Veja moedas digitais criadas a partir da coleta de resíduos

Você sabia que é possível transformar resíduos em moedas digitais? Essa é a proposta de algumas startups que usam tecnologias como inteligência artificial e blockchain para fazer a gestão sustentável de resíduos e recompensar os agentes envolvidos com criptoativos ou moedas digitais que podem ser vendidos no mercado de carbono. Neste artigo, você vai conhecer algumas dessas startups e como elas funcionam. Além disso, você vai entender o que são os tokens de carbono, como eles são gerados, como eles podem ser usados e quais são as vantagens e desafios dessa nova forma de investir e compensar as emissões de gases de efeito estufa (GEE).

O que são moedas digitais criadas a partir da coleta de resíduos?

As moedas digitais criadas a partir da coleta de resíduos são chamadas de tokens de carbono. Elas representam a redução de emissões de GEE provenientes do descarte sustentável de resíduos. Nesse sentido, cada token de carbono equivale a uma tonelada de CO2 equivalente (tCO2e) evitada. Os tokens de carbono são comercializados no mercado de carbono, que é um mecanismo que incentiva a redução de emissões de GEE por meio de um sistema de oferta e demanda. Os compradores dos tokens de carbono são empresas, governos ou indivíduos que querem compensar suas emissões de GEE ou investir em projetos ambientais. Os vendedores dos tokens de carbono são os clientes das startups que fazem a gestão de resíduos, que recebem os tokens como recompensa pela sua atitude sustentável.

Os tokens de carbono são representações digitais de créditos de carbono na blockchain. Os créditos de carbono são títulos que equivalem a uma tonelada de CO2 que deixou de ser emitida para a atmosfera, por meio de projetos de redução ou compensação de GEE. A blockchain é uma tecnologia que permite criar e validar registros de transações de forma descentralizada, segura e transparente. Um token de carbono pode ser utilizado pelo seu proprietário para compensar as suas emissões de GEE ou ser transferido para outro titular, facilitando as transações no mercado voluntário de carbono.

Quais são as startups que criam moedas digitais a partir da coleta de resíduos?

Existem diversas startups que usam tecnologias para transformar resíduos em moedas digitais, tanto no Brasil quanto no mundo. Algumas delas são:

Recicla.se:

Fundada em 2019 em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, a Recicla.se criou uma solução abrangente para a gestão de resíduos e o descarte ambiental, usando inteligência artificial e blockchain. A startup certifica as empresas que fazem a coleta seletiva de resíduos e as recompensa com tokens de carbono, que funcionam como criptoativos ou moedas digitais. A Recicla.se usa inteligência artificial para planejar, intermediar, rastrear e certificar o processo de descarte sustentável de resíduos para empresas. A startup utiliza um software de gestão ambiental que emite e controla os documentos de maneira automática, como os Manifestos de Transporte de Resíduos (MTR) e os Certificados de Destinação Final (CDF).

Além disso, a Recicla.se usa câmeras e sensores para analisar os tipos e quantidades de resíduos que passam pelas esteiras transportadoras nas usinas de reciclagem, gerando dados e relatórios de impacto positivo. A inteligência artificial também ajuda a Recicla.se a integrar seus sistemas com os principais órgãos ambientais e sistemas ERP, de maneira simples e confiável.

Por fim, a Recicla.se usa blockchain para transformar o impacto positivo da gestão de resíduos em tokens de carbono, criando um ciclo virtuoso de sustentabilidade, que beneficia tanto o meio ambiente quanto os seus clientes.

GreenPlat:

Fundada em 2017 em São Paulo, a GreenPlat desenvolveu um software chamado Plataforma Verde. Ela permite aos clientes fazer o controle e o rastreio de resíduos em toda a cadeia produtiva, da produção ao descarte, de forma sustentável. A startup usa blockchain para garantir a segurança, a transparência e a rastreabilidade das informações sobre os resíduos, desde a sua origem até o seu destino final. A GreenPlat também usa inteligência artificial para analisar os dados e gerar relatórios de desempenho ambiental, que podem melhorar os índices ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança) das empresas e dos governos. A GreenPlat também lançou um projeto chamado Semilla, que coleta vidros de perfumes pós-consumo e os destina para a reciclagem, gerando tokens de carbono que servem para comprar novos produtos ou doar para causas sociais.

MOSS:

Fundada em 2020 em São Paulo, a MOSS é uma plataforma de tokenização de créditos de carbono. Aliás, ela conecta os desenvolvedores de projetos ambientais com os compradores de tokens de carbono. A startup usa blockchain para emitir e controlar os tokens de carbono, baseados em créditos de carbono certificados por padrões internacionais. Assim como o Verra e o Gold Standard. A MOSS permite que os usuários comprem e vendam tokens de carbono de forma fácil, rápida e segura. Isso acontece por meio de um aplicativo ou de uma carteira digital. Além disso, a startup também oferece serviços de consultoria e educação ambiental para os seus clientes. Além de apoiar projetos sociais e ambientais no Brasil e no mundo.

