Criptografia: pessoas que não conseguem acessar seus bitcoins

A tecnologia usada no processo de segurança e confiabilidade das transações e registros das criptomoedas é o blockchain, porém, o quanto falamos sobre a criptografia nesse processo? A criptografia é a ciência que estuda técnicas de codificação e decodificação de informações, usando chaves e algoritmos matemáticos. Aliás, no contexto do bitcoin, a criptografia protege as carteiras digitais, que são os locais onde os usuários armazenam, enviam e recebem seus bitcoins.

Sabemos que o bitcoin é uma das criptomoedas mais populares e valiosas do mundo, certo? As aspas servem para reforçar o quão inseguro pode ser investir nessas moedas digitais. Afinal, existem casos de pessoas que perderam o acesso às suas carteiras digitais com milhões de bitcoins.

Neste artigo, iremos relembrar o caso de três pessoas que perderam o acesso total de suas carteiras com bitcoin. Dessa forma, podemos entender o papel da criptografia nesse universo e ressaltar alguns pontos importantes de segurança. Portanto, vamos seguir!

A criptografia do bitcoin

A criptografia do bitcoin é uma das mais avançadas e seguras do mundo, pois usa vários tipos de algoritmos, como a criptografia simétrica de Diffie e Hellman, o SHA-256, a curva elíptica (ECDSA) e o RIPEMD 160. Esses algoritmos garantem que as transações e os dados sejam autênticos, imutáveis e anônimos, e que somente o dono da carteira possa acessar e movimentar seus bitcoins.

A criptografia simétrica de Diffie e Hellman é um método que permite que duas partes troquem uma chave secreta sem revelá-la a um possível espião. Essa chave secreta pode criptografar e descriptografar as mensagens entre as partes. Esse método foi inventado em 1976 por Whitfield Diffie e Martin Hellman, e é o precursor da criptografia de chave pública, que é usada pelo bitcoin.

O que são as carteiras digitais de bitcoin?

As carteiras digitais de bitcoin são compostas por duas partes: uma chave pública e uma chave privada. Em suma, a chave pública é um código que identifica a carteira e gera o endereço de bitcoin, que é o equivalente a uma conta bancária. A chave privada é uma senha que permite que o usuário acesse e controle seus bitcoins, e que deve ser guardada em segredo.

Ambas as chaves acontecem a partir de funções hash, que são algoritmos que transformam qualquer dado em um código único e irreversível.

Existem vários tipos de carteiras digitais de bitcoin, como carteiras de software, carteiras de hardware, carteiras web e carteiras móveis. Cada uma tem suas vantagens e desvantagens, e você pode comparar as opções disponíveis nos sites oficiais dos fabricantes ou em sites especializados em criptomoedas.

Como funcionam?

As carteiras de software são programas ou aplicativos que rodam em um computador ou celular, que armazenam as chaves privadas de forma online, ou seja, conectada à internet. As carteiras de software são mais fáceis de usar e de acessar, mas são mais vulneráveis a roubos ou perdas. Por isso, é importante escolher uma carteira de software confiável e protegê-la com uma senha forte e uma camada extra de segurança, como a autenticação de dois fatores, que exige que o usuário forneça duas formas de identificação para acessar sua conta.

As carteiras de hardware são dispositivos físicos, como um pen drive ou um chaveiro, que armazenam as chaves privadas de forma segura e offline, ou seja, sem conexão com a internet. As carteiras de hardware são mais resistentes a ataques e a danos físicos, e permitem que o usuário recupere seus fundos caso perca ou quebre o dispositivo, usando uma frase de recuperação, que é uma sequência de palavras que o usuário deve anotar e guardar em um lugar seguro.

Já as carteiras web são serviços online, como o Coinbase ou o eToro, que oferecem uma carteira integrada à sua plataforma de negociação de criptomoedas. As carteiras web são mais convenientes e rápidas, mas menos seguras, pois as chaves privadas ficam armazenadas no servidor do provedor, que pode ser hackeado ou sofrer uma falha técnica.

Por último, temos as carteiras móveis são aplicativos que rodam em um smartphone ou tablet, que armazenam as chaves privadas de forma online ou offline, dependendo do tipo de carteira. As carteiras móveis são mais práticas e portáteis, mas são mais suscetíveis a perdas ou roubos, pois os dispositivos podem ser extraviados ou danificados.

