A tokenização de ativos financeiros é um conceito inovador que vem ganhando espaço no mercado global. Sendo assim, no Brasil, a Bolsa de Valores (B3) deu um grande passo em tal sentido ao anunciar que os bens dentro dela virariam tokens.
Então, neste texto, vamos entender como funciona esse novo modelo da bolsa de valores, bem como o que esse movimento representa. Além disso, discutiremos se o processo atende às regulamentações e também se ele pode virar uma tendência em todo o mundo.
Veja como funciona a tokenização da bolsa de valores
A B3 firmou uma parceria com a Uinvex com o intuito de introduzir a tokenização de ativos financeiros no Brasil. Nesse sentido, em uma cerimônia realizada na sede da bolsa, houve o anúncio da primeira operação de tokenização.
Essa atividade envolveu a Saveon Energia, uma empresa especializada em energia solar. A Uinvex foi responsável por captar os recursos necessários por meio de sua plataforma e, em seguida, utilizou a tecnologia da B3 para tokenizar os contratos de investimento.
Ao realizar a tokenização desses contratos, os mesmos foram convertidos em tokens digitais, registrados em blockchain. Isso garante que todas as transações sejam seguras, rastreáveis e transparentes.
Desse modo, a liquidação financeira foi feita via PIX, o que tornou as transações mais rápidas e eficientes. Juntamente com isso, a tokenização trouxe maior liquidez no mercado, permitindo que os investidores comprassem e vendessem os tokens com mais facilidade.
O que esse movimento representa?
O movimento de tokenizar ativos financeiros representa um avanço significativo para o mercado brasileiro. De acordo com Flávia Mouta, diretora de Emissores da B3, a tokenização tem como objetivo reforçar o compromisso com o crescimento das pequenas e médias empresas (PMEs).
Esses negócios representam 52% dos empregos e 30% do PIB no Brasil. Ou seja, tais empresas são fundamentais para o desenvolvimento econômico, e a tokenização oferece uma forma mais eficiente de obter capital.
Paralelamente, a tokenização também ajuda a democratizar o acesso ao mercado de capitais, o que permite que mais empresas, incluindo startups e as PMEs, possam acessar recursos de maneira mais transparente e com governança. Sendo assim, para os investidores, essa inovação representa uma oportunidade de participar de um setor que se torna mais acessível e também mais seguro.
Em adição, outro ponto importante é a contribuição da tokenização para a área de crowdfunding. Tal tecnologia é algo que proporciona mais flexibilidade para transações subsequentes, permitindo que os investidores negociem seus tokens de modo mais simples e rápido. Isso ajuda a aumentar a liquidez do campo e atrai mais investidores, o que favorece o crescimento das empresas que buscam captar recursos.
Dessa forma, Ivano Westin, cofundador da Uinvex, destaca que a tokenização é um processo que vai facilitar o acesso a investimentos de qualidade nas mais diferentes partes do território brasileiro.
Portanto, a plataforma oferece aos negócios a oportunidade de alcançar investidores que, de outra maneira, teriam dificuldade de participar do setor de capitais, especialmente as empresas que estão fora dos centros financeiros tradicionais.
O processo atende às regulamentações?
Sim, o processo de tokenização que a B3 e a Uinvex realizaram está em conformidade com as regulamentações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), garantindo a segurança jurídica e a transparência necessárias para que investidores e empresas possam participar de modo seguro e eficiente.
Nesse sentido, a revolução CVM 88, atualizada em 2022, permitiu que plataformas de crowdfunding atuem como intermediadoras na compra e venda de títulos de empresas que realizam ofertas em sua base, criando um ambiente regulamentado para transações subsequentes. Este avanço foi essencial para permitir a tokenização de ativos no Brasil.
A B3, responsável pela infraestrutura técnica da tokenização, oferece a tecnologia necessária para registrar e negociar ativos no mercado secundário. Por sua vez, a plataforma Univex continua com a gestão de operações de captação de recursos.
Tal contexto faz com que ela mantenha seu papel como intermediadora entre os negócios que emitem os bens e os investidores. Por fim, a Uinvex também assegura o relacionamento contínuo com as empresas e investidores, promovendo a governança e a transparência no processo de tokenização.
Outro ponto fundamental é o uso da tecnologia blockchain, que proporciona segurança adicional ao processo. Esse recurso oferece um registro imutável de todas as transações que ocorrem.
Isso cria uma trilha auditável que garante a rastreabilidade e a integridade dos ativos tokenizados. Em outras palavras, permite que todas as operações sejam verificadas de forma transparente, aumentando a confiança dos investidores e assegurando que as transações ocorram dentro das normas que a CVM estabelece.
A tokenização da bolsa de valores pode virar uma tendência mundial?
A tokenização de ativos financeiros é uma realidade que está se consolidando como uma tendência em todo o mundo. Muitos mercados internacionais estão explorando essa tecnologia com o intuito de modernizar seus sistemas financeiros.
Ou seja, a B3, ao adotar a tokenização, coloca o Brasil na vanguarda dessa transformação. Dessa maneira, o uso de tokens digitais oferece diversos benefícios, como maior transparência, agilidade nas transações e redução de custos operacionais, o que a torna uma opção atraente para investidores e empresas.
Em países como os Estados Unidos e os membros da União Europeia, a tokenização já está sendo explorada e regulamentada. Isso é algo que sinaliza um movimento crescente nessa direção. Assim, a capacidade de realizar transações rápidas e seguras, com menor burocracia, pode tornar os mercados financeiros mais eficientes e acessíveis.
Quem lidera essa transformação no Brasil é a B3. Tal movimento coloca o país como modelo para outras bolsas ao redor do mundo. Embora existam desafios regulatórios a serem enfrentados, como por exemplo a adaptação das leis locais, o potencial da tokenização para aumentar a liquidez e melhorar o acesso ao mercado de capitais é claro.
Em conclusão, com o tempo, é provável que a tokenização de ativos financeiros se torne uma prática comum para uma bolsa de valores. Isso vai acontecer não só no Brasil, mas também globalmente.
