A USP (Universidade de São Paulo), uma das instituições de ensino superior mais prestigiadas da América Latina, encontra-se no centro de um intenso debate acadêmico e ético após a reprovação do economista e comentarista Samy Dana em um concurso público para professor adjunto.
O caso ganhou notoriedade não apenas pelo perfil midiático de Dana, mas também por vir à tona junto a outra denúncia similar feita pelo gestor de fundos Felipe Pontes. Ambos alegam que concursos para o Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) foram marcados por irregularidades e falta de transparência.
Desse modo, a repercussão desse episódio extrapolou os limites da comunidade universitária e chegou ao mercado financeiro, às redes sociais e à imprensa. Sendo assim, a Universidade de São Paulo, que construiu sua reputação ao longo de décadas com base na excelência acadêmica, agora enfrenta questionamentos sobre a lisura de seus processos seletivos, abalando sua credibilidade diante da opinião pública.
Logo, neste artigo, entenderemos o debate sobre a USP ter reprovado Samy Dana em concurso para professor e também explicaremos porque o contexto colocou a credibilidade da instituição em dúvida. Além disso, iremos explorar a importância dessa característica para uma universidade, bem como listar algumas maneiras pelas quais ela pode resolver a situação. Finalmente, elencaremos lições a aprender com a mesma.
Entenda o debate sobre a USP ter reprovado Samy Dana em concurso para professor
Dois concursos realizados pelo Departamento de Contabilidade da FEA-USP tornaram-se alvos de denúncias por supostos favorecimentos e violações de normas acadêmicas. A primeira denúncia foi feita por Felipe Pontes, gestor do fundo AvantGarde. O concurso em questão foi aberto em 2024 para a vaga de professor de dedicação integral na área de Contabilidade Financeira e Finanças, com salário de R$15.498,97.
Denúncia de Felipe Pontes
Pontes relata que, durante o processo seletivo, cinco dos oito candidatos foram liberados antecipadamente, sem justificativas claras. Os três restantes, coincidentemente, foram os convocados para a etapa seguinte.
Juntamente com isso, ele afirma que não recebeu o espelho impresso de sua prova e questiona o fato de um dos aprovados ter o mesmo orientador de doutorado do presidente da banca examinadora, apontando possível conflito de interesse.
As acusações vieram a público por meio do perfil do LinkedIn de Pontes, que compartilhou os detalhes do ocorrido. O post repercutiu de maneira intensa, alcançando membros da própria universidade.
Um professor da FEA de Ribeirão Preto, que apoiou a postagem, chegou a receber ligações de colegas solicitando que retirasse o apoio, o que acentuou ainda mais a polêmica e sugeriu tentativa de abafamento do caso.
A contestação de Samy Dana
No mesmo departamento, Samy Dana participou de outro concurso público para o cargo de professor adjunto, com salário de R$6.819,65. Paralelamente, ele também denunciou irregularidades, especialmente na fase de avaliação curricular.
Segundo Dana, a candidata aprovada obteve uma nota superior à dele, mesmo possuindo menos publicações e titulações. Apesar de o edital prever duas vagas, apenas a primeira colocada foi convocada, e ele, em segundo lugar, foi deixado de lado.
Depois disso, Samy Dana apresentou um requerimento formal solicitando à USP a anulação da homologação do concurso, sob o argumento de que os critérios utilizados para a pontuação não foram transparentes e que houve distorções que beneficiaram a vencedora.
O caso ganhou ainda mais repercussão pelo fato de Dana ser figura pública, conhecido por suas análises econômicas na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e por sua atuação como comentarista da Jovem Pan.
Por que esse contexto colocou a credibilidade da USP em dúvida?
A USP sempre foi considerada um bastião da meritocracia acadêmica no Brasil. Os processos seletivos da universidade são, em teoria, pautados pela objetividade, excelência e igualdade de oportunidades.
No entanto, as denúncias que Pontes e Dana realizam são responsáveis por apontarem para um cenário distinto: possíveis favorecimentos, falta de transparência nos critérios de avaliação e conflitos de interesse entre membros da banca examinadora.
A reação do público e da comunidade acadêmica
O fato de essas denúncias terem sido feitas por figuras com amplo reconhecimento no mercado financeiro e acadêmico gerou uma onda de indignação nas redes sociais e colocou a USP sob uma lupa.
Diversos internautas e profissionais da educação questionaram se os concursos públicos da instituição realmente oferecem igualdade de condições a todos os candidatos ou se, por trás da fachada de meritocracia, existem preferências veladas e práticas não condizentes com a ética universitária.
