A Meta, gigante da tecnologia conhecida por controlar plataformas como por exemplo Facebook, Instagram e WhatsApp, está mais uma vez nos holofotes. Nesse sentido, a empresa lançou recentemente uma iniciativa que vem despertando curiosidade e preocupação: o escaneamento de pessoas reais com o objetivo de melhorar o metaverso.
Com promessas de criar experiências mais imersivas por meio de avatares digitais ultrarrealistas, a marca aposta alto no que chama de “Codec Avatars”. Mas o processo por trás dessa tecnologia envolve a coleta intensiva de dados físicos e comportamentais de pessoas reais.
Portanto, neste artigo, iremos entender o escaneamento de pessoas pela Meta com o intuito de evoluir o metaverso e também explorar alguns problemas com esse processo. Além disso, elencaremos alguns contextos passados dessa tecnologia, bem como listaremos possíveis aplicações da mesma. Finalmente, iremos levantar algumas lições que podem ser aprendidas com a situação.
Entenda o escaneamento de pessoas pela Meta para evoluir o metaverso
A Meta, dona de algumas das redes sociais mais populares do planeta, está realizando um ambicioso projeto que envolve o escaneamento de adultos para aprimorar suas plataformas de realidade virtual. Tal trabalho está sendo feito por meio da empresa Appen.
Ela é especializada em coleta e rotulagem de dados, que foi contratada para terceirizar essa operação. Os participantes do projeto são pagos em torno de 50 dólares por hora para contribuírem com dados valiosos para os estudos da big tech.
O que é o Projeto Warhol?
Nomeado como Projeto Warhol, essa nova iniciativa da Meta busca desenvolver o que a empresa chama de Codec Avatars. Elas são representações digitais hiper-realistas que espelham em tempo real os gestos, expressões e falas das pessoas escaneadas.
Para isso, a Meta está recrutando adultos, maiores de 18 anos, que aceitem ser gravados em situações controladas por câmeras e sensores de alta tecnologia. Os materiais de recrutamento deixavam claro que a intenção era “ajudar na melhoria dos avatares”. O projeto está dividido em dois grandes estudos.
Movimento humano
Nesse segmento do Projeto Warhol, os participantes são instruídos a realizar uma série de gestos e expressões. Eles precisam simular sorrisos, franzir a testa, ler frases específicas e até fazer gestos com as mãos.
Tudo isso enquanto seus movimentos são capturados de todos os ângulos por sensores, câmeras e equipamentos de áudio avançados. A ideia é mapear com extrema precisão os micromovimentos do corpo e rosto humano para transferi-los aos avatares.
Conversas em grupo
O segundo braço da pesquisa tem como foco a naturalidade da comunicação. Participantes são reunidos em grupos de duas a três pessoas para improvisarem conversas leves e naturais.
A Meta quer capturar não apenas o conteúdo verbal, mas as expressões faciais, os gestos e até as pausas na fala que ocorrem espontaneamente durante um diálogo. Esse nível de detalhe permitirá que os avatares se tornem não apenas realistas na aparência, mas também no comportamento.
Qual é o papel da Appen?
A Appen atua como intermediária, sendo responsável pela contratação dos participantes e pela logística dos estudos. Embora a Meta seja a cliente final, é a Appen quem gerencia os detalhes operacionais, incluindo a obtenção de consentimentos dos freelancers. Os termos de participação deixam claro que os dados serão utilizados pela Meta, embora a própria Appen tenha se recusado a comentar publicamente sobre o projeto.
Alguns problemas que a Meta vem enfrentando com esse processo
A ambição da Meta em liderar o mercado de metaverso enfrenta sérios obstáculos, principalmente no que diz respeito à privacidade e ao uso de dados pessoais. Enquanto nos Estados Unidos os testes seguem em andamento, em outras regiões do mundo as práticas da empresa são vistas com desconfiança, e até mesmo como ilegais.
A coleta de dados e o impacto na privacidade
Um dos pontos mais controversos da iniciativa é o possível uso dos dados coletados para treinar Inteligências Artificiais. Em casos anteriores, a Meta AI já demonstrou esse tipo de abordagem.
No Brasil, por exemplo, a empresa começou a utilizar dados de contas do Instagram e do Facebook para treinar seus modelos de IA, algo cuja revelação aos usuários aconteceu de maneira tardia
Restrições legais na Europa
Na União Europeia, esse tipo de coleta de dados é altamente regulamentada. A organização ativista NYOB (None of Your Business) acusou formalmente a Meta de violar as leis de proteção de dados.
Sendo assim, a empresa tem até o dia 21 de maio para responder às acusações, seja com um acordo ou indicando oficialmente que desistirá de usar dados de cidadãos europeus para treinar suas Inteligências Artificiais. O desfecho desse caso poderá influenciar diretamente os rumos do Projeto Warhol fora dos EUA.
