Internet: estudo aponta que a net não é inimiga da saúde mental

Quem nunca ouviu que usar internet em excesso faz mal para a saúde mental? Nem tanto no consumo de sites, mas principalmente quando se tratava de jogos online. Porém, isso não é 100% verdade. Recentemente, um estudo de 20 anos da Oxford acabou contrariando esse “senso comum”.

O estudo analisou mais de 200 milhões de pessoas de 186 países diferentes e com a conclusão da pesquisa, não há evidências de que o uso da internet impacta diretamente a saúde mental, afinal, não houveram mudanças significativas no comportamento das pessoas.

Em contrapartida, o uso de redes sociais não está incluso nesse pacote da “internet”. Isso por que, a partir de 2010, quando as redes ganharam muito força, os pesquisadores não puderam analisar muita coisa, já que as empresas não colaboraram oferecendo dados.

Neste artigo, iremos explorar o estudo de Oxford para entender questões inerentes ao impacto da internet na nossa saúde mental. Será que no final das contas, a net é a pior inimiga da nossa sanidade? Enfim, vamos seguir para entender melhor.

Internet

A internet é uma ferramenta poderosa que pode trazer benefícios e desafios para a nossa saúde mental. Algumas pessoas usam a internet para se conectar com outras pessoas, se informar, se divertir e se expressar. Outras pessoas podem sentir que a internet está prejudicando sua autoestima, seu sono, seu humor e sua produtividade.

A relação entre internet e saúde mental é complexa e depende de vários fatores, como o tipo de uso que fazemos da internet, o tempo que dedicamos, as pessoas com quem interagimos e as nossas expectativas. Não há uma resposta definitiva sobre se a internet é boa ou ruim para a nossa saúde mental, mas há algumas evidências científicas que podem nos ajudar a entender melhor esse assunto.

O estudo de Oxford sobre a net e saúde mental

Um estudo de longa duração conduzido pelo Oxford Internet Institute (OII) concluiu que o uso da internet não tem um impacto significativo na saúde mental das pessoas em todo o mundo. O estudo, chamado Global Wellbeing and Mental Health in the Internet Age, analisou dados de mais de dois milhões de pessoas de 168 países, entre 15 e 89 anos, de 2005 a 2022. Os pesquisadores compararam os relatos e experiências pessoais dos usuários da internet sobre seus sentimentos e bem-estar antes e depois da globalização da rede. Eles não encontraram nenhuma evidência ou ligação entre a internet e danos psicológicos, nem mesmo entre o uso excessivo das redes sociais e a insatisfação com a vida.

No entanto, os pesquisadores também alertam que as conclusões do estudo não são definitivas, pois há muitas limitações e implicações impostas pelas empresas de tecnologia, que dificultam o acesso aos dados das plataformas de redes sociais. Eles defendem que é preciso mais transparência e colaboração dessas empresas para entender melhor a relação entre as redes sociais e a saúde mental, especialmente dos adolescentes, que podem ser mais vulneráveis aos efeitos negativos da exposição e comparação social.

Portanto, o estudo de Oxford mostra que a internet não é a grande vilã da saúde mental, mas também não é a solução para todos os problemas. O uso da internet deve ser consciente e equilibrado, respeitando as necessidades e limites de cada pessoa.

FOM e o vício em redes sociais

As redes sociais podem trazer benefícios para a saúde mental, como oportunidades de socialização, informação, entretenimento e expressão. No entanto, elas também trazem alguns riscos. Como, por exemplo, o vício em redes sociais, que é uma condição caracterizada pela necessidade de checar a todo momento as redes sociais, mesmo quando isso interfere na vida pessoal, profissional e social da pessoa.

O vício em redes sociais é um tipo de vício comportamental, que é uma dependência de uma atividade que gera prazer, mas que também causa prejuízos para a saúde física, mental e emocional da pessoa.

Um dos casos que ilustra a gravidade do vício em redes sociais é o processo movido por centenas de famílias dos Estados Unidos contra algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo, como o TikTok, o Google, o Snap (dona do Snapchat) e a Meta (proprietária de Facebook e Instagram). Eles acusam essas empresas de expor conscientemente crianças e adolescentes a conteúdos e produtos prejudiciais à saúde mental, como imagens de automutilação, suicídio e depressão. 

Um dos casos que motivou a ação foi o da adolescente britânica Molly Russell, de 14 anos. A jovem tirou a própria vida após ser exposta a grandes quantidades de material negativo no Instagram. As empresas negam as alegações e afirmam que estão trabalhando para fornecer experiências online seguras e de apoio aos jovens. Na semana passada, as famílias receberam um impulso quando uma juíza federal decidiu que as empresas não poderiam usar a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que protege a liberdade de expressão, para bloquear a ação judicial. Portanto, esse é um assunto que ainda está em andamento e que pode ter consequências importantes para o futuro da internet e da saúde mental.