A alegação de que orientadores compartilham vínculos com avaliadores e que há ausência de documentação como espelhos de provas alimenta a percepção de que os concursos são conduzidos de forma parcial. Dessa maneira, a reputação da USP, construída sobre décadas de excelência, está sendo colocada à prova neste momento, exigindo respostas claras e rápidas da instituição.
A mídia e a exposição do caso
A cobertura midiática intensificou o debate, dando voz não apenas aos denunciantes, mas também a outros acadêmicos e profissionais que estão preocupados com os rumos da universidade. Veículos especializados em educação, economia e política destacaram a importância de investigar as denúncias a fundo e de assegurar que os processos seletivos respeitem os princípios da impessoalidade e do interesse público.
A importância da credibilidade para uma instituição como a USP
Para uma universidade pública como a USP, a credibilidade não é apenas uma questão de imagem. Em adição, esse aspecto também é essencial tanto para sua sobrevivência quanto para sua relevância.
Isso se deve ao fato de que a confiança da sociedade, dos estudantes e da comunidade científica é o que garante que a instituição continue atraindo os melhores talentos, recebendo investimentos e produzindo conhecimento de ponta.
Reputação internacional em risco
Frequentemente a USP aparece em rankings internacionais como uma das melhores universidades da América Latina. Essa posição é resultado de décadas de investimento público e da dedicação de pesquisadores, professores e alunos.
Por outro lado, escândalos como os que envolvem Dana e Pontes, se não forem tratados com seriedade e transparência, podem comprometer essa reputação. Da mesma forma, podem afetar, inclusive, parcerias internacionais, captação de recursos e intercâmbios acadêmicos.
Impacto na comunidade acadêmica
A sensação de injustiça e parcialidade pode ter efeitos devastadores dentro da universidade. Jovens acadêmicos podem se sentir desencorajados a participar de concursos se acreditarem que os resultados já estão previamente definidos.
Sendo assim, a consequência de tal contexto é o afastamento de talentos e o comprometimento da renovação do corpo docente. Isso afeta diretamente a qualidade do ensino e da pesquisa.

Maneiras pelas quais a USP pode resolver a situação
Diante da gravidade das denúncias, a USP precisa adotar uma postura proativa. Com isso, poderá não apenas apurar os fatos, mas também para reformular seus procedimentos de forma a garantir maior transparência e confiança nos processos seletivos.
Auditoria independente e revisão dos concursos
Uma das medidas mais imediatas que a USP pode tomar é instaurar uma auditoria independente para avaliar os dois concursos em questão. Tal auditoria deve contar com membros externos à FEA.
Em conjunto a isso, deve ter uma preferência para pessoas de outras universidades públicas para garantir isenção. Caso se constatem irregularidades, os concursos devem ser anulados e refeitos com novos membros nas bancas examinadoras.
Publicação de critérios claros e documentos oficiais
Outro passo essencial é garantir a divulgação ampla de todos os critérios de avaliação e que se forneçam documentos como espelhos de prova, planilhas de pontuação e justificativas a todos os candidatos. A transparência é um antídoto poderoso contra suspeitas de favorecimento.
Código de ética para bancas examinadoras
A criação de um código de ética específico para bancas examinadoras também pode ajudar a evitar situações de conflito de interesse. Em outras palavras, tal código deve proibir a participação de avaliadores que tenham vínculos acadêmicos ou profissionais diretos com os candidatos.
Lições a aprender com o debate sobre a credibilidade da USP
Casos como os de Samy Dana e Felipe Pontes devem servir como ponto de inflexão para a USP. Embora dolorosos, oferecem uma chance de repensar práticas institucionais e reforçar os pilares éticos da universidade. Nesse sentido, as denúncias, trazidas à tona pela coragem dos candidatos e pela repercussão nas redes sociais, revelam falhas nos mecanismos internos da USP.
Desse modo, é urgente que a instituição crie canais seguros e eficazes para denúncias de irregularidades, com proteção contra retaliações. Sendo assim, a transparência precisa ir além de um procedimento: deve ser um valor central, presente em concursos, decisões colegiadas e alocação de recursos.
Concluindo, a confiança pública depende de ações concretas em favor da justiça e da equidade. Além disso, é essencial que a USP reafirme o compromisso com uma meritocracia real, baseada em critérios claros e imparciais. Quando os melhores são, de fato, selecionados, a universidade se fortalece.
Em um cenário de crescente cobrança por integridade nas instituições públicas, a USP tem a chance de se mostrar à altura de sua história. Continue acompanhando os conteúdos sobre o tema para saber os desdobramentos do caso Samy Dana.