Teoria da internet morta: O que é? Por que está tão em alta?

A teoria da internet morta tem se destacado nos debates contemporâneos sobre o futuro da rede e o papel da Inteligência Artificial (IA) na comunicação humana. Sendo assim, em um cenário cada vez mais dominado por algoritmos, bots e automações, essa teoria da conspiração levanta questões intrigantes sobre a autenticidade do conteúdo que consumimos diariamente. 

Nesse sentido, a ideia central é que a internet já não é mais aquele espaço descentralizado e orgânico de trocas humanas genuína. Por outro lado, ela é um ecossistema manipulado por máquinas, onde grande parte das interações é artificial. Se essa teoria é verdadeira ou não, o importante é que ela está movimentando discussões sérias sobre a qualidade da informação, a manipulação de dados e o futuro da sociedade digital.

Portanto, neste texto, iremos explicar o que é a teoria da internet morta, bem como explicar os motivos pela qual ela está em alta recentemente. Além disso, exploraremos como ela surgiu e também pensaremos se é possível que se comprove verdadeira no futuro. Finalmente, iremos listar algumas lições que podem ser aprendidas com a mesma.

O que é a teoria da internet morta?

A teoria da internet morta é uma hipótese conspiratória que afirma que a internet atual está sendo gradativamente tomada por bots, automações e conteúdo gerado artificialmente. Ou seja, segundo seus defensores, o que vemos hoje em sites, redes sociais e fóruns não é mais fruto da criatividade humana. 

Por outro lado, tais conteúdos seriam resultado de algoritmos que moldam e disseminam informações para fins específicos. Em outras palavras, essa teoria afirma que a internet deixou de ser um espaço onde indivíduos reais trocam experiências e informações genuínas. 

Ao invés disso, a rede passou a ser dominada por Inteligências Artificiais e softwares programados para criar, replicar e impulsionar conteúdos de maneira automatizada. Dessa forma, a consequência seria uma “morte” da internet como a conhecíamos: um ambiente de interações humanas reais substituído por simulações frias e controladas.

Manipulação e controle das massas

Para muitos teóricos dessa linha de pensamento, a ascensão dos algoritmos serve a um propósito mais sombrio: o controle da população. O conteúdo automatizado, amplamente difundido, seria usado para moldar a opinião pública, suprimir debates autênticos e estabelecer narrativas centralizadas. 

Tal contexto é algo que implicaria uma manipulação profunda das emoções e pensamentos dos usuários, o que seria responsável por levar a internet a uma realidade cada vez mais previsível, homogênea e superficial.

O papel das plataformas e do capitalismo digital

A teoria também aponta que grandes empresas de tecnologia, como Google, Meta e X, estariam envolvidas nesse processo de artificialização da internet. Sendo assim, a ideia é que, para maximizar lucros e controle, essas corporações estariam promovendo a substituição da criatividade humana por conteúdos infinitamente replicáveis, de fácil monetização e alta capacidade de viralização, ainda que desprovidos de autenticidade.

Por que a teoria da internet morta está tão em alta nos últimos anos?

Desde o lançamento do ChatGPT, no final de 2022, houve uma explosão no uso de modelos de linguagem baseados em IA. Esses modelos são capazes de produzir textos coesos, vídeos roteirizados, imagens hiper-realistas e até mesmo perfis completos nas redes sociais. 

Desse modo, tal evolução tecnológica alimentou ainda mais a teoria da internet morta, já que muitos usuários perceberam que o conteúdo consumido diariamente podia não ser mais humano.

Juntamente com isso, surgiram ferramentas como Midjourney, DALL-E, Runway e Sora, que facilitam a produção de imagens e vídeos gerados por IA. Assim, o que antes era exclusivo de designers e roteiristas, hoje pode ser feito por qualquer pessoa com acesso a essas plataformas. O resultado é uma multiplicação de conteúdos visualmente impactantes, mas muitas vezes vazios de contexto humano real.

TikTok e o conteúdo gerado por IA

Um dos principais exemplos dessa percepção está no TikTok. Nesse sentido, usuários relataram que cerca de um em cada três vídeos na plataforma já mostra sinais claros de ter sido criado inteiramente por Inteligência Artficial (incluindo roteiro, narração e elementos visuais). Isso levou a uma discussão ampla sobre a autenticidade da experiência na plataforma e o impacto disso na cultura digital.

Facebook, memes virais e o “Shrimp Jesus”

O Facebook também não ficou de fora desse fenômeno. Uma das representações mais curiosas dessa nova fase da internet foi a viralização do “Shrimp Jesus”, uma montagem surreal com um crustáceo representando Jesus Cristo. 

Esse conteúdo exemplifica como os algoritmos podem impulsionar qualquer imagem visualmente apelativa, mesmo que não faça sentido lógico, nem tenha valor informativo. O impacto visual, nesse caso, supera a necessidade de contexto, coerência ou propósito.

