A recente eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos trouxe promessas que atraíram a atenção da comunidade de criptomoedas. Nesse sentido, um dos planos mais ambiciosos discutidos é a ideia de transformar o Bitcoin (BTC) em uma reserva de valor nacional, possivelmente substituindo o dólar no futuro. Para isso, é sugerida a compra de 1 milhão de Bitcoins, cerca de 5% de toda a oferta de 21 milhões de unidades.
Portanto, iremos explorar o plano, bem como o investimento necessário por parte dos Estados Unidos para executá-lo. Em conjunto a isso, discutiremos os impactos de tal postura tanto no BTC quanto em outras criptos.
Entenda o planejamento de compra de 1 milhão de Bitcoins dos Estados Unidos
Donald Trump foi eleito o 47º presidente dos Estados Unidos na última terça-feira (5). Ele recebeu apoio da comunidade de moedas virtuais devido às suas propostas para o setor.
Entre elas, prometeu demitir Gary Gensler, presidente da SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) e transformou o fortalecimento do BTC em uma bandeira de campanha. Ainda que não tenha se comprometido com a compra de Bitcoins, já afirmou que não pretende vender os BTCs confiscados pelo governo.
A senadora Cynthia Lummis, defensora do Bitcoin, apresentou um plano estratégico em julho de 2024. Nele, propõe que os Estados Unidos adotem o BTC como reserva de valor, com potencial de substituir o dólar.
O projeto prevê a compra de 1 milhão de Bitcoins e a criação de uma rede de cofres descentralizados operados pelo Departamento do Tesouro, com sistemas de segurança avançados. Com isso, o objetivo é garantir uma reserva sólida e segura de BTC, considerando as oscilações e o valor crescente do ativo digital no mercado global.
Atualmente, o governo dos EUA possui Bitcoin resultantes de confiscos e apreensões judiciais. Contudo, cerca de 94.643 dessas moedas devem ser devolvidas à exchange Bitfinex. Isso irá reduzir as reservas disponíveis para um possível uso como moeda adicional.
Considerando todo esse contexto, na última quarta-feira (6), após as eleições, Lummis reafirmou seu compromisso em levar a proposta de adoção do BTC adiante. Para isso, busca apoio no Senado com o intuito de concretizar essa aquisição.
Quanto investimento isso iria demandar?
O Bitcoin, que muitas vezes é chamado de “ouro digital”, possui um limite fixo de 21 milhões de unidades, o que torna sua escassez um fator-chave de valorização. Sendo assim, como os Estados Unidos já são o maior detentor de ouro no mundo, a proposta de adquirir 1 milhão de BTCs como reserva de valor se alinha a essa lógica.
Desse modo, com a eleição de Donald Trump para a presidência e a vitória de outros 262 candidatos pró-cripto para o Congresso, o apoio ao Bitcoin pode aumentar, o que facilitaria a aprovação do plano.
No entanto, essa compra teria um custo elevado. Em outras palavras, estima-se que o investimento necessário para adquirir 1 milhão de BTCs seja de aproximadamente US$74,7 bilhões (cerca de R$423 bilhões, no preço atual). Mas, devido ao volume, o preço do Bitcoin poderia subir durante a aquisição, aumentando o custo total.
Para efeito de comparação, o criador do BTC, Satoshi Nakamoto, teria cerca de 1,1 milhão de criptos. Enquanto isso, a empresa MicroStrategy, que é uma grande investidora, possui 252.220 unidades. Logo, a compra dos Estados Unidos colocaria o país entre os maiores detentores de Bitcoin, o que geraria diversas consequências para o mercado.
Como esse plano dos Estados Unidos poderia impactar o Bitcoin?
Uma compra de tal proporção como a do plano dos Estados Unidos provavelmente impactaria o mercado de BTC e consequentemente o valor da criptomoeda. Com o governo estadunidense adquirindo uma quantidade significativa de Bitcoin, haveria uma alta imediata na demanda.
Isso elevaria o preço do ativo e, possivelmente, atrairia mais investidores institucionais e governamentais. Dessa maneira, tal movimento poderia consolidar o BTC como uma reserva de valor universal. Esse contexto impulsionaria sua adoção em outros países e reforçaria seu status como uma “moeda forte” do mundo digital.
Adicionalmente, outro efeito provável é a redução da oferta disponível para o público geral, o que pode aumentar a percepção de valor do Bitcoin a longo prazo. Em paralelo, a entrada de governos no mercado de criptomoedas, especialmente em ativos descentralizados como o BTC, também representa uma mudança de paradigma para o sistema financeiro global.
Sendo assim, ao adicionar moedas virtuais em suas reservas, os Estados Unidos sinalizam a aceitação das criptos como um ativo financeiro seguro e confiável, algo que era impensável há alguns anos.
Juntamente com isso, essa movimentação poderia incentivar países concorrentes a adotarem políticas similares para manterem suas reservas nacionais diversificadas, principalmente em ativos de natureza digital e descentralizada. A consequência disso seria uma competição para adquirir Bitcoin, impulsionando ainda mais seu preço e a demanda mundial.
Essa compra pode impactar outras criptomoedas?
Embora o foco da proposta dos Estados Unidos seja o Bitcoin, os efeitos podem se estender a todo o mercado cripto. O aumento no valor e na relevância do BTC impulsionaria o interesse de investidores institucionais e indivíduos por outras criptomoedas.
No meio delas, temos exemplos como Ethereum, Litecoin e altcoins populares. Desse modo, o investimento governamental no Bitcoin poderia abrir as portas para uma maior aceitação das criptos como alternativas de valor.
Em conjunto a isso, uma eventual regulamentação para suportar essa aquisição poderia tanto beneficiar quanto restringir o uso de outras criptomoedas. Se o governo estadunidense adotar uma abordagem favorável à descentralização, pode fortalecer o mercado como um todo.
Isso se deve ao fato de que ofereceria mais segurança e confiança aos investidores. No entanto, se o foco regulatório for exclusivamente o BTC, outras criptos poderiam enfrentar barreiras adicionais, centralizando a atenção e os recursos na principal moeda virtual.
Em conclusão, a entrada dos Estados Unidos no mercado de Bitcoin pode ampliar o interesse por outros criptoativos. Apesar disso, o impacto específico dependerá das políticas e regulamentações que o governo estadunidense adotar.