O desenvolvimento tecnológico, com o passar das gerações, fez com que a demanda por combustíveis fosse cada vez maior. A partir disso, tivemos grande problemas ambientais ocasionados pela queima de combustíveis fósseis, processo que é responsável pela emissão de diversos gases que provocam o efeito estufa. Sendo assim, várias discussões e pesquisas foram iniciadas a fim de encontrar meios sustentáveis de se conseguir energia. Uma das soluções encontradas foi a fusão nuclear.
Este processo é, por exemplo, a forma pela qual as estrelas como o Sol obtêm energia. Além disso, a fusão nuclear se tornou alvo de muito interesse por parte da sociedade devido à grande quantidade de energia que é liberada dessa reação química, sendo um milhão de vezes maior do que meios comuns e dois milhões de vezes maior do que a liberada pela fissão nuclear.
O que é e como funciona a fusão nuclear?
A fusão nuclear é um processo em que ocorre a combinação de núcleos atômicos leves, como o hidrogênio, para formar um núcleo mais pesado. É um processo diferente da fissão nuclear, por exemplo, em que há a divisão de núcleos atômicos pesados em fragmentos menores, liberando uma grande quantidade de energia e, por isso, é usada atualmente nas usinas nucleares de todo o mundo. Essa comparação é necessária para explicar o motivo pelo qual a fusão nuclear libera muito mais energia do que o processo de fissão.
Entretanto, é necessário enfatizar que apesar de a fusão nuclear ser um processo tão vantajoso, não há ocorrências naturais da mesma no Planeta Terra, devido às elevadas quantidades de energia cinética necessária para superar a repulsão eletrostática entre dois núcleos. Sendo assim, a execução dela exige a presença de temperaturas elevadíssimas, como ocorre no Sol, o que ainda não foi conseguido reproduzir pelos cientistas.
Porque a fusão nuclear é promissora?
Apesar de sua complexidade para que ocorra, a fusão nuclear, quando realizada em quantidades que supram a necessidade energética da sociedade atual, oferece uma série de vantagens em relação aos outros meios de obtenção de energia.
A primeira delas é a abundância dos materiais necessários para realizá-la, pois as suas principais matérias-primas, como o deutério e o trítio, estão disponíveis em grandes quantidades na água do mar e no lítio, respectivamente. Esses dois componentes químicos são praticamente inesgotáveis, diferentemente dos recursos esgotáveis usados em outras maneiras de se obter combustíveis, como o urânio, necessário para a fissão nuclear.
Outra vantagem é a segurança do processo da fusão nuclear. Pois, ao contrário do que ocorre em outros meios, ele não produz resíduos radioativos de longa duração e nem gera riscos de acidentes graves, como os que aconteceram em Chernobyl e Fukushima, por exemplo. Além disso, a fusão nuclear é autolimitante, ou seja, caso qualquer coisa saia do padrão, a própria reação cessa automaticamente por conta própria.
Mais um benefício que essa promissora maneira de obter energia apresenta é o baixo impacto ambiental, ou seja, ela não emite gases do efeito estufa nem poluentes atmosféricos, contribuindo para a desaceleração das mudanças climáticas e também para a preservação do meio ambiente.
Por fim, é destacável como ponto positivo da realização da fusão nuclear sua alta eficiência energética, pois a quantidade de energia que se consegue a partir dela é significativamente maior do que a gerada pelas fontes utilizadas atualmente, sejam elas renováveis ou não. Além disso, com a futura popularização da fusão nuclear, muitos países podem evoluir no caminho para a independência energética, reduzindo sua necessidade de combustíveis fósseis e importação de energia.
Desafios a serem vencidos
Mesmo com a existência de diversos benefícios relacionados à utilização da fusão nuclear para obtenção de energia, este processo ainda enfrenta diversos obstáculos técnicos, científicos e econômicos, que precisam ser superados para que ela se torne uma opção comercialmente possível de ser utilizada.
A primeira dificuldade é a necessidade de altas temperaturas e pressões por tempo suficiente para que se realize a fusão nuclear, sendo esta a maior na questão técnica do processo. Esta particularidade exige o uso de sistemas de confinamento avançados e que são complexos de se manejar.
Aliado a necessidade de altas temperaturas e pressões, temos o segundo desafio, que é o gerenciamento do trítio que, apesar de não gerar resíduos radioativos, a maneira de se obter energia desse elemento, é radioativo. Isto faz com que tenha de ser manuseado e armazenado com extremo cuidado, para evitar contaminações e perigos à saúde das pessoas envolvidas no processo da fusão nuclear.
Outro obstáculo a ser superado são os altos custos de desenvolvimento, pois a pesquisa e as evoluções da tecnologia de fusão nuclear são significativamente caras. Além disso, demandam tempo e dedicação para serem realizadas. Estes aspectos fazem com que, a construção de reatores de fusão nuclear para a produção de energia de forma contínua e confiável e que supra as necessidades humanas, seja um desafio a ser superado.
Olhar para o futuro
Apresentados os possíveis benefícios e os potenciais desafios que o avanço em direção ao uso da fusão nuclear como meio de obtenção de energia nos traz, é visível o aumento considerável do interesse e do investimento nesse processo, nas últimas décadas.
A partir disso, projetos como o ITER (Reator Termonuclear Experimental Internacional), sediado na França, são apostas para o avanço na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias para conseguirmos realizar a promissora maneira de produção energética em larga escala.
A esperança é que, caso essas tentativas tenham sucesso, a fusão nuclear possa começar a suprir necessidades energéticas de alguns locais, a partir da segunda metade do século. A partir desta ocorrência, poderemos vivenciar uma revolução energética global, que proporcionará benefícios ambientais, econômicos e sociais de muito valor para a humanidade.
Portanto, o processo da fusão nuclear representa uma promessa para o futuro energético da raça humana. Embora ainda existam dificuldades a serem superadas, as potenciais melhorias que essa tecnologia pode nos trazer são significativas e, por isso, merece atenção e investimentos para que se torne realidade.
Logo, com isto ocorrendo, estaremos avançando pelo bem do Planeta Terra e também das gerações futuras, o que compensará os esforços para que transitemos para uma economia global baseada na fusão nuclear.
