Nos últimos anos, o subconsumo tem se tornado uma das tendências mais discutidas entre os jovens da Geração Z. Sendo assim, tal mudança no comportamento de consumo contrasta com os padrões das gerações anteriores, marcadas pelo desejo de acumular bens e ostentar conquistas materiais.
Ou seja, em um movimento que combina consciência ambiental, economia e minimalismo, os jovens nascidos entre meados da década de 1990 e 2010 estão redesenhando as prioridades da vida moderna. Esse novo estilo de vida tem ganhado popularidade especialmente nas redes sociais, como por exemplo o TikTok, onde o termo (ou sua versão em inglês, #underconsumptioncore) acumula milhões de visualizações.
Com mais acesso à informação, maior preocupação com o futuro do planeta e uma vivência intensa de crises econômicas, a Gen Z passa a valorizar práticas que promovem a redução do consumo, priorizando escolhas conscientes. Mas afinal, o que caracteriza esse movimento e por que ele tem ganhado tanto destaque entre os jovens?
Logo, neste conteúdo, iremos entender a tendência de subconsumo entre os jovens da Geração Z, bem como explorar quais são os hábitos desse modelo de comportamento. Em conjunto a isso, pensaremos os motivos pelos quais o mesmo é popular entre a Gen Z e também refletiremos se ela pode mudar essa postura em um momento futuro. Por último, iremos discutir se é possível que a mesma se estenda para as gerações posteriores.
Entenda a tendência de subconsumo entre os jovens da Geração Z
A Gen Z está revolucionando a forma como lidamos com o consumo. Em outras palavras, enquanto os Millennials cresceram sob a influência da cultura do “ter” e da ostentação, marcada por compras frequentes, vitrines cheias e o desejo de mostrar nas redes sociais o que se possui, os jovens da Geração Z caminham na direção oposta.
O subconsumo, nesse contexto, não é apenas uma escolha estética ou momentânea. Em paralelo, é também um estilo de vida baseado em valores sólidos, como por exemplo: sustentabilidade, economia, autoconsciência e planejamento de longo prazo.
Influência das redes sociais no subconsumo
O TikTok tem desempenhado um papel central na disseminação do subconsumo. Sendo assim, vídeos com as hashtags #subconsumo e #underconsumptioncore mostram jovens compartilhando práticas como reaproveitamento de roupas antigas, reformas em móveis usados, preparação de marmitas para evitar gastos com delivery e comparações de gastos antes e depois da adoção do subconsumo.
Esses conteúdos não só inspiram outras pessoas, como também criam uma espécie de comunidade digital que reforça valores como a frugalidade e o consumo consciente. O interessante é que, mesmo em uma plataforma que muitas vezes estimula o consumismo com “unboxings” e recomendações de produtos, há um espaço crescente para o oposto: o orgulho de gastar menos.
Crise econômica e consciência ambiental
Adicionalmente, outro fator importante que impulsiona o subconsumo é a instabilidade econômica global. Muitos jovens cresceram em meio a crises financeiras, inflação e aumento de preços de bens essenciais, como habitação.
Isso fez com que priorizar a economia e evitar desperdícios se tornasse uma necessidade para eles. Da mesma maneira, a questão ambiental é um ponto-chave. Ou seja, a Gen Z é altamente engajada com causas ecológicas e percebe o consumo excessivo como parte do problema climático global.
Quais são os hábitos da tendência de subconsumo?
O subconsumo envolve uma série de práticas diárias que têm o intuito de reduzir o impacto ambiental e econômico do consumo excessivo. Desse modo, a seguir, listamos os principais hábitos adotados por jovens que seguem essa tendência:
Priorizar itens de segunda mão
Comprar roupas, móveis, eletrodomésticos e até mesmo carros usados se tornou uma prática comum. Sendo assim, brechós físicos e online, marketplaces e aplicativos de revenda têm ganhado espaço, principalmente entre os jovens. Isso evita o desperdício e reduz o impacto ambiental da produção de novos itens.
Reaproveitamento e conserto
Consertar um celular ao invés de trocar por um novo, reformar uma roupa antiga em vez de jogá-la fora, ou reutilizar potes de vidro como recipientes são atitudes corriqueiras entre os adeptos do subconsumo. É uma mudança de mentalidade que valoriza a durabilidade.
Compartilhamento de itens
O conceito de “economia compartilhada” também está presente no subconsumo. Em outras palavras, os jovens compartilham carros (por meio de apps ou com amigos), assinam serviços de streaming coletivamente, dividem eletrodomésticos no condomínio e até utensílios como ferramentas ou eletroportáteis.
Prática do “entra um, sai um”
Uma regra comum entre os adeptos do subconsumo é: se um item novo entra, outro precisa sair. Isso evita o acúmulo desnecessário e também promove a reflexão sobre o real valor e a utilidade dos bens adquiridos.