Essas são algumas das startups que estão mudando a gestão de resíduos no Brasil, usando tecnologia para transformar resíduos em moedas digitais ou em novos produtos.

Como usar as moedas digitais criadas a partir da coleta de resíduos?

As moedas digitais criadas a partir da coleta de resíduos tem diferentes finalidades, dependendo do perfil e do objetivo do usuário. Algumas das possibilidades são:

  • Compensar as emissões de GEE: Os usuários que querem neutralizar as suas pegadas de carbono podem comprar tokens de carbono equivalentes às suas emissões de GEE. Por meio das plataformas das startups ou de outras fontes. Assim, eles contribuem para a redução do aquecimento global e para o cumprimento das metas do Acordo de Paris.
  • Investir em projetos ambientais: Os usuários que querem investir em projetos ambientais podem comprar tokens de carbono de projetos que geram impacto positivo no meio ambiente e na sociedade. Assim como a restauração e a preservação de florestas, a geração de energia renovável, a recuperação de áreas degradadas, entre outros. Assim, eles apoiam o desenvolvimento sustentável e podem obter retorno financeiro com a valorização dos tokens de carbono.
  • Vender tokens de carbono: Os usuários que recebem tokens de carbono como recompensa pela gestão de resíduos podem vender os seus tokens de carbono no mercado de carbono, por meio das plataformas das startups ou de outras fontes. Assim, eles geram receita com a sua atitude sustentável e podem reinvestir em novos projetos ou produtos.
  • Doar tokens de carbono: Os usuários que querem doar tokens de carbono para causas sociais ou ambientais podem transferir os seus tokens de carbono para organizações ou indivíduos que precisam.
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Imagem: DALL-E 3.

Quais são as vantagens e desafios das moedas digitais criadas a partir da coleta de resíduos?

As moedas digitais criadas a partir da coleta de resíduos têm diversas vantagens e desafios, tanto para os agentes envolvidos quanto para o meio ambiente e a sociedade. Algumas das vantagens são:

  • Contribuir para a redução do aquecimento global e para o cumprimento das metas do Acordo de Paris. O acordo visa limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
  • Incentivar a gestão sustentável de resíduos, que visa reduzir, reutilizar e reciclar os materiais descartados como lixo, minimizando os impactos ambientais e sociais.
  • Gerar receita e economizar custos para os agentes que fazem a coleta, o transporte, o tratamento e o descarte de resíduos. Por meio da venda ou da utilização dos tokens de carbono.
  • Apoiar o desenvolvimento de projetos ambientais e sociais, que geram impacto positivo no meio ambiente e na sociedade. Assim como a restauração e a preservação de florestas, a geração de energia renovável, a recuperação de áreas degradadas, entre outros.
  • Promover a educação e a conscientização ambiental, por meio da divulgação e da transparência das informações sobre as emissões de GEE e as ações de redução ou compensação.

Desafios

  • Garantir a integridade e a qualidade dos créditos de carbono e dos tokens de carbono. Assim, evitando o uso ou a emissão dupla, a fraude ou a falta de lastro.
  • Padronizar e regulamentar os critérios e as metodologias de certificação, verificação e validação dos créditos de carbono e dos tokens de carbono. Isto é, de forma a evitar a inconsistência ou a incompatibilidade entre diferentes plataformas e iniciativas.
  • Aumentar a demanda e a oferta de tokens de carbono, de forma a equilibrar o mercado de carbono e a valorizar os ativos.
  • Educar e conscientizar os potenciais compradores e vendedores de tokens de carbono. Isto é, de forma a promover o engajamento e a confiança no mercado de carbono, bem como evitar o risco de desincentivo à sustentabilidade.

Essas são algumas das vantagens e desafios das moedas digitais criadas a partir da coleta de resíduos. Aliás, elas são uma nova forma de investir e compensar as emissões de GEE em tempos de mudança climática.

Em última análise…

Sobretudo, as moedas digitais criadas a partir da coleta de resíduos são uma tendência e uma oportunidade para o futuro da gestão de resíduos. Elas representam a redução de emissões de GEE provenientes do descarte sustentável de resíduos. Aliás, elas servem para vendas ou para compensar as emissões de GEE ou investir em projetos ambientais. As startups que usam tecnologias como inteligência artificial e blockchain para fazer a gestão de resíduos e gerar tokens de carbono estão inovando. E, dessa forma, criando valor para o meio ambiente e para a sociedade. No entanto, existem também desafios e riscos. Assim como a garantia da qualidade, a padronização, a regulamentação, a demanda, a oferta e a educação dos agentes envolvidos.

Por isso, é importante que haja uma colaboração e uma transparência entre os diferentes atores do ecossistema. Assim como as startups, as empresas, os governos, as organizações, os indivíduos e os órgãos ambientais. Para que, assim, essas moedas digitais possam contribuir para o desenvolvimento sustentável e para a mitigação da mudança climática.

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