Apenas escanear retina evitará que robôs se passem por humanos

A tecnologia de escanear retina está se tornando um dos principais métodos para garantir a identidade humana em um mundo onde robôs e Inteligências Artificiais (IAs) se tornam cada vez mais sofisticados. 

Nesse sentido, com sistemas avançados de IA conseguindo imitar a linguagem, os trejeitos e até a aparência de seres humanos, a necessidade de uma verificação segura e única nunca foi tão essencial. 

Sendo assim, esse método biométrico, baseado nas características singulares do olho humano, pode ser a única solução para impedir que máquinas se passem por pessoas em transações financeiras e interações digitais.

Portanto, neste artigo, iremos explicar os motivos pelos quais escanear retina é o único modo de distinguir robôs e humanos, bem como explorar o projeto mais recente em tal sentido. Juntamente com isso, listaremos algumas polêmicas em relação a esse processo e também discutiremos o que essa preocupação reflete. Ademais, iremos refletir se essa tecnologia pode ser popular em um momento futuro.

Por que escanear retina é a única forma de distinguir robôs e humanos?

O avanço das Inteligências Artificiais tem sido impressionante. Dessa maneira, modelos de linguagem sofisticados já são capazes de interagir de modo convincente. Enquanto isso, deepfakes geram imagens e vídeos praticamente indistinguíveis da realidade. 

Todo esse contexto levanta um problema crítico: como garantir que, no ambiente digital, estamos lidando com seres humanos e não com máquinas programadas para imitar a nossa comunicação?

O processo de escanear retina surge como uma solução porque cada ser humano tem um padrão único na íris, impossível de replicar por sistemas de IA. Logo, esse identificador único impede que uma mesma pessoa crie vários processos com o intuito de burlar restrições e dificulta o acesso de bots a plataformas sensíveis, como por exemplo serviços bancários e redes sociais.

Diferente de outras formas de autenticação, como senhas ou reconhecimento facial, escanear retina oferece um nível superior de segurança, pois os padrões do olho humano são extremamente complexos e não podem ser facilmente copiados. Mesmo que um robô tente enganar sistemas convencionais de reconhecimento facial, a verificação ocular pode confirmar com precisão se trata-se de um ser humano real.

À medida que Inteligências Artificiais mais avançadas forem criadas, a necessidade desse sistema se tornará ainda mais evidente. Em um cenário futuro onde deepfakes e avatares digitais forem comuns, a autenticação biométrica pode ser a única forma de garantir que estamos realmente interagindo com outras pessoas.

A biometria como barreira contra fraudes

Além de distinguir humanos e máquinas, o escaneamento da retina pode reduzir fraudes em transações financeiras e também evitar manipulações em redes sociais. O uso crescente de bots para disseminação de fake news e golpes online reforça a necessidade de um sistema que impeça a criação de perfis falsos. 

Ou seja, com um sistema que tem base em verificação ocular, as redes sociais e os meios virtuais poderiam garantir que cada conta pertence a um ser humano único, o que poderá limitar a ação de robôs automatizados.

Qual o projeto mais recente nesse sentido?

A ideia de utilizar o processo de escanear retina com o intuito de identificação já está sendo aplicada em projetos inovadores. Um dos mais recentes é o da empresa Worldcoin, que desenvolveu dispositivos que se chamam Orbs para coletar e registrar os padrões únicos da íris dos usuários.

Os Orbs são grandes esferas metálicas do tamanho de uma bola de basquete, que foram projetadas para escanear retina de qualquer pessoa que desejar provar sua identidade digitalmente. 

Desse modo, a proposta é permitir que essas identificações sejam utilizadas em qualquer atividade que exija verificação. Isso poderá se aplicar desde transações bancárias até mesmo compras simples, como pagar um pão na padaria.

Em outras palavras, o projeto da Worldcoin, que Alex Blania lidera e que Sam Altman é cofundador, prevê um futuro onde quase todas as interações digitais exigirão uma verificação ocular. A ideia por trás da tecnologia é garantir que apenas humanos tenham acesso a determinados serviços, dificultando a ação de bots e contas fraudulentas.

Como funciona a autenticação com Orbs?

O processo de escaneamento ocorre em poucos segundos. Ao posicionar os olhos diante do Orb, a máquina captura os detalhes únicos da íris e os transforma em um código digital seguro. Tal processo é responsável por garantir que cada indivíduo seja identificado sem a necessidade de revelar sua identidade real. Isso permite que usuários tenham privacidade ao mesmo tempo em que provam que são humanos.

No entanto, apesar de todo seu potencial, o processo de escanear retina, bem como esse projeto, está gerando diversas polêmicas. Elas têm relação especialmente com a coleta e o armazenamento desses dados biométricos.

