Créditos de Carbono e Tecnologia: onde os temas se encontram?

Os créditos de carbono e a tecnologia são dois temas que estão cada vez mais interligados, pois a tecnologia pode facilitar a geração, a verificação, a rastreabilidade, a transparência e a comercialização dos créditos de carbono. Além disso, a tecnologia também pode estimular a inovação, a educação e a conscientização sobre a importância e os benefícios dos créditos de carbono para o desenvolvimento sustentável. Neste artigo, vamos explicar o que são os créditos de carbono, como funciona o mercado de créditos de carbono, quais são as principais tecnologias que podem contribuir para esse mercado e quais são os benefícios e os desafios que ele apresenta.

O que são os créditos de carbono?

Os créditos de carbono são uma forma de incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) que causam o aquecimento global e as mudanças climáticas. Os créditos de carbono representam a não emissão ou a remoção de uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ou de outro GEE equivalente da atmosfera. Eles podem ser gerados por projetos que promovem o desenvolvimento sustentável, como o uso de energias renováveis, o reflorestamento, a eficiência energética, entre outros. Os créditos de carbono podem ser comercializados entre países ou empresas que têm metas de redução de emissões, conforme estabelecido pelo Protocolo de Kyoto, um acordo internacional que entrou em vigor em 2005.

Créditos de carbono e o Protocolo de Kyoto

O Protocolo de Kyoto estabelece que os países desenvolvidos devem reduzir as suas emissões em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990, no período de 2008 a 2012. Para isso, eles podem utilizar três mecanismos de flexibilização:

1. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)

Permite que os países desenvolvidos invistam em projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento, como forma de compensar as suas próprias emissões. Os países desenvolvidos recebem os créditos de carbono gerados pelos projetos, que podem ser usados para cumprir as suas metas ou para serem vendidos no mercado.

2. A Implementação Conjunta (IC)

Permite que os países desenvolvidos cooperem entre si para implementar projetos de redução de emissões em seus territórios. Os países envolvidos compartilham os créditos de carbono gerados pelos projetos, que podem ser usados para cumprir as suas metas ou para serem vendidos no mercado.

3. O Comércio Internacional de Emissões (CIE)

Permite que os países desenvolvidos negociem os seus créditos de carbono entre si, de acordo com a oferta e a demanda. Os países que têm excedentes de créditos podem vendê-los para os países que têm déficits de créditos, para que ambos possam cumprir as suas metas.

Além do mercado regulado pelo Protocolo de Kyoto, existe também o mercado voluntário de créditos de carbono, que não está vinculado a nenhum acordo ou obrigação legal. O mercado voluntário é composto por empresas, organizações ou indivíduos que desejam reduzir as suas emissões de forma voluntária, por motivos éticos, sociais ou ambientais. Além disso, o mercado voluntário também é composto por projetos que não se enquadram nos critérios do MDL, mas que geram benefícios ambientais e sociais. Nesse sentido, este mercado possui diversos padrões e certificações que garantem a qualidade e a credibilidade dos créditos de carbono, como o Verified Carbon Standard (VCS), o Gold Standard, o Climate Action Reserve (CAR), entre outros.

Principais tecnologias que contribuem para o mercado de créditos de carbono

As principais tecnologias que podem contribuir para o mercado de créditos de carbono são aquelas que podem facilitar a geração, a verificação, a rastreabilidade, a transparência e a comercialização dos créditos de carbono. Além disso, as tecnologias também podem estimular a inovação, a educação e a conscientização sobre a importância e os benefícios dos créditos de carbono para o desenvolvimento sustentável. Alguns exemplos de tecnologias que podem contribuir para o mercado de créditos de carbono são:

Blockchain:

Em suma, é uma tecnologia que permite o registro e o compartilhamento de informações de forma segura, descentralizada e imutável. O blockchain pode criar contratos digitais que representam os créditos de carbono, garantindo a sua autenticidade, a sua validade e a sua propriedade. O blockchain facilita a negociação dos créditos entre os compradores e os vendedores, sem a necessidade de intermediários, reduzindo os custos e os riscos de fraude.

IoT:

A Internet das Coisas permite a conexão e a comunicação entre objetos, dispositivos e sensores, gerando e transmitindo dados em tempo real. Assim, ela pode monitorar e medir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) de diferentes fontes, como indústrias, veículos, edifícios, entre outros. Além disso, a IoT também auxilia na implementação e na avaliação dos projetos de redução de emissões ou de captura de carbono, verificando o seu desempenho e o seu impacto ambiental.