O nascimento dos memes “brain rot”

Outro fenômeno que alimenta a teoria é a ascensão dos memes conhecidos como “brain rot”, compostos por imagens bizarras e personagens como Tung Tung Sahur e Cappuccina Ballerina. 

Embora essas criações surjam no contexto do humor, elas indicam uma nova estética digital moldada pela IA. Nela, o estranho e o artificial se tornam norma, substituindo gradualmente as construções culturais feitas entre humanos.

Os usuários das redes sociais estão percebendo cada vez mais conteúdos que corroboram com a teoria da internet morta.
Os usuários das redes sociais estão percebendo cada vez mais conteúdos que corroboram com a teoria da internet morta. | Foto: DALL-E 3

Como surgiu a teoria da internet morta?

A teoria da internet morta começou a ganhar forma nos anos 2010, quando usuários começaram a notar padrões repetitivos e comportamentos estranhos nas redes. Em 2017, postagens em fóruns online sintetizaram a ideia de que a maior parte do conteúdo online já não seria criada por pessoas reais. Tais publicações sugeriam que, a partir de 2016, grande parte da internet teria sido “silenciosamente” substituída por bots e IA.

Os relatos afirmavam que o conteúdo humano autêntico estava sendo eliminado em favor de uma internet artificial, mantida por bots com o objetivo de manipular a opinião pública, vender produtos e redirecionar o comportamento coletivo. Essa teoria, que antes circulava apenas em fóruns alternativos, começou a ganhar tração com o aumento da automação e da Inteligência Artificial na década seguinte.

As limitações da teoria

Apesar de intrigante, a teoria possui falhas lógicas difíceis de ignorar. Em tal sentido, a parte mais conspiratória (que sugere um complô global coordenado entre governos e corporações para matar a internet) parece improvável. Uma operação dessa magnitude exigiria milhares de pessoas, equipes técnicas, infraestrutura e uma logística extremamente complexa para permanecer secreta por tanto tempo.

No entanto, a teoria serve como um alerta. Mesmo que não exista um plano centralizado para eliminar o conteúdo humano, o avanço natural da tecnologia, aliado aos interesses econômicos, pode sim estar conduzindo a uma internet cada vez mais artificial.

É possível que a teoria da internet morta se comprove verdadeira no futuro?

Embora a teoria da internet morta seja oficialmente considerada uma conspiração, muitos dos seus elementos já se manifestam na prática. A automação de conteúdo, a proliferação de bots e a influência dos algoritmos são realidades comprovadas. Não é necessário que todos os conteúdos online sejam artificiais para que a sensação de artificialidade cresça entre os usuários.

De certa forma, estamos nos aproximando de uma internet que, mesmo ainda sendo parcialmente humana, já carrega traços significativos de morte simbólica. Quando memes, notícias e interações são moldados por robôs, a fronteira entre o humano e o digital se torna cada vez mais difusa.

O papel da IA no futuro da web

À medida que os modelos de Inteligência Artificial se tornam mais avançados, é plausível imaginar um cenário em que a maioria do conteúdo publicado online seja gerado automaticamente. Isso não significa necessariamente uma catástrofe, mas levanta questões éticas, sociais e filosóficas profundas. Qual será o papel do humano em um ambiente em que a máquina é a principal autora da realidade digital?

Lições a aprender com a teoria da internet morta

Valorização do conteúdo humano

Independentemente de a teoria se confirmar ou não, é possível extrair uma lição importante dela: a necessidade de preservar o conteúdo autêntico e humano na internet. As pessoas devem buscar fontes confiáveis, valorizar a criação intelectual e apoiar iniciativas que promovam interações reais.

Alfabetização digital e senso crítico

Outro aspecto essencial é a alfabetização digital. É crucial educar os usuários para reconhecer sinais de conteúdo que a IA gerou, saber interpretar algoritmos e desenvolver senso crítico diante das informações consumidas online.

Transparência e regulação das plataformas

As plataformas digitais devem também assumir responsabilidades. É urgente exigir maior transparência sobre o uso de Inteligência Artificial na criação de conteúdo, além de regulamentações que limitem a disseminação de bots e automações enganosas.

Em resumo, a teoria da internet morta pode parecer, à primeira vista, apenas mais uma conspiração entre tantas que circulam na web. Apesar disso, ela nos leva a refletir profundamente sobre os caminhos que estamos trilhando enquanto sociedade digital. 

Sendo assim, a fronteira entre o real e o artificial está cada vez mais tênue. Ou seja, cabe a todos nós, usuários, criadores e desenvolvedores, decidir que tipo de internet queremos para o futuro.

Quer entender mais sobre os impactos da IA e a possível veracidade da teoria da internet morta? Continue acompanhando os conteúdos sobre o tema e compartilhe este texto para ampliar o debate!

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