Modernidade líquida: veja como a ideia de Bauman afeta a Gen Z

A “modernidade líquida” é um conceito criado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman que se tornou essencial para entender o mundo atual. Segundo ele, essa ideia está conectada com as relações sociais, profissionais e afetivas nos tempos atuais. Nesse sentido, tal conceito afeta de forma significativa as pessoas que pertencem à Geração Z, também conhecida como Gen Z ou zoomers.

Então, neste texto, entenderemos no que consiste o conceito de modernidade líquida, bem como quem faz parte da Gen Z. Juntamente com isso, iremos explicar quem foi Zygmunt Bauman e também listar outros aspectos da sociedade que a ideia afeta.

Como a modernidade líquida afeta a Gen Z

Para os zoomers, nascidos em um mundo já digitalizado e acelerado, a modernidade líquida é uma realidade cotidiana. Sendo assim, esta geração, que cresceu com a internet e com as redes sociais, vive diariamente em um mundo que nunca permanece igual.

Dessa forma, no conceito de Zygmunt Bauman, a modernidade líquida refere-se a uma época de mudanças tão rápidas que as estruturas sociais e as relações pessoais se tornam “líquidas”. Ou seja, elas são frágeis e transitórias.

Isso se reflete em como a Geração Z vê o trabalho, os relacionamentos e até mesmo a própria identidade. Em outras palavras, em um mundo líquido, é difícil se prender a uma só carreira ou emprego.

Muitos jovens da Gen Z têm várias ocupações e buscam carreiras flexíveis. Paralelamente, a incerteza de um mundo em constante mudança também afeta as relações pessoais, levando diversos a preferirem relacionamentos menos comprometidos, o que reflete a “liquidez” descrita por Bauman.

Por fim, essa realidade impacta até mesmo a saúde mental. Em vista disso, a pressão por adaptação constante e também o temor de ser deixado para trás causam ansiedade e estresse. 

Logo, os zoomers buscam um equilíbrio entre estabilidade e flexibilidade, algo que Bauman identificou como um dilema moderno. A modernidade líquida para a Geração Z é um conceito que inclui tanto vantagens quanto desvantagens: ao mesmo tempo que oferece liberdade, gera insegurança.

Mas afinal, quem faz parte da Geração Z?

A Geração Z inclui pessoas que nasceram entre o final da década de 1990 e o início dos anos 2010. Eles são os primeiros “nativos digitais”, tendo crescido em um mundo onde a tecnologia já era parte da vida cotidiana. Desse modo, diferente das gerações anteriores, que testemunharam o surgimento da internet e das redes sociais, os zoomers já nasceram em um ambiente digital.

Essa familiaridade com a tecnologia fez deles uma geração altamente conectada e informada. No entanto, também fez com que fosse mais exposta a questões tanto de privacidade quanto de segurança digital.

Os membros da Gen Z consomem conteúdo de forma rápida e preferem plataformas visuais e interativas, como por exemplo o Instagram, o TikTok e o Youtube, em vez de textos longos ou veículos tradicionais. Paralelamente, a Geração Z é conhecida por sua postura ativa em questões sociais, como a defesa de causas ambientais, de direitos humanos e da diversidade.

Por último, esse contexto digital também molda a forma como os zoomers lidam com o mercado de trabalho e com a educação. Nesse sentido, são jovens que buscam aprendizado contínuo, muitas vezes fora dos formatos tradicionais de ensino. Além disso, eles procuram por empregos que ofereçam flexibilidade, propósito e alinhamento com valores pessoais.

Portanto, de certa forma, a modernidade líquida representa a única realidade que essa geração conhece, pois eles nunca experimentaram um mundo sem mudanças constantes e tecnologias disruptivas.

A Geração Z é a primeira que não conhece a vida rotineira sem a presença da tecnologia, o que afeta diversas de suas posturas.
A Geração Z é a primeira que não conhece a vida rotineira sem a presença da tecnologia, o que afeta diversas de suas posturas. | Foto: DALL-E 3

Quem foi Zygmunt Bauman?

Zygmunt Bauman (1925-2017) foi um sociólogo polonês e uma das vozes mais influentes do século XX sobre temas sociais. Ele viveu uma época de intensas transformações e crises, o que influenciou suas reflexões sobre a sociedade moderna.

Sendo assim, Bauman cunhou o termo “modernidade líquida” para explicar o mundo contemporâneo, caracterizado pela falta de solidez nas instituições e valores. Dessa maneira, em contraste com a “modernidade sólida” – período em que as normas e estruturas sociais eram relativamente estáveis -, a modernidade líquida descreve um cenário de fluidez, incerteza e mudança constante.

Conforme dito por Bauman, essa nova fase se reflete em praticamente todas as esferas da vida: as relações, o consumo, os valores e até mesmo o próprio sentido de identidade são dinâmicos e transitórios.

Em seus estudos, Bauman abordou a “individualização” como um elemento chave da modernidade líquida. Hoje, as pessoas são obrigadas a criar suas próprias identidades e redes de apoio, adaptando-se constantemente para manter uma posição em um mundo em constante transformação. Para ele, a liberdade trazida por essa autonomia é acompanhada por uma solidão e insegurança latentes.

Então, seu trabalho, especialmente sobre a liquidez da modernidade, permanece relevante para entender como indivíduos, incluindo a Geração Z, navegam e buscam sentido em uma realidade que muda a todo momento.

Outros aspectos que o conceito do estudioso afeta

A modernidade líquida descrita por Bauman impacta a sociedade em múltiplos aspectos, como nas relações interpessoais, no consumo e na saúde mental. Desse modo, as relações, que antes eram frequentemente baseadas em compromissos duradouros, tornaram-se mais frágeis e efêmeras.

Nesse sentido, a popularização das redes sociais trouxe novas formas de se conectar, onde laços são frequentemente formados e desfeitos de maneira rápida. Em tal contexto dinâmico, as amizades e os relacionamentos “virtuais” são comuns, e a proximidade física é substituída por interesses e interações digitais.

No consumo, a modernidade líquida promove um comportamento flexível, onde a sociedade valoriza marcas que defendem causas alinhadas aos valores individuais. Apesar disso, também prioriza o desapego, preferindo serviços de compartilhamento e aluguel a produtos de posse.

Finalmente, a educação e o mercado de trabalho também refletem essa fluidez. A estabilidade dos empregos tradicionais cede espaço para contratos temporários, projetos curtos e a busca por habilidades práticas.

Em suma, o conceito de modernidade líquida proposto por Bauman é essencial para entender como a Gen Z, e também a sociedade em geral, lidam com as mudanças sociais da atualidade.

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