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Descubra os benefícios da internet para a saúde mental. Imagem: DALL-E 3.

Os benefícios da internet para a saúde mental

A internet pode trazer benefícios para a saúde mental das pessoas, dependendo de como é utilizada. Alguns dos benefícios são:

  • A internet oferece oportunidades de socialização, comunicação, informação, entretenimento e expressão, especialmente para pessoas que enfrentam desafios de saúde mental, como depressão, ansiedade ou fobia social.
  • A internet pode abrir oportunidades de trabalho remoto e educação à distância, que oferecem flexibilidade e um ambiente confortável para quem enfrenta dificuldades de saúde mental.
  • A internet pode desenvolver o senso de comunidade, pois permite encontrar pessoas que compartilham dos mesmos problemas, interesses e valores, e que podem oferecer apoio emocional e compreensão.
  • A internet pode ser um lugar para desabafar, pois o distanciamento proporcionado pela rede torna o diálogo mais fácil e impede o isolamento social.

Os riscos da internet para a saúde mental

A internet também pode ter efeitos negativos na saúde mental, se usada de forma excessiva ou inadequada. Alguns dos riscos são:

  • A internet pode gerar problemas como ansiedade, depressão, baixa autoestima, isolamento, cyberbullying e vício, principalmente nas redes sociais, que podem expor as pessoas a conteúdos e produtos prejudiciais, como imagens de automutilação, suicídio e depressão.
  • A internet pode prejudicar o sono, o humor, o comportamento alimentar e os relacionamentos, pois pode reduzir o tempo dedicado às atividades offline, como exercícios físicos, hobbies, lazer e interações presenciais.
  • A internet pode afetar a capacidade de atenção, concentração, memória e aprendizagem, pois pode sobrecarregar o cérebro com informações e distrações, dificultando o foco e o raciocínio.

Como usar a internet de forma saudável e equilibrada

Para evitar os riscos e aproveitar os benefícios da internet para a saúde mental, é importante ter consciência do seu uso. Isto é, buscar um equilíbrio entre as atividades online e offline. Algumas dicas que podem te ajudar são:

  • Estabeleça horários e limites para o uso da internet e das redes sociais. Você pode usar aplicativos ou ferramentas que monitoram o seu tempo de uso e te avisam quando você atingir um limite que você mesmo determina.
  • Desligue as notificações e o som do celular quando estiver realizando atividades que exigem foco e atenção, como estudar, trabalhar ou dirigir.
  • Prefira encontros presenciais com amigos e familiares. As redes sociais podem ser uma forma de manter contato com as pessoas, mas não substituem as interações face a face. Afinal, elas são mais ricas e satisfatórias.
  • Pratique atividades físicas, hobbies, lazer e meditação. Essas atividades podem melhorar o seu humor, a sua saúde, a sua autoestima e o seu bem-estar. Além disso, elas podem te ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade causados pelo uso excessivo da tecnologia.
  • Busque ajuda profissional ou converse com alguém de confiança se você sentir que a tecnologia está afetando negativamente sua saúde mental. Você não está sozinho nessa situação. Há pessoas que podem te apoiar e te orientar.

Internet no mundo

Pelo menos 65,7% da população mundial acessa a internet, isso corresponde a 5,3 bilhões de pessoas. Nesse contexto, 61,4% usa pelo menos uma rede social todos os dias.

O Brasil é, surpreendentemente, um dos países mais conectados do mundo. Aliás, em 2023, o país bateu um recorde de conexões, com 84% da população total tendo acesso à internet.

Em última análise…

Em conclusão, a internet não é a grande inimiga da saúde mental, mas também não é a solução para todos os problemas. Isto é, a internet pode trazer benefícios e riscos para a saúde mental, dependendo de como é utilizada. Um estudo de longa duração conduzido pela Oxford mostrou que o uso da internet não tem um impacto significativo na saúde mental das pessoas. No entanto, o estudo alerta para as limitações e implicações impostas pelas empresas de tecnologia. Já que elas dificultam o acesso aos dados das redes sociais.

Portanto, é importante ter consciência do próprio uso da internet e buscar um equilíbrio entre as atividades online e offline. Se você sentir que a internet está afetando negativamente sua saúde mental, procure ajuda profissional ou converse com alguém de confiança. E você, o que acha da relação entre internet e saúde mental? Deixe o seu comentário e compartilhe a sua opinião.

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