Bitcoin: com hack da Bybit, cripto cai muito. Qual o fundo do poço?

O Bitcoin enfrentou uma forte desvalorização após um ataque hacker à Bybit, uma das maiores exchanges centralizadas de todo o mundo. Desse modo, o evento gerou incertezas no mercado cripto e desencadeou uma série de saques, o que ampliou ainda mais a pressão sobre o preço da criptomoeda. Mas até onde pode chegar essa queda? E há chance de recuperação no curto prazo?

Então, neste artigo, entenderemos o hack da Bybit, bem como exploraremos qual será o possível fundo do poço do Bitcoin no cenário atual. Juntamente com isso, iremos refletir se há perspectivas de recuperação do BTC, as lições a aprender com esse cenário e se, pensando no mesmo, vale comprar a moeda virtual agora.

Entenda o hack da Bybit

A Bybit, que é uma das principais corretoras de criptomoedas do mundo, foi alvo do maior ataque hacker já registrado contra uma exchange centralizada. De acordo com a plataforma DeFiLlama, o prejuízo totalizou cerca de US$5,5 bilhões (R$31 bilhões). 

Nesse sentido, tal montante considera tanto os valores que foram diretamente roubados pelos hackers quanto os saques massivos que foram realizados por clientes que ficaram preocupados com a segurança de seus ativos digitais.

Durante os primeiros momentos após o ataque, a exchange perdeu mais de US$5 bilhões em ativos sob gestão. Porém, dados mais recentes indicam que as perdas diretas pelo roubo giram em torno de US$1,4 bilhão (R$8 bilhões).

Em paralelo, outro aspecto que se percebeu foi a concentração do ataque dos hackers no roubo de Ethereum (ETH). Além disso, os saques dos clientes alarmados somaram mais de US$4 bilhões, o que agravou ainda mais a crise da corretora.

O CEO da Bybit, Ben Zhou, tentou conter o pânico ao afirmar que a exchange continuava solvente e tinha liquidez suficiente para processar os saques de seus usuários. No entanto, o temor de que a plataforma não conseguisse suportar a saída abrupta de fundos fez com que muitos investidores optassem por retirar suas criptomoedas. 

Com o intuito de minimizar os danos e tentar recuperar parte dos ativos roubados, a Bybit anunciou uma recompensa de 10% sobre o valor recuperado para qualquer pessoa que seja responsável por ajudar a rastrear os fundos desviados. 

Por fim, até o momento, contudo, menos de US$45 milhões foram recuperados. Dessa maneira, o impacto desse evento gerou um efeito dominó no mercado cripto, elevando o medo entre investidores e afetando o preço do Bitcoin e de outras criptomoedas.

Qual o fundo do poço do Bitcoin no cenário atual?

O Bitcoin sofreu uma forte queda nesta terça-feira (25 de fevereiro), atingindo o preço mínimo de US$88.300 e acumulando uma desvalorização de 6% apenas nas últimas 24 horas. 

Apesar disso, a retração não foi impulsionada apenas pelo ataque à Bybit, mas também por fatores macroeconômicos e políticos que aumentaram o sentimento de aversão ao risco no mercado financeiro.

Em primeiro lugar, a queda do ativo digital coincidiu com a desvalorização do índice Nasdaq e o fortalecimento do iene japonês. Tal cenário é algo que reacendeu temores de que o apetite por ativos de risco, como as criptomoedas, estivesse diminuindo. 

Portanto, tal contexto lembra o pânico que se pode observar em agosto do ano passado, quando eventos similares foram responsáveis por desencadear grandes quedas nos preços de todos os criptoativos.

Da mesma forma, a política dos Estados Unidos também teve um papel relevante nessa correção. Nos últimos dias, houve a rejeição de propostas para a criação de reservas estatais de Bitcoin em estados como Montana, Dakota do Norte e Wyoming.

Apesar do presidente estadunidense Donald Trump demonstrar apoio ao BTC, a resistência política em algumas regiões dos EUA é algo que está gerando incertezas sobre a adoção institucional da criptomoeda. Isso impacta diretamente o sentimento de investidores ao redor do mundo.

Efeitos da queda do Bitcoin no mercado de criptomoedas

Em adição, a desvalorização do Bitcoin também causou a queda do valor de diversas outras criptomoedas para. Abaixo, veja algumas das moedas virtuais mais afetadas:

  • Ethereum (ETH) caiu 10,45%, sendo negociado a US$2.410.
  • XRP desvalorizou 10,5%, atingindo US$2,21.
  • Solana (SOL) foi a mais prejudicada, despencando 12,6%, sendo cotada a US$138,6.

No geral, o mercado de criptomoedas perdeu cerca de 7% em capitalização no último dia, segundo dados do CoinMarketCap. Atualmente, os investidores de criptos estão de olho no suporte crítico do Bitcoin na faixa de US$88.000. Em outras palavras, caso aconteça o rompimento dessa barreira, o BTC pode cair ainda mais, alcançando a região dos US$80.000.