Riscos éticos do escaneamento
Há ainda a preocupação sobre o modo e o período de armazenamento dos dados escaneados e se a Meta poderá reutilizá-los para outros fins. A questão ética mais urgente é: até que ponto os participantes estão plenamente cientes das implicações de terem uma replicação digital de sua imagem e comportamento?

Contextos passados do metaverso da Meta
A trajetória da Meta no desenvolvimento de ambientes imersivos e digitais não é exatamente recente, e tampouco livre de tropeços. Desde que mudou seu nome de Facebook Inc. para Meta em 2021, a companhia tem investido pesadamente na construção de um metaverso. No entanto, os resultados não têm sido os esperados.
O rebranding da Meta e as promessas da empresa
A mudança de nome para Meta simbolizou a intenção clara de se posicionar como líder global em experiências 3D. Nesse sentido, a promessa era ambiciosa: transformar o modo como as pessoas interagem online, criando mundos digitais acessados por meio de óculos de realidade virtual.
A recepção negativa
Em 2022, a empresa enfrentou uma onda de críticas após apresentar, de forma pública, os primeiros avatares de seu metaverso no Horizon World. A recepção foi péssima. Os gráficos dos avatares, considerados “feios e primitivos”, foram alvos de piadas nas redes sociais, especialmente em países como França e Espanha.
Cortes e reorganizações
Mais recentemente, em abril de 2025, a Meta demitiu diversos funcionários do Reality Labs, divisão responsável por pesquisa em realidade aumentada e virtual. Sendo assim, as demissões atingiram a Oculus Studios e a Supernatural, que desenvolvia apps de fitness para VR. Essas reestruturações levantam dúvidas sobre a viabilidade a longo prazo do projeto de metaverso da empresa.
Possíveis aplicações do metaverso da Meta
Apesar das críticas e desafios, a Meta continua visualizando um futuro promissor para seu metaverso. Em outras palavras, as aplicações possíveis para essa tecnologia são vastas e abrangem diferentes setores da sociedade.
Educação e treinamentos corporativos
Imagine treinamentos corporativos onde os funcionários podem interagir em ambientes virtuais como se estivessem presencialmente. Escolas poderiam oferecer aulas imersivas, com alunos e professores compartilhando o mesmo espaço virtual de aprendizado, mesmo estando a quilômetros de distância.
Entretenimento e eventos sociais
Concertos, festas, peças de teatro e até reuniões familiares poderão ocorrer em espaços virtuais realistas. Ou seja, Avatares Codec permitiriam que as emoções e reações fossem transmitidas de forma quase idêntica à vida real, tornando a experiência mais envolvente.
Saúde e bem-estar
Consultas médicas em realidade virtual, sessões de terapia com avatares do próprio paciente e simulações para tratamentos psicológicos são outras possibilidades que a Meta considera. A fidelidade dos avatares aos movimentos humanos reais pode ser um diferencial importante nessas aplicações.
Lições a aprender com esse contexto da Meta
A saga da Meta com o metaverso oferece valiosas lições tanto para empresas de tecnologia quanto para os usuários comuns.
A importância da transparência
Projetos que envolvem dados sensíveis exigem um alto grau de clareza e transparência com o público. A falta de informações claras sobre o uso dos dados escaneados pode minar a confiança dos usuários e causar reações negativas, como vem acontecendo com a empresa na Europa.
O desafio da inovação responsável
Inovar é necessário, mas deve vir acompanhado de responsabilidade. O desenvolvimento de avatares fotorrealistas pode parecer fascinante, mas não deve ignorar as implicações éticas envolvidas na criação de cópias digitais de seres humanos.
A volatilidade das apostas tecnológicas da Meta
Mesmo com todo o poder financeiro e tecnológico à sua disposição, a Meta tem enfrentado dificuldades em fazer o metaverso se tornar popular entre os usuários. Isso mostra que nem sempre grandes investimentos garantem sucesso imediato, e que a aceitação do público é fundamental.
Em suma, a Meta está escaneando pessoas para evoluir o metaverso, numa iniciativa ousada que mistura tecnologia de ponta com desafios éticos e legais. O Projeto Warhol, por meio de avatares Codec, busca levar as interações digitais a um nível inédito de realismo.
Porém, ele também levanta importantes questões sobre privacidade, consentimento e uso de dados pessoais. O histórico recente da empresa mostra que sua jornada no metaverso tem sido repleta de altos e baixos, e que o caminho para uma ampla adoção ainda é longo e complexo.
Sendo assim, acompanhe de perto as transformações digitais da Meta, incluindo o Projeto Warhol. Fique por dentro do metaverso, IA e futuro da tecnologia, com foco nas estratégias da empresa!