O processo de escanear retina da Worldcoin ia funcionar com o uso das Orbs, dispositivos responsáveis por autenticar a íris dos seres humanos.
O processo de escanear retina da Worldcoin ia funcionar com o uso das Orbs, dispositivos responsáveis por autenticar a íris dos seres humanos. | Foto: DALL-E 3

Polêmicas em relação ao processo de escanear retina

Sempre que uma nova tecnologia de identificação biométrica surge, aparecem também preocupações com aspectos como privacidade e segurança. Um exemplo clássico é o Face ID da Apple.

Em um momento inicial, os usuários preocupados com o uso indevido dos dados faciais receberam com desconfiança esse recurso. Hoje, entretanto, essa tecnologia é amplamente aceita.

O escaneamento da retina, no entanto, enfrenta um nível de resistência ainda maior. Em outras palavras, o receio principal está no risco de vigilância em massa e no possível uso dos dados coletados para outros fins, sem o conhecimento dos usuários. 

Devido a isso, diversos governos já proibiram ou suspenderam iniciativas semelhantes ao das Orbs. Como justificativa, eles dizem estar preocupados com a falta de transparência sobre o armazenamento das informações biométricas.

Questões legais e regulamentação

Paralelamente, outra preocupação é a ausência de uma regulamentação clara sobre o uso de biometria ocular em larga escala. Quem terá acesso a esses dados? Como garantir que não serão vendidos ou utilizados para rastrear indivíduos sem consentimento? Esses questionamentos acima listados ainda precisam receber respostas antes que ocorra uma adoção ampla da tecnologia de escanear retina.

Da mesma forma, há o risco de que empresas e governos utilizem esse tipo de verificação para limitar o acesso a serviços essenciais. Tal realidade seria responsável por criar um sistema de exclusão digital para aquelas pessoas que não desejam compartilhar seus dados biométricos.

O que essa preocupação reflete?

A resistência ao escaneamento ocular reflete um medo maior: a crescente influência da Inteligência Artificial e da automação em nossas vidas. Conforme a tecnologia avança, a dependência de sistemas automatizados para identificação e autenticação também aumenta. Tal contexto é algo que gera preocupações sobre privacidade, controle e vigilância. 

Sendo assim, há um receio crescente de que robôs autônomos e algoritmos possam, eventualmente, assumir papéis que antes eram exclusivamente humanos. Isso impactaria desde o mercado de trabalho até mesmo a própria noção de identidade.

Fraudes online, manipulação de informações e crimes digitais estão se tornando cada vez mais sofisticados, o que torna essencial um método de autenticação seguro. Ainda assim, surge o dilema de equilibrar segurança e privacidade. 

Por um lado, o escaneamento de retina pode ser uma solução contra fraudes e usurpação de identidade. Em contrapartida, ele também pode representar um avanço preocupante no controle sobre a identidade digital das pessoas.

Um novo nível de controle?

Com a implementação de sistemas como o da Worldcoin, um futuro onde todas as transações exigem verificação ocular não parece tão distante. Isso poderia significar maior segurança, mas também levanta questões fundamentais sobre liberdade digital. Até que ponto devemos aceitar a biometria como requisito para acessar a internet ou realizar operações básicas?

A tecnologia de escanear retina pode ser popular no futuro?

Apesar das polêmicas, é provável que a tecnologia de escaneamento ocular se torne cada vez mais popular. Dessa maneira, à medida que a IA avança e se torna mais difícil realizar a distinção entre humanos e máquinas, métodos tradicionais de autenticação, como por exemplo senhas e reconhecimento facial, podem se tornar obsoletos.

Tendências e adoção global

Se grandes empresas e governos começarem a adotar a biometria ocular como um procedimento padrão, o público pode se acostumar com a ideia. Tal postura seria semelhante com o que aconteceu com o reconhecimento facial e com as impressões digitais. 

No entanto, essa possível aceitação é algo que dependerá da capacidade dessas empresas em atender a alguns aspectos. Entre eles, temos o oferecimento de transparência e a garantia de que os dados dos usuários sejam protegidos.

Adicionalmente, a adoção em larga escala dessa tecnologia pode redefinir a forma como os seres humanos interagem no meio digital, o que tem potencial de criar um ambiente mais seguro e livre de bots. Contudo, a sociedade ainda precisará debater os limites dessa inovação, bem como suas implicações para a privacidade e os direitos individuais.

Em última análise, o processo de escanear retina pode se tornar um elemento essencial para garantir que apenas humanos tenham acesso a serviços digitais. Apesar disso, será necessário um equilíbrio cuidadoso entre segurança e ética. Você estaria disposto a submeter sua identidade digital a um escaneamento ocular? Se essa tecnologia se tornar inevitável, será importante garantir que seja usada de maneira justa e segura.

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