IA:

A inteligência artificial pode analisar e processar os dados gerados pela IoT, identificando padrões, tendências e anomalias nas emissões de GEE. Além disso, a IA também auxilia na tomada de decisão e na otimização dos processos de redução de emissões ou de captura de carbono, sugerindo soluções, ações e estratégias mais eficientes e sustentáveis.

Ademais, a tecnologia da IA ainda facilita a negociação dos créditos de carbono entre os compradores e os vendedores. Isso acontece utilizando algoritmos de inteligência de mercado, de precificação dinâmica, de matching de ofertas e demandas, entre outros. A IA pode, por fim, contribuir para a integridade, a confiabilidade e a transparência dos créditos de carbono, utilizando técnicas de blockchain, de criptografia, de auditoria, de validação, de certificação, entre outras.

Biotecnologia:

A biotecnologia utiliza organismos vivos ou seus derivados para criar ou modificar produtos ou processos. Além disso, ela desenvolve e aprimora técnicas de redução de emissões ou de captura de carbono. Para exemplificar: o uso de microalgas, bactérias, fungos ou enzimas para transformar o CO2 em biomassa, biocombustíveis, bioplásticos, entre outros. A biotecnologia também contribui para a conservação e o restauro de ecossistemas que sequestram carbono, como as florestas, os manguezais, os solos, entre outros.

Descubra as vantagens dos créditos de carbono. Imagem: DALL-E 3.

Quais são os benefícios e os desafios do mercado de créditos de carbono

Benefícios:

Os créditos de carbono incentivam a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Aliás, também contribuem para o combate às mudanças climáticas, que afetam a biodiversidade, a saúde humana, a segurança alimentar, entre outros aspectos.

Esses créditos também promovem o desenvolvimento sustentável, que busca conciliar o crescimento econômico, a inclusão social e a preservação ambiental. Isso acontece por meio de projetos que utilizam fontes renováveis de energia, melhoram a eficiência energética, recuperam áreas degradadas, conservam florestas, entre outros.

Além disso, eles geram receitas e benefícios sociais para os países. Assim, as empresas e as comunidades que implementam os projetos de redução de emissões ou de captura de carbono acabam beneficiadas. Isso acontece por meio da venda dos créditos no mercado regulado ou voluntário. Por fim, eles aumentam a competitividade, a reputação e a valorização das empresas no mercado, atraindo mais clientes, investidores, parceiros e talentos.

Desafios:

Os créditos de carbono enfrentam vários desafios, como a falta de uma regulamentação global, que defina as regras, os critérios, os procedimentos e as instituições responsáveis pelo mercado de créditos de carbono no âmbito internacional. Isso gera insegurança jurídica, burocracia, custos elevados e dificuldades de acesso aos mercados internacionais.

Outro desafio é a baixa demanda internacional por este tipo de créditos, devido à crise econômica global, à pandemia de Covid-19, à concorrência de outros países, à falta de compromisso dos países desenvolvidos com as metas de redução de emissões e à ausência de um acordo global pós-2020. Isso reduz o preço e a atratividade dos créditos de carbono como fonte de receita e de incentivo à sustentabilidade.

Um terceiro desafio é a necessidade de garantir a integridade, a transparência, a rastreabilidade e a verificação dos créditos de carbono, evitando problemas como a dupla contagem, o greenwashing, a superestimação das reduções de emissões, a falta de adicionalidade e a não permanência dos benefícios ambientais. Isso requer o uso de tecnologias, de padrões e de sistemas de monitoramento, reporte e verificação (MRV) confiáveis e robustos.

Um quarto desafio é a dificuldade de conciliar os interesses e as expectativas dos diferentes atores envolvidos no mercado desses créditos. Como, por exemplo, os governos, os setores produtivos, os investidores, as comunidades locais, as organizações não governamentais, os consumidores, entre outros. Isso demanda um diálogo, uma articulação, uma cooperação e uma participação efetiva e equitativa de todos os stakeholders.

Em última análise…

Os créditos de carbono e a tecnologia se encontram no cenário de crescente preocupação com as mudanças climáticas. Assim, surge a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Em suma, os créditos de carbono são uma forma de incentivar e recompensar as ações de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas. Isso acontece por meio de projetos que promovem o desenvolvimento sustentável. A tecnologia é uma ferramenta que facilita e aprimora os processos. Por exemplo, a geração, verificação, rastreabilidade, transparência e de comercialização desses créditos. Além disso, ela também estimula a inovação, a educação e a conscientização sobre a importância e os benefícios desses créditos.

Em suma, neste artigo, explicamos o que são os créditos de carbono. Por outro lado, abordamos como funciona o mercado, quais tecnologias contribuem para esse mercado e quais os benefícios e desafios que ele apresenta.

Artigos recentes