Funções e algoritmos

O SHA-256 é uma função hash que transforma qualquer dado em um código de 256 bits, que é praticamente impossível de ser invertido ou duplicado. Essa função é usada para gerar os endereços de bitcoin e os blocos da blockchain, que são os registros das transações de bitcoin. O SHA-256 foi desenvolvido em 2001 pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), e é considerado um dos padrões de segurança mais confiáveis do mundo.

A curva elíptica (ECDSA) é um algoritmo de assinatura digital que usa equações de curvas elípticas para gerar e verificar as assinaturas das transações de bitcoin, provando que o dono da carteira autorizou o envio ou recebimento de bitcoins. Esse algoritmo foi proposto em 1992 por Scott Vanstone, e é um dos mais eficientes e seguros do mercado.

O RIPEMD 160 é outra função hash que reduz o código de 256 bits do SHA-256 para 160 bits, tornando os endereços de bitcoin mais curtos e fáceis de usar. Essa função surgiu em 1996 pelo projeto europeu RIPE (RACE Integrity Primitives Evaluation), e é uma das mais robustas e confiáveis do seu tipo.

Esses são alguns exemplos de como a criptografia do bitcoin é mais antiga do que se imagina e é uma das mais valiosas tecnologias existentes. A criptografia do bitcoin é o que torna possível a existência de uma moeda digital descentralizada, segura e anônima, que pode revolucionar o sistema financeiro e a sociedade.

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O excesso de segurança garantido pela criptografia dos bitcoins é bom ou ruim? Imagem: DALL-E 3.

Os casos das pessoas que perderam o acesso aos bitcoins

A criptografia do bitcoin tem pontos negativos: ela impede que os usuários acessem seus bitcoins caso percam ou esqueçam suas chaves privadas. Isso também se aplica caso os dispositivos acabem perdidos, roubados ou danificados. Como as chaves privadas surgem a partir de funções hash irreversíveis, não há como recuperá-las ou redefini-las. Além disso, como as transações de bitcoin são irreversíveis, não há como reaver os bitcoins enviados para endereços errados ou fraudulentos.

Esses problemas causam grandes prejuízos para os usuários de bitcoin, que podem perder o acesso a milhares ou milhões de dólares em criptomoedas. Existem vários casos de pessoas que não conseguem acessar seus bitcoins por diferentes motivos, como:

James Howells

Um britânico chamado James Howells perdeu suas chaves privadas de bitcoin e isso lhe custou cerca de U$79 milhões (R$294 milhões). Howells tinha cerca de 7500 bitcoins em 2009 e armazenava as chaves privadas em um disco rígido (HD). Quatro anos depois, ele jogou fora o HD errado e agora está tentando encontrar o HD em um aterro sanitário.

Caso do Keylogger

Um anônimo perdeu 30 bitcoins a um programa de keylogger. A vítima não sabia que o keylogger havia entrado em seu laptop sem o seu conhecimento e descobriu que todas as suas moedas acabaram vendidas sem o seu consentimento. Ele perdeu cerca de U$300.000 (R$1.1 milhão).

Keylogger?

Para esclarecer: um keylogger é um software que guarda senhas em um sistema e grava tudo que é digitado no computador.

Stefan Thomas

Um homem chamado Stefan Thomas esqueceu a senha de sua carteira de hardware, que continha 7.002 bitcoins, que valem mais de U$300milhões (R$1.1 bilhão). A carteira de hardware só permite 10 tentativas de senha antes de bloquear o acesso permanentemente. Thomas já usou 8 tentativas e ainda não conseguiu lembrar a senha correta.

Inteligência Artificial na criptografia

A IA tem um papel importante na criptografia, que é a ciência que estuda técnicas de codificação e decodificação de informações, usando chaves e algoritmos matemáticos. A criptografia é essencial para a segurança e a confiabilidade das transações e dos dados na rede blockchain, que é a estrutura de dados que armazena as informações sobre todas as transações de criptomoedas, como o bitcoin.

