A revolução tecnológica que a Internet 5G promete tem sido um dos assuntos mais discutidos nos últimos anos. Nesse sentido, estão se gerando expectativas de uma conectividade sem precedentes. Além disso, se prevê uma ampla gama de possibilidades para usuários e dispositivos.
No entanto, no Brasil, a realidade sobre a disponibilidade dessa tecnologia é bastante distinta do que muitas operadoras vêm anunciando. Embora algumas empresas afirmem que a Internet 5G já está à disposição em certas regiões, o que realmente está sendo oferecido aos consumidores é uma versão aprimorada do 4G, que não atende às verdadeiras especificações e capacidades da Internet 5G.
Portanto, exploraremos as nuances dessa nova tecnologia e as diferenças cruciais entre as gerações de redes móveis. Do mesmo modo, saberemos os motivos por trás das alegações das operadoras e, por fim, o que ainda precisa ser feito para que a verdadeira Internet 5G chegue ao Brasil.
O que é Internet 5G?
Para entender o impacto da Internet 5G, é crucial revisar a evolução das gerações anteriores de redes móveis. Sendo assim, o 3G foi um marco na comunicação móvel, oferecendo velocidades que possibilitaram a navegação na web e o envio de e-mails.
Contudo, sua capacidade limitada não suportava de forma eficiente o uso de aplicativos mais pesados, streaming de vídeos em alta qualidade ou a conectividade necessária para dispositivos inteligentes.
Desse modo, a transição para o 4G foi um salto significativo. Com maior largura de banda e menor latência, o 4G possibilitou a popularização de smartphones e aplicativos de alta performance. Isso permite o streaming de vídeos em alta definição, jogos online e o surgimento de serviços como Uber e iFood.
Além disso, a conectividade das Smart TVs e outros dispositivos inteligentes tornou-se uma realidade prática, graças à estabilidade e velocidades superiores que a conexão 4G oferece aos usuários.
Então, a Internet 5G promete ir além do que o 4G pode oferecer. Ela é projetada para suportar a Internet das Coisas (IoT), conectando não apenas smartphones e computadores, mas também carros, eletrodomésticos, sistemas de segurança e uma infinidade de outros dispositivos sem interrupções.
Juntamente com isso, a promessa de uma latência ultrabaixa e velocidades de download incrivelmente altas significa que a transmissão de dados ocorrerá de maneira quase instantânea.
Logo, isso habilitará avanços em áreas como por exemplo realidade aumentada, telemedicina, carros autônomos e cidades inteligentes. Esses desenvolvimentos serão possíveis pois precisam estar interconectados de maneira contínua e eficiente para serem viáveis.
Internet 5G não perde sinal
Uma das grandes diferenças técnicas entre a Internet 4G e a Internet 5G é a maneira como os sinais são transmitidos. Nesse sentido, o 4G utiliza frequências mais baixas, que são adequadas para cobrir grandes áreas com poucas torres.
Apesar disso, essas frequências são mais suscetíveis a interferências e congestionamentos, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas. Além disso, a transmissão de dados pelo 4G, que funciona de forma similar às ondas de rádio, pode ser interrompida por obstáculos físicos como edifícios e árvores.
Por outro lado, a Internet 5G utiliza frequências mais altas, conhecidas como ondas milimétricas. Essas ondas podem transmitir muito mais dados, com menor latência e também maior estabilidade.
Entretanto, as ondas milimétricas possuem um alcance menor e não penetram tão bem em obstáculos físicos. Sendo assim, fazem com que seja necessária uma infraestrutura muito mais densa de torres e pequenas células para garantir a cobertura contínua.
Por que as operadoras falam que ela já está disponível?
Apesar das limitações tecnológicas e de infraestrutura, muitas operadoras brasileiras têm anunciado que já oferecem a Internet 5G. Na realidade, o que elas estão oferecendo é um aprimoramento do 4G, muitas vezes chamado de “5G DSS” (Dynamic Spectrum Sharing).
Essa conexão utiliza a infraestrutura 4G existente para proporcionar velocidades um pouco melhores, mas longe do verdadeiro potencial da Internet 5G. Então, esse “5G DSS” não possui a baixa latência, a alta capacidade de dispositivos conectados simultaneamente ou as altas velocidades que a verdadeira rede 5G pode proporcionar.
Logo, a estratégia de marketing das operadoras em promover esse “5G” é, em grande parte, uma tentativa de atrair novos clientes e reter os atuais com a promessa de uma tecnologia que ainda não está disponível em forma plena.
Desse modo, isso cria uma expectativa irreal nos consumidores que esperam melhorias significativas na conectividade. Em contrapartida, acabam sendo decepcionados e recebendo um serviço que ainda não corresponde às promessas da verdadeira Internet 5G.
Ela vai chegar no Brasil quando?
A chegada da verdadeira Internet 5G no Brasil depende de uma série de fatores. Eles incluem: licitações para o uso de espectros de frequência apropriados e a instalação de novas infraestruturas de rede.
Assim, em 2021 a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizou um leilão de frequências 5G, mas a implementação efetiva dessas redes ainda enfrenta desafios significativos.
Isso se deve ao fato de que a instalação de antenas de Internet 5G é um processo complexo e caro. As antenas 4G existentes não são compatíveis com a transmissão de ondas milimétricas do 5G.
Desse modo, é preciso a instalação de novas antenas e a construção de uma rede de células menores e mais densas. Além disso, há um atraso por parte do governo e das operadoras na realização dessas instalações devido a questões burocráticas, regulatórias e de investimentos.
Portanto, a previsão para a disponibilização total da Internet 5G no Brasil varia, com estimativas sugerindo que as grandes cidades começarão a ver redes de Internet 5G ainda em 2024. Por outro lado, uma cobertura mais ampla só estará disponível em torno de 2026.
Contudo, é importante ressaltar que até que essa infraestrutura esteja em funcionamento, os consumidores devem estar ciente que o “5G” atualmente oferecido não representa o verdadeiro potencial dessa tecnologia.
Em resumo, a promessa da Internet 5G pode ser transformadora. No entanto, a realidade no Brasil é que ainda não temos essa tecnologia plenamente disponível. Sendo assim, as operadoras podem anunciar melhorias e inovações, mas é crucial que os consumidores estejam cientes das limitações atuais e das estratégias de marketing enganosas.