumento abrupto é interpretado pelos pesquisadores como uma evidência direta do impacto da atividade solar sobre a estabilidade orbital.

Reentradas silenciosas, mas perigosas

Mais surpreendente ainda é que cerca de 72% das quedas ocorreram em períodos de baixa atividade magnética terrestre. Ou seja, essa porcentagem se refere aos acontecimentos fora de tempestades solares intensas. 

Sendo assim, isso sugere que as órbitas foram se degradando gradualmente até que os satélites perderam a capacidade de se manter no espaço. Vale ressaltar que esse comportamento foi revelado graças aos dados de alta cadência da Starlink, que são registros em intervalos curtos e constantes que permitiram aos cientistas acompanhar, em tempo real, a degradação das órbitas.

Um problema maior do que parece

Juntamente com o risco de perder cobertura de internet e comunicação global (o principal serviço que a Starlink oferece), a reentrada descontrolada de satélites pode representar riscos reais para:

  • Outros satélites em operação, pois aumenta a chance de colisões;
  • Infraestruturas terrestres, se algum fragmento sobreviver à reentrada e atingir o solo;
  • Espaçonaves tripuladas, caso cruzem rotas de queda.

Há soluções para essa questão dos satélites da Starlink?

A principal medida para reduzir os efeitos do aumento do arrasto atmosférico sobre satélites em órbita baixa, especialmente durante as fases mais intensas do ciclo solar, consiste no aprimoramento dos modelos de previsão. Em outras palavras, com previsões que sejam mais precisas, torna-se possível:

  • Antecipar com maior exatidão o comportamento orbital de cada satélite;
  • Executar manobras de correção de órbita de forma mais eficiente e no tempo adequado;
  • Evitar reentradas inesperadas, garantindo maior controle e longevidade das missões espaciais.

Do mesmo modo, a cooperação entre agências espaciais governamentais e empresas privadas, como por exemplo a SpaceX, é essencial para o desenvolvimento de protocolos de emergência. Então, esses protocolos visam proteger as constelações de satélites e manter a estabilidade das redes de comunicação espacial, como a fornecida pela Starlink.

Aumentar a resistência dos satélites

Outra frente de ação importante está no aumento da resistência física e funcional dos satélites da Starlink. Dessa forma, entre as estratégias propostas estão:

  • Revisar o design estrutural dos satélites para torná-los mais aerodinâmicos e, assim, menos afetados pelo arrasto;
  • Melhorar os sistemas de propulsão e controle orbital, permitindo ajustes mais rápidos e precisos;
  • Reduzir o tempo entre a detecção de um risco iminente e a execução da manobra corretiva.

Assim, essas medidas, se implementadas em conjunto, podem garantir maior segurança e eficiência no uso do espaço orbital.

Lições a aprender com o ocorrido dos satélites da Starlink

A importância da previsão espacial

O caso mostra como é essencial o monitoramento constante da atividade solar e também de sua influência no ambiente próximo à Terra. Em outras palavras, com ele, aprendemos que:

  • Mesmo pequenas variações solares podem ter impactos enormes sobre satélites em órbita baixa;
  • O aumento da densidade atmosférica superior, por mais sutil que pareça, altera significativamente o desempenho orbital;
  • Tecnologias de comunicação global ainda dependem fortemente das condições naturais do nosso sistema solar.

O papel das empresas e agências

Empresas como por exemplo a SpaceX precisam continuar investindo em pesquisas colaborativas com a comunidade científica, e os governos devem:

  • Fortalecer regras internacionais sobre ocupação orbital;
  • Estabelecer protocolos para prevenir e reduzir acidentes espaciais;
  • Estimular a pesquisa em física espacial, meteorologia espacial e engenharia de satélites.

Conclusão

Em última análise, o caso dos satélites da Starlink está longe de ser um incidente que é isolado. Paralelamente, ele reflete uma nova fase da era espacial, em que o número de objetos em órbita é altíssimo e os fenômenos naturais do Sol têm impactos muito maiores do que antes. 

A atual atividade solar tem sido intensa e imprevisível, obrigando cientistas, engenheiros e reguladores a repensarem como manter um ambiente espacial funcional, seguro e sustentável. Porém, a boa notícia é que estudos como o liderado por Denny Oliveira estão ajudando a prever cenários e sugerir soluções técnicas eficazes. 

Com ferramentas de análise temporal e dados detalhados da operação da Starlink, já é possível modelar comportamentos orbitais e agir antes que a situação fuja do controle. No entanto, o desafio continua. 

Sendo assim, precisamos investir em tecnologias mais resilientes, políticas espaciais mais eficazes e, principalmente, em conhecimento científico. Isso garantirá que os satélites da Starlink, fundamentais para a conectividade global, possam continuar operando com segurança em meio aos humores imprevisíveis do Sol.

Quer saber mais sobre o futuro da internet via satélite e como os satélites da Starlink estão moldando esse novo cenário? Acompanhe as publicações sobre o tema e fique por dentro dos avanços e desafios da exploração espacial. Esses dispositivos estão em foco, e você não vai querer ficar de fora dessa revolução!

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