Alguns dos usos da IA na criptografia são:

  • Melhora a segurança das transações e dos dados na rede blockchain, usando técnicas de aprendizado de máquina, análise de dados e detecção de anomalias para identificar e prevenir fraudes, ataques e vulnerabilidades.
  • Otimiza o processo de mineração de criptomoedas, usando algoritmos de otimização, previsão e alocação de recursos para aumentar a eficiência, a rentabilidade e a sustentabilidade da mineração .
  • Cria novas formas de criptomoedas, usando técnicas de geração de conteúdo, como redes neurais generativas, para criar moedas digitais personalizadas, artísticas ou divertidas.
  • Analisa o mercado de criptomoedas, usando técnicas de processamento de linguagem natural, análise de sentimentos e reconhecimento de padrões para extrair informações relevantes de fontes diversas, como redes sociais, notícias e blogs, e fornecer insights, recomendações e previsões para os investidores

Como evitar os aspectos negativos da criptografia?

A tecnologia existe para tornar o campos das criptomoedas mais segura, portanto, existem algumas possibilidades para se proteger

Usar uma carteira de hardware

que é um dispositivo físico que armazena as chaves privadas de forma segura e offline, ou seja, sem conexão com a internet. A carteira de hardware é mais resistente a ataques e a danos físicos, e permite que o usuário recupere seus fundos caso perca ou quebre o dispositivo, usando uma frase de recuperação, que é uma sequência de palavras que o usuário deve anotar e guardar em um lugar seguro.

Usar uma carteira de software

A carteira de software é mais fácil de usar e de acessar, mas é mais vulnerável a roubos ou perdas. Por isso, é importante escolher uma carteira de software confiável e protegê-la com uma senha forte e uma camada extra de segurança. Nesse sentido, a autenticação de dois fatores é uma boa alternativa, já que exige que o usuário forneça duas formas de identificação para acessar sua conta.

Fazer backup das chaves privadas e das senhas

Isto é, copiar e guardar as informações em um local seguro, como um papel, um pen drive, um HD externo, um cofre ou um serviço de armazenamento em nuvem. O backup pode ajudar o usuário a recuperar seus fundos caso ele perca o acesso ao seu dispositivo original ou à sua carteira.

Verificar os endereços de bitcoin

Antes de enviar ou receber moedas, é preciso conferir se o código ou o código QR do endereço está correto e corresponde ao destinatário ou ao remetente da transação. A verificação evita que o usuário envie seus bitcoins para endereços errados ou fraudulentos, geralmente, gerados por hackers ou por erros de digitação.

Essas são algumas das formas de proteger as carteiras digitais de bitcoin e evitar que os usuários percam o acesso aos seus bitcoins. No entanto, nenhuma dessas formas é infalível ou garante a recuperação dos fundos em todos os casos. Por isso, é importante que os usuários de bitcoin sejam cuidadosos e responsáveis com suas criptomoedas, e que estejam cientes dos riscos e das vantagens da criptografia do bitcoin.

Adaptação da criptografia

A criptografia é uma ciência fundamental para o funcionamento das criptomoedas. Afinal, ela garante a segurança, a confiabilidade e a anonimidade das transações e dos registros na rede blockchain. No entanto, a criptografia também traz problemas e desafios para os usuários de criptomoedas. Afinal, eles perdem todos os bitcoins caso esqueçam ou percam suas chaves privadas.

Para evitar ou minimizar esses problemas, é importante que os usuários de criptomoedas protejam suas carteiras digitais, usando dispositivos seguros e confiáveis. Além disso, é importante que verifiquem os endereços de bitcoin antes de enviar ou receber moedas. Aliás, o uso de recursos de segurança adicionais, como a autenticação de dois fatores, é imprescindível.

O futuro das criptomoedas e da criptografia é incerto. Isto é, depende de vários fatores, como o desenvolvimento tecnológico, a regulamentação legal, a aceitação social e a competição de mercado. Existem oportunidades e desafios que podem influenciar o cenário das criptomoedas nos próximos anos, como a escalabilidade, a resistência quântica, a interoperabilidade e a usabilidade.

Por isso, é importante que os usuários de criptomoedas estejam atentos e informados sobre as mudanças e tendências da criptografia. Além disso, é necessário que sejam conscientes e responsáveis com suas escolhas e ações. As criptomoedas são uma forma de inovação e de transformação do sistema financeiro, mas também exigem cuidado e responsabilidade dos seus usuários.

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