Cozinhar em casa
Evitar refeições fora de casa e o excesso de pedidos por delivery é outra prática comum dos jovens da Geração Z. Isso não só representa uma economia significativa ao fim do mês, como também favorece hábitos alimentares mais saudáveis e sustentáveis.

Por que a tendência de subconsumo é popular entre os jovens da Gen Z?
A popularidade do subconsumo entre os jovens da Geração Z é uma realidade que pode ser explicada por uma série de fatores interligados. Em seguida, estão alguns motivos que justificam a popularidade dessa tendência entre eles:
Sustentabilidade e consciência ambiental
Os impactos das mudanças climáticas, o excesso de resíduos e a degradação ambiental são temas recorrentes no cotidiano da Gen Z. Com isso, adotar o subconsumo é uma forma prática de alinhar atitudes diárias com valores ambientais.
Economia e planejamento financeiro
Devido ao alto custo de vida e o aumento dos preços de imóveis, muitos jovens optam por economizar desde cedo. Para eles, gastar menos hoje pode significar investir melhor no futuro, como por exemplo na compra de uma casa, em viagens ou em educação.
Influência do minimalismo
O estilo de vida minimalista, que se popularizou em documentários e séries de streaming, inspira muitos jovens a refletirem sobre o que é realmente necessário. Sendo assim, o desapego de bens materiais traz uma sensação de leveza e liberdade que atrai essa geração.
A revolta positiva
Muitos jovens rejeitam o estilo de vida consumista de seus pais, que é marcado por compras recorrentes, endividamento e acúmulo de bens. Dessa maneira, tal “revolta positiva” os leva a buscar uma existência que seja mais equilibrada e com propósito.
A Geração Z pode mudar esse comportamento de subconsumo no futuro?
É possível que a própria Gen Z, ao amadurecer e conquistar maior poder aquisitivo, passe por transformações no seu padrão de consumo. No entanto, especialistas afirmam que os valores centrais dessa geração, como sustentabilidade, consciência social e digitalização, estão profundamente enraizados, o que torna o subconsumo mais do que uma moda passageira.
A influência dos ciclos econômicos
Em tempos de bonança econômica, é comum que o consumo aumente. Apesar disso, mesmo nesses cenários, os jovens da Geração Z tendem a manter práticas mais conscientes, ainda que adaptem alguns hábitos. O subconsumo, nesse sentido, pode evoluir, mas sem perder sua essência.
Pressões do mercado e publicidade
Embora o marketing continue tentando influenciar comportamentos de compra, os jovens da Gen Z se mostram mais resistentes a propagandas tradicionais. Sendo assim, isso é algo que pode limitar o impacto da publicidade sobre essa geração, especialmente quando ela é percebida como forçada ou até mesmo desonesta.
É possível que a tendência de subconsumo se estenda para gerações posteriores à Geração Z?
A tendência é que o subconsumo se consolide ainda mais nas próximas gerações. Ou seja, a Geração Alpha, por exemplo, já cresce em um ambiente de crise climática e também de hiperconectividade, com forte influência dos valores da Gen Z. Em conjunto a isso, pais jovens que praticam o subconsumo tendem a repassar esse comportamento aos filhos.
Educação ambiental desde cedo
Com a crescente inserção de temas ambientais nos currículos escolares e maior exposição à discussão sobre sustentabilidade, as futuras gerações serão ainda mais sensíveis a práticas de consumo consciente. Isso pode tornar o subconsumo um comportamento padrão.
Inovação tecnológica aliada à sustentabilidade
Novas tecnologias que promovem o reuso, a reciclagem e a economia circular também podem fortalecer o subconsumo nas próximas gerações. Paralelamente, impressoras 3D para reparos domésticos, aplicativos de troca e redes de compartilhamento estão entre as soluções que devem ganhar espaço.
Concluindo, em um mundo cada vez mais impactado pelas consequências do consumismo desenfreado, o subconsumo surge como um sopro de consciência e responsabilidade, especialmente entre os jovens da Geração Z.
Mais do que uma simples reação às dificuldades econômicas, essa tendência reflete uma profunda mudança de valores que coloca o bem-estar coletivo, a sustentabilidade e o equilíbrio financeiro em primeiro plano. Ao adotar práticas mais conscientes, essa geração dá exemplo e aponta um caminho possível para um futuro mais sustentável, e quem sabe, mais feliz.
Portanto, se você se identifica com esses valores e quer transformar sua rotina em prol de um mundo melhor, comece agora mesmo a aplicar os princípios do subconsumo no seu dia a dia. Inspire-se, compartilhe e faça parte dessa revolução silenciosa!