Você já viu algum vídeo falso que parecia extremamente real? Bom, essa técnica se chama DeepFake e através dela, áudios, imagens e vídeos acabam modificados com facilidade, usando inteligência artificial para mudar todo o contexto original.
Em 2024, acontecem as eleições presidenciais nos Estados Unidos. No brasil, também teremos as eleições para vereadores e prefeitos. Portanto, as deepfakes podem ser preocupantes. Neste artigo iremos entender um pouco mais sobre o conceito e como ele pode afetar as próximas eleições. Enfim, vamos seguir.
O que é DeepFake?
DeepFake é uma técnica que usa inteligência artificial para substituir rostos em vídeos e imagens, criando uma situação falsa que parece real. Por exemplo, você pode ver um vídeo de um político dizendo algo que ele nunca disse, ou uma celebridade fazendo algo que ela nunca fez. A técnica funciona com base em um grande conjunto de dados de fotos e vídeos da pessoa que será alvo da falsificação. Um algoritmo de aprendizado profundo aprende como essa pessoa se comporta, se move e fala, e depois cria uma imagem sintética que imita essas características. Essa imagem acaba sobreposta ao vídeo ou imagem original, criando uma ilusão de realidade
Esses vídeos surgem por meio de aplicativos ou plataformas online que permitem fazer deepfake de forma simples e rápida. No entanto, essa técnica também pode ser usada para fins maliciosos, como espalhar desinformação, difamar pessoas, violar a privacidade e gerar conteúdo pornográfico não consentido.
Aplicações de DeepFakes
- No cinema, os deepfakes podem criar efeitos especiais, animações, dublagens e performances que podem expressar a criatividade e a diversidade dos artistas. Um exemplo é o estudo dos estúdios de investigação da Disney que mostra como a tecnologia de deepfake pode trocar de identidades de forma realista.
- Na educação, os deepfakes podem ser usados para simular situações, cenários e personagens que podem auxiliar no aprendizado de estudantes e profissionais. Um exemplo é a ferramenta da Synthesia que cria vídeos de treinamento corporativo com inteligência artificial para empresas.
- No jornalismo, os deepfakes podem ser usados para esconder a identidade de pessoas em situação de risco, violência ou perseguição, ou para mostrar os impactos de problemas sociais e ambientais. Um exemplo é o projeto do jornal britânico The Guardian que usou deepfake para dar voz a uma ativista climática brasileira que não queria se expor.
- Na política, os deepfakes podem ser usados para desinformar o eleitor ao atribuir afirmações a candidatos que nunca foram ditas, ou para difamar pessoas, partidos e instituições. Um exemplo é o vídeo falso que mostrava o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, com dificuldades na fala.
- Na segurança, os deepfakes podem forjar comunicações, criar provas falsas, espalhar desinformação, violar a privacidade e cometer golpes. Um exemplo é o caso de um executivo que foi enganado por um deepfake de voz do seu chefe e transferiu 243 mil dólares para uma conta fraudulenta
Como a DeepFake pode afetar as eleições em 2024?
As eleições em 2024 contaram com a presença cada vez maior da IA no cenário político. Isto é, oferecendo ferramentas poderosas para compreender eleitores, direcionar estratégias e disseminar informações. No entanto, esse avanço também trará desafios significativos, especialmente no que diz respeito à disseminação de desinformação, onde algoritmos podem disseminar conteúdos enganosos, manipulando a percepção pública e afetando a legitimidade do processo eleitoral.
As deepfakes podem afetar as eleições em 2024 de várias formas, assim como:
- Comprometer a confiança e a credibilidade das informações, pois podem criar dúvidas sobre a veracidade e a autenticidade de vídeos e áudios de candidatos, partidos, autoridades e veículos de comunicação.
- Influenciar a opinião pública e o comportamento eleitoral, pois podem gerar sentimentos negativos ou positivos em relação a candidatos, propostas, ideologias e grupos sociais.
- Favorecer a polarização e o extremismo, pois podem reforçar visões preconceituosas, intolerantes e violentas, e dificultar o diálogo e o consenso entre diferentes atores políticos.
- Violar os direitos e a dignidade das pessoas, pois podem expor, ofender, ameaçar ou chantagear candidatos, eleitores, jornalistas e ativistas, e prejudicar sua imagem, reputação e segurança.
DeepFake do Biden
Nos Estados Unidos, a inteligência artificial recebeu uma regulamentação após uma deepfake do atual presidente Joe Biden proferindo um discurso presidencial falso. O vídeo era tão real que chocou o parlamentar e fez com que o governo americano tomasse medidas.
Como identificar e combater as DeepFakes nas eleições?
Diante dos riscos e desafios que as deepfakes representam para as eleições, é importante que haja uma conscientização e uma educação sobre o uso e o combate a essa técnica. Assim como mecanismos de verificação e denúncia de vídeos e áudios falsos. Algumas dicas para identificar e combater as deepfakes nas eleições são:
- Observe os detalhes: um deepfake pode apresentar alguns defeitos ou inconsistências na imagem ou no som, como movimentos bruscos, iluminação que muda de repente, mudança no tom da pele, piscadas estranhas ou ausentes, lábios dessincronizados com a fala ou artefatos digitais.
- Compare as versões: se você desconfia de um vídeo ou áudio, procure outra versão do mesmo conteúdo em fontes diferentes e confiáveis. Você pode usar ferramentas de pesquisa reversa de imagem ou vídeo, como o Bing ou o nVid, para encontrar outras ocorrências do mesmo conteúdo na internet e verificar se há alguma alteração.
- Use um detector de deepfake: existem alguns softwares ou aplicativos que usam inteligência artificial para analisar vídeos ou áudios e detectar se são falsos ou não. Alguns exemplos são o Deepware, o Reality Defender e o Sensity. Essas ferramentas podem ajudar a identificar um deepfake, mas não são infalíveis, pois a tecnologia de deepfake está em constante evolução.
- Denuncie as deepfakes: se você encontrar um vídeo ou áudio falso que possa afetar as eleições, você deve denunciá-lo às autoridades competentes. Isto é, como o Tribunal Superior Eleitoral, o Ministério Público Eleitoral ou a Polícia Federal. Além disso, você também deve alertar seus amigos, familiares e contatos sobre a existência de conteúdos falsos e orientá-los a não compartilhá-los.
Em última análise…
As deepfakes são uma tecnologia que usa inteligência artificial para criar vídeos e imagens falsos, que podem parecer reais. Essa técnica pode ter aplicações positivas, como entretenimento, educação e arte, mas também pode ter aplicações negativas, como desinformação, difamação e violação de direitos. Nas eleições em 2024, as deepfakes podem afetar a confiança, a opinião, a polarização e a segurança dos eleitores e dos candidatos. Isto é, comprometendo a democracia e a legitimidade do processo eleitoral. Por isso, é importante que haja uma conscientização e uma educação sobre o uso e o combate a essa técnica. Assim como mecanismos de verificação e denúncia de vídeos e áudios falsos.