A queda do Bitcoin afetou o mercado cripto como um todo, e há o risco de o maior ativo digital do mundo recuar ainda mais nos próximos dias.
A queda do Bitcoin afetou o mercado cripto como um todo, e há o risco de o maior ativo digital do mundo recuar ainda mais nos próximos dias. | Foto: DALL-E 3

Há perspectivas de recuperação do Bitcoin?

Ainda que o momento do BTC e das criptomoedas seja turbulento, alguns analistas acreditam que a queda pode ser temporária e que o Bitcoin tem potencial de recuperação no médio prazo.

Primeiramente, Geoffrey Kendrick, chefe de pesquisa de ativos digitais do Standard Chartered, destacou que o preço médio de compra dos ETFs de BTC desde as eleições nos Estados Unidos subiu para US$96.500. Isso foi algo que deixou muitos investidores institucionais no prejuízo. 

No entanto, Kendrick vê sinais de alívio nos próximos momentos. Tais sinais são impulsionados pela queda dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA e também pela divulgação de dados econômicos recentes.

Em paralelo, outro fator que pode influenciar a recuperação do Bitcoin é a publicação do Índice de Preços de Gastos Pessoais (PCE) nos EUA. A divulgação está programada para acontecer na próxima sexta-feira (28). 

Isso se deve ao fato de que esse indicador é um dos mais relevantes para o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos na definição dos próximos rumos de sua política monetária. 

Logo, caso os números mostrem que a inflação está se aproximando da meta de 2%, os mercados podem reagir positivamente. Tal contexto impulsionaria uma recuperação nos preços do BTC e de outros ativos de risco.

Finalmente, o analista Dominick John, da Kronos Research, reforçou que um cenário de inflação controlada pode trazer de volta o apetite por investimentos em criptomoedas. Isso ajudaria a reverter a recente tendência de baixa do Bitcoin e do mercado cripto como um todo.

Lições a aprender com esse cenário

O hack da Bybit e a consequente queda do Bitcoin trouxeram aprendizados importantes para investidores e entusiastas do mercado de criptomoedas. Em outras palavras, tal episódio reforça a necessidade de algumas posturas que podem minimizar os riscos. Ou seja, aqui estão algumas lições cruciais:

  1. Segurança deve ser prioridade: grandes exchanges continuam sendo alvos de hackers, independentemente do nível de segurança implementado. Dessa maneira, os investidores devem considerar armazenar grandes quantidades de criptomoedas em carteiras privadas, como por exemplo hardware wallets ou paper wallets, o que reduz a exposição ao risco de ataques cibernéticos. Em conjunto a isso, o uso de autenticação de dois fatores (2FA) e senhas robustas são práticas essenciais para proteger as contas;
  2. Liquidez importa: o pânico e os saques massivos demonstraram que, mesmo plataformas consolidadas, podem enfrentar dificuldades diante de uma crise de confiança. Então, os investidores devem avaliar a solidez financeira das corretoras e considerar diversificar seus ativos em diferentes plataformas ou carteiras;
  3. Eventos externos influenciam o mercado: além de ataques hackers, fatores macroeconômicos, como taxas de juros, políticas governamentais e regulamentações, impactam diretamente o preço do BTC e das altcoins. Sendo assim, acompanhar essas variáveis pode ajudar a antecipar movimentos do mercado;
  4. Volatilidade faz parte do jogo: quem investe em criptoativos deve estar preparado para oscilações bruscas. Em tal sentido, estratégias como a compra parcelada (Dollar Cost Averaging – DCA) podem ajudar a reduzir os impactos da volatilidade e suavizar os riscos ao longo do tempo.

Pensando nesse contexto, vale comprar Bitcoin agora?

Diante das incertezas do momento, muitos investidores se perguntam se este é o momento certo para comprar Bitcoin ou se a tendência de queda ainda não terminou. Nesse sentido, a volatilidade do mercado cripto exige tanto cautela quanto análise estratégica antes de tomar decisões de investimento.

Os analistas estão com opiniões divergentes sobre a postura que deve ser adotada. Por um lado, a recente queda pode representar uma oportunidade de compra para quem acredita na valorização de longo prazo do ativo digital. 

Juntamente com isso, caso o suporte em US$88.000 se mantenha, o BTC pode encontrar um ponto de estabilização antes de uma possível retomada de alta. A crescente adoção institucional e avanços tecnológicos na blockchain também reforçam o otimismo de muitos investidores.

Por outro lado, há riscos de acontecerem novas quedas, especialmente se fatores macroeconômicos, como aumento das taxas de juros e mudanças na regulamentação, continuarem desfavoráveis. A incerteza econômica global pode impactar o apetite dos investidores por ativos voláteis, como o Bitcoin.

Ademais, para quem deseja entrar no mercado, pode ser interessante adotar uma estratégia de compra gradual (Dollar Cost Averaging – DCA). Com ela, há a compra de frações de BTC ao longo do tempo para reduzir riscos.

Em suma, independentemente da decisão, é crucial monitorar os indicadores econômicos e as movimentações do mercado. O Bitcoin continuará apresentando tanto desafios quanto oportunidades, tornando-se uma opção atraente para quem busca retornos a longo prazo.

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