A Lua é um satélite natural do planeta Terra e, desde os primórdios da civilização, é alvo de curiosidade, interesse e pesquisa por parte dos seres humanos. Por isso, conforme temos avanços tecnológicos e científicos, a corrida para a Lua se intensifica.
Nos últimos anos, a descoberta de um novo e potente combustível, o hélio-3, intensificou o interesse acerca da Lua que, segundo estudos, possuiria este isótopo do hélio-4 em abundância, diferentemente da atmosfera terrestre. Essa realidade faz com que os países que atualmente dominam o mercado capitalista global, como Estados Unidos, China, Rússia e Japão tornem suas atenções a fazer expedições para a Lua.
A grande quantidade de hélio-3 presente no satélite e o potencial desse elemento químico enquanto energia limpa (e consequentemente como mercadoria dos tempos modernos) é o que inspira toda essa dedicação.
Por que o hélio-3 é abundante na Lua e o mesmo não acontece no Planeta Terra?
Uma das motivações da corrida lunar que estamos vivenciando é a abundância de hélio-3 no solo do satélite. Ou seja, devido a escassez desse hélio no Planeta Terra, após a descoberta do enorme potencial que o isótopo tem para a produção de energia, os cientistas passaram a se preocupar.
Segundo a Agência Espacial Europeia, essa escassez ocorre pelo fato de que há uma diferença em relação aos ventos solares entre a proteção do Planeta Terra e da Lua. Isto acontece porque nosso planeta é protegido por seu campo magnético, enquanto nosso satélite natural não possui essa defesa.
Sendo assim, ao longo da história, a Lua foi atingida por quantidades maiores de ventos solares. Isto, segundo os cientistas, pode contribuir para a maior produção de hélio-3 em seu solo em comparação com o que temos no nosso Terra.
Potencial energético do Hélio-3 e como ocorreu o processo para entendê-lo
Com potencial para revolucionar o contexto energético internacional, o hélio-3 é um isótopo raro do hélio-4, segundo gás mais abundante do Universo. Quando pegamos o menos presente e combinamos com deutério (isótopo do hidrogênio) em processo de fusão nuclear, o hélio-3 pode gerar energia sem os subprodutos radioativos. A descoberta desse processo tem despertado o interesse de nações ao redor do mundo, que buscam uma fonte de energia limpa e abundante.
Apesar de o fato da Lua possuir abundância de hélio-3 ter colocado as expedições e o interesse na corrida lunar em evidência, o conhecimento sobre a existência desse isótopo não é algo recente. Durante o Programa Apollo, que ocorreu na década de 1970, algumas amostras lunares já demonstravam sua presença no satélite. Entretanto, o desenvolvimento tecnológico da época não era o necessário para explorar e utilizar o hélio-3.
Então, foi somente em um estudo publicado na revista Nature Geoscience, da Universidade da Califórnia, que foram descobertas evidências de que esse recurso raro é, potencialmente, dez vezes mais comum na Terra do que se imaginava. Esses fatos encontrados foram algo que os cientistas não imaginavam, pois o estudo era focado no isótopo hélio-4. Apesar disso, a presença do hélio-3 na atmosfera terrestre continua sendo irrisório, o que faz com que o interesse pelas expedições lunares aumente ainda mais.
Os principais concorrentes na Corrida para a Lua
Com a descoberta do potencial energético do hélio-3 e o caráter de energia limpa que se obtém em seu processo de fusão, vários países estão investindo em pesquisas sobre o tema. Além disso, são diversas as expedições organizadas para a Lua, a fim de se colocar na frente na disputa pelo pioneirismo na utilização do isótopo raro em sua reserva energética.
A China, uma das mais emergentes potências econômicas mundiais, é uma das protagonistas nesse campo. A nação tem uma visão clara de também se colocar entre as dominantes globais no quesito da energia limpa. Devido a isso, o programa espacial chinês tem planos concretos para enviar tripulações à Lua, a fim de estabelecer bases de mineração de hélio-3, algo que seria fundamental para cumprir essa missão.
Outro país que está nas primeiras posições na mais recente corrida para a Lua são os Estados Unidos. A NASA tem explorado e estudado ativamente maneiras de retornar ao astro, não apenas pelo valor científico de tais expedições, mas também com todo um plano espacial ambicioso incluso nesse contexto. O Japão é também um país que está fortemente interessado e engajado nessa disputa, com missões sendo lançadas nos últimos anos.
Além das nações que disputam essa corrida para a Lua, temos também concorrentes do setor privado, como exemplo a empresa SpaceX, liderada pelo bilionário Elon Musk, que está investindo em tecnologias para viabilizar a exploração lunar e, assim, minerar recursos valiosos, como o hélio-3.
Outro nome que financia uma missão lunar é o também bilionário Yusaku Maezawa, com o projeto Dearmoon, que pretende enviar ao astro vários artistas e influenciadores.
Corrida para a Lua: desafios e oportunidades
Apesar da animação com os avanços tecnológicos e a vasta programação de expedições, a exploração lunar e a mineração de hélio-3 enfrentam obstáculos significativos, pois todo o processo logístico de enviar tripulações à Lua e estabelecer bases para ter acesso aos recursos é complexo e possui elevados custos.
Em conjunto a isso, existem questões jurídicas e políticas que surgem a partir da obtenção de recursos lunares, sendo uma delas a regulamentação do extrativismo espacial e a distribuição equitativa dos produtos espaciais entre os países. Porém, para muitos, os potenciais benefícios justificam o esforço para obter o hélio-3. Isto se deve ao fato de que ele representa não apenas um meio de se conseguir energia limpa, mas também de transformação da economia global.
Com a fusão nuclear se tornando uma realidade comercial, se iniciaria uma era de energia sustentável abundante e acessível, com possibilidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e, consequentemente, frear os efeitos das mudanças climáticas.
Em conjunto a tudo isso, a exploração lunar pode ser precursora de avanços para a humanidade, estimulando futuras inovações tecnológicas. No entanto, é crucial que essas criações e a obtenção de recursos da Lua sejam equilibradas com a preservação do ambiente do satélite. Sendo assim, é a responsabilidade sustentável nesse processo garantirá que gerações futuras colham os benefícios que ele trará.
Por fim, é importante salientar que essa corrida para a Lua não se trata somente de quem vai conseguir minerar e explorar o hélio-3 primeiro, pois temos uma disputa que pode expandir os limites do conhecimento humano e também ampliar as fronteiras, além de construir um futuro brilhante